We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Em duas destas quatro câmaras, nas últimas eleições autárquicas que ocorreram há menos de um ano, apesar de ter existido mudança de presidente, não houve mudança de cor política. Portimão era PS e ficou PS; Aveiro era PSD/CDS e ficou PSD/CDS. Noutra, Vila Nova de Poiares, tivemos durante anos o mesmo "dinossauro" a governar. Agora, todos os contribuintes de outras localidades que não estas são chamados a ajudar. Perante isto, os eleitores locais devem ou não sentir na pele o peso destas falências?
O acordo de Rui Moreira com o PS, no Porto, era de longe o melhor acordo possível. E, apesar de ter incomodado muitas pessoas, era certamente aquele que batia mais certo com o que havia sido a campanha eleitoral. Como este do comunista Bernardino Soares com o PSD, em Loures, também o será. A gestão de uma câmara municipal não impõe um perfil tão ideológico ao executivo camarário quanto um governo nacional obriga. E Bernardino não ignorará que pode tirar bom partido de um Fernando Costa que, apesar de dinossauro e passista, consta que terá sido um bom presidente nas Caldas da Rainha. Se avançar mesmo para tal coligação, o recém-eleito presidente de Loures, além de demonstrar coragem, pratica um acto de inteligência.
1. Um presidente da Câmara de Portimão que nada sabia das negociatas que faziam elementos da sua direcção e que desata-se a rir quando confrontado com a história do seu vice-presidente que, no decorrer de uma investigação, engoliu um papel potencialmente incriminador. Vice-presidente esse que prepara-se para ir de pulseira electrónica para a sua bela moradia de luxo construída com dinheiro vindo sabe-se lá de onde. A proliferação da construção desse tipo de moradias para habitação de políticos vários e de outra gente que ronda o poder - permitam-me dar um exemplo: veja-se o caso da Madeira -, de tão banal, até começou a passar desapercebida. Era bom que isso mudasse, pois basta prestar atenção aos sinais exteriores de riqueza para não faltar gente em Portugal que merece ser investigada. Enfim, bem sei que a lei do enriquecimento ilícito tinha esta gente em mente, mas permitam-me considerar que uma investigação séria e profunda de toda esta boa gente pode realizar-se sem necessitar dessa lei estúpida, como espero que o caso de Portimão o comprove (caso que parece ter tido origem numa denúncia anónima, meu Deus, as asneiras que ouvi dizer sobre denúncias anónimas a propósito de um caso recente que teve grande destaque mediático em Portugal).
2. E, no entanto, a maior parte destes políticos são populares? Porquê? Compra "indirecta" de votos. É o brasileirinho «rouba, mas faz». A habitação social, por exemplo, é um dos instrumentos usados para isso mesmo. Algo relacionado, tomo nota de uma história edificante em Vila Franca de Xira - julgo não errar na localidade, mas a minha memória pode estar a pregar-me uma partida -, onde os serviços da câmara parecem ter tido a lata de indicar uma senhora negra para um bairro social onde só habitam pescadores brancos. O bairro foi prometido aos pescadores. E os filhos dos pescadores, os netos e sabe-se lá mais quem? Porquê que não têm prioridade sobre a senhora negra? Interrogam-se os pescadores. Aquilo não é um bairro para habitação social, não, aquilo é o condomínio público-privado dos pescadores. E os pescadores são brancos. Digam não a senhoras negras no bairro "deles". "Deles", pago por nós. Até para fazer a apologia do racismo e da segregação social. Ainda se o problema estivesse só nos autarcas e não no povo, não é? O eleitorado, como se sabe, nunca tem culpa de nada.
3. Como não há duas sem três, segue-se para uma taxa turística em Aveiro. É um caso menor, comparado com os dois já mencionados, mas, ainda assim, interessante. A reportagem dava mais exemplos, mas fico-me pelo seguinte que é elucidativo: queres andar de barco moliceiro na ria de Aveiro? És bebé e pensavas que ias ter uma viagem de borla patrocinada pelo operador privado? Enganas-te que isto de teres acabado de nascer não te livra da enorme dívida que já carregas às costas. Paga um euro à Câmara Municipal de Aveiro, uma das mais endividadas do país, e não chores. Portugal é isto. Ao ponto de um dos sítios também referido na reportagem para aplicação desta ideia da taxa turística ter sido a inevitável cidade de Portimão, afinal, há uma bollywood local para pagar. Investimento que irá trazer milhões. Ou, pelo menos, assim foi vendido.
4. Tudo isto no noticiário de hoje à noite da SIC. Bem sabem que gosto de bater na nossa comunicação social, mas há dias em que também ela gosta de me recordar vivamente o motivo pelo qual devo estar muito grato pela sua existência.
Congresso da Associação de Municípios termina em ambiente de crispação entre PS e PSD. Na busca pelo consenso nacional, cheguei a um que deverá agradar a todos: é preciso fazer cortes na despesa desde que não me afectem a mim. Daqui para a frente, cada vez será mais assim: onde há cortes, há crispação. Porque o verdadeiro consenso que está instalado neste momento é o de que o Governo é fraco e não conseguirá domar qualquer grupo de interesses digno desse nome.
* mas note-se que a irracionalidade dá muito jeito ao autarca quando atira com o peso dos encargos que já foram realizados e que não terão qualquer utilidade para tentar ganhar o argumento pelo lado emocional junto de quem lhe presta atenção. Custo afundado, um conceito que, infelizmente, não cabe na cabecinha de muito decisor deste país.
Aquele que, convém lembrar, durante muitos anos foi o único pessimista deste país com acesso aos meios de comunicação social, tem razão sobre a necessidade do Governo atacar a sério as PPPs, as autarquias, as rendas do sector eléctrico, enfim, todo um conjunto de interesses instalados que têm passado quase incólumes face ao que está a suportar e vai continuar a suportar o grosso da população.
Outra reforma que fica por fazer. Tudo em nome dos interesses do CDS, não do país. Antes a manutenção de algum poder na gestão dos municípios do que a adopção de um modelo de governação autárquico mais eficaz do que o actual.
Por curiosidade, em Peniche, três juntas de freguesia têm a sua sede na mesma rua e número de porta. Fará realmente sentido serem três freguesias distintas? Não, não faz. Mas o assunto já está em fase de resolução: Peniche vai passar de três para apenas uma freguesia urbana. Uma alteração que peca por tardia. Quanto ao restante texto de Pedro Pita Barros, faço meu o lamento pela reforma aparentemente ir ficar aquém do que seria desejável e já que assim é espero ao menos que quem nos governa tenha especial atenção a isto: «com o aproximar das eleições, a pressão política local [...] para não se respeitarem os limites de endividamento impostos pelo programa de ajustamento, irá aumentar». Infelizmente, desde o início que o Governo, representado neste caso por Miguel Relvas, não me transmite confiança na forma como enfrenta o lóbi autárquico e contar com Seguro para fazer pressão sobre a forma de actuar do Governo é mentira, pois este está mais do que alinhado com o poder local socialista com vista a obter um bom resultado nas autárquicas, fundamental para a sua afirmação enquanto líder do partido.