We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Em duas destas quatro câmaras, nas últimas eleições autárquicas que ocorreram há menos de um ano, apesar de ter existido mudança de presidente, não houve mudança de cor política. Portimão era PS e ficou PS; Aveiro era PSD/CDS e ficou PSD/CDS. Noutra, Vila Nova de Poiares, tivemos durante anos o mesmo "dinossauro" a governar. Agora, todos os contribuintes de outras localidades que não estas são chamados a ajudar. Perante isto, os eleitores locais devem ou não sentir na pele o peso destas falências?
Este em primeiro. Seguro em segundo. À frente de Passos e Portas. A forma que o líder do PS encontrou para ir mantendo este governo à tona esteve bem presente, por exemplo, no seu discurso de vitória na noite eleitoral de domingo, ao fazer aquilo aparentar-se a um funeral. A verdade é que nas autárquicas, Seguro obteve o que mais queria: a garantia de que aguentará como líder até às próximas legislativas, ainda para mais sabendo que pelo meio apanha com umas europeias onde o PS ganhará e o PSD sofrerá outra hecatombe. Quem alimenta a esperança de que Costa avance para a liderança do PS, não faz outra coisa que não alimentar uma ilusão. E são os socráticos quem mais quer acreditar nessa ilusão: com Costa nas presidenciais e Seguro nas legislativas, Sócrates fica a ver navios e terá uns largos anos de travessia no deserto pela frente não se sabe muito bem a fazer o quê. Já Cavaco vai mandando recados de que a existir segundo resgate a culpa será de uma crise política, deixando claro que só por responsabilidade do PSD e do CDS, mais propriamente dos seus líderes, é que existirá novo resgate e que por ele este governo aguenta pelo menos até à definição do programa cautelar, diferente do segundo resgate sobretudo nos termos das condições que seremos forçados a nos sujeitar. Depois do programa cautelar negociado, assinado e em aplicação - e veremos o quanto o PS é envolvido nessa negociação - todos os intervenientes ganharão outra margem de manobra. Ainda assim, a minha aposta é a de que o Governo aguenta até ao final da legislatura, o que também significa que estou convicto de que a manchete do Público de sábado é tão certeira quando aquela do Expresso que nos garantia que o FMI já não vinha. O tempo em que deviam ter sido convocadas eleições antecipadas já passou. Dito isto, há mais de um ano que não falta gente a anunciar a todo o mês a queda do Governo sem que este caia. Também essa gente sofre do problema do Pedro e do lobo, já não dá para levá-los a sério.
O Centro de Emprego conhecido por PSD, sob a liderança de Passos Coelho, ontem, perdeu valor. Muitos "empregos" perdidos ou em risco de se perderem, com consequente perda de capacidade para arranjar colocação rápida para os novos candidatos à procura de "emprego". Deter São Bento ainda garante alguma capacidade de colocação - nota: atenção a possíveis nomeações num futuro próximo -, mas já se percebeu que será sol de pouca dura. Quem ainda tem "emprego", contudo, fará tudo por tudo para agarrar-se ao que tem - nota: serão poucos os actuais deputados do PSD que contam permanecer por lá depois de novas eleições -, por outro lado, como em tudo, quem tem curriculum e carreira para mostrar tem maior capacidade de escolha e de poder decidisório sobre o seu futuro. Rui Rio está desempregado. Para onde quererá Rio enviar curriculum á procura de emprego?
Os votos perdidos pelo PSD na sua hecatombe eleitoral correspondem, aproximadamente, ao número de votantes que deixaram de ir às urnas: um pouco acima do meio milhão de votantes.
Quase menos 250 mil votos que em 2009. Menos câmaras ganhas com maioria absoluta do que em 2009. Só não percebe quem não quer.
Adenda: o PS, muito provavelmente, após a última freguesia que falta apurar - Vila Praia de Âncora em Caminha -, conseguirá igualar o número de maiorias absolutas que terá este ano com as que teve em 2009. O que não deixa de continuar a ser elucidativo. Outra facto elucidativo: o número de mandatos ganhos pelo PS em 2009 foi de 921 em 2078; neste momento, faltando atribuir meros 5 mandatos, o PS leva 919 mandatos ganhos em 2081.
15. Não tive uma noite eleitoral perfeita. Basilio Horta ganhou Sintra numa eleição muito disputada. Mas para fim de festa dá o mote para o apuramento do vencedor final: o PS tem mais votos e mais câmaras. Ganhou. Sem discussão, ainda que tal vitória deva-se, sobretudo, a ter sido menos penalizado - que também o foi - do que o PSD. Mas, para que conste, não tão grande vitória quanto o grafismo do DN/JN a esta hora dá a entender (ali nos «outros partidos» estão as coligações do PSD e do CDS, mas a análise séria dos números fica para amanhã):
10. Se o PS contava fazer uma grande festa, equivocou-se. Não existindo alteração da tendência, entre outras coisas, ficará com menor percentagem e menos votos do que em 2009. Arrisca mesmo, no total, a obter menos votos do que os dois partidos do Governo somados.
11. Nulos e brancos dispararam para mais do dobro. Representarão, nestas eleições, mais de 6% dos eleitores votantes.
12. O CDS, além da ligação à vitória de Rui Moreira, ganha, pelo menos, em 5 autarquias e tem direito à sua mini-festa.
13. Mantenho que Seguro tem caminho aberto para Primeiro-Ministro, mas quem pensava fazer destas eleições uma antecâmara para o pedido de eleições antecipadas, estará muito desiludido.
14. Às dez da noite, na TVI, o acompanhamento dos resultados dos candidatos autárquicos foi substituido pela apresentação dos candidatos à Casa dos Segredos.
7. A CDU é, inegavelmente, uma das grandes vencedoras da noite. Entre outras coisas, tira Beja e Évora ao PS o que, por si só, é logo um extraordinário resultado.
8. O BE se quase não existia a nível autárquico, vira uma nulidade. Perde a única câmara que tinha para o PS e deverá ter menos votos do que em 2009.
9. Menezismo derrotado; Mesquitismo derrotado; e Jardinismo a dar o berro. Na Madeira, acabou o absolutismo de Jardim.
1. António Costa fica com caminho aberto para a Presidência da República e António José Seguro para Primeiro-Ministro.
2. A humilhação de Seara era esperada, a de Menezes não. E, se ainda fosse necessário, torna a confirmar que as sondagens, sendo um instrumento importante em política, podem estar longe de espelhar a realidade.
3. O PS ganha merecidamente Gaia, tinha por larga distância o melhor candidato. Diga-se, a propósito disso, que a escolha de candidatos por parte do PSD foi um autêntico desastre.
4. Em Oeiras, fico feliz pela derrota de Moita Flores, mas triste por ouvir o nome de Isaltino Morais entre os vencedores da noite.
5. Grande vitória de Rui Moreira no Porto. A vitória de um independente na segunda mais importante cidade do país é um dos factos mais relevantes da noite. Aliás, a força dos mais ou menos independentes, ainda não se sabendo, por exemplo, como ficará Sintra e Matosinhos, é um dos dados a destacar destas autárquicas e que deverá fazer pensar os partidos. O CDS fez bem a colagem a Moreira e nesta noite eleitoral muito dos sorrisos que se vêem em rostos centristas devem-se a isso.
6. Leitura nacional? Muito se falou do assunto nos últimos dias, eu próprio fiz aqui uns posts a mostrar a cautela que se deve ter nessa leitura, mas é inegável que, para usar uma expressão popular, parte do eleitorado terá pretendido mostrar um «cartão amarelo» ao Governo e, sobretudo, ao PSD.