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Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Mr. Brown

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Não conseguiram rejeitar a troika, mas rejeitaram os partidos da bancarrota

Eu tenho uma ideia sobre o porquê da Grécia ter voltado a votar Tsipras. Aquilo que vai ter de aplicar é radicalmente diferente do que prometeu na campanha que culminou na sua chegada a primeiro-ministro no ínicio deste ano, mas, afinal de contas, não foi ele que levou a Grécia para a situação de bancarrota em 2010. Bancarrota essa que ainda hoje faz sentir os seus efeitos. Tsipras errou? Sim. Muito? Certamente. Mas a bancarrota não foi sua responsabilidade, mas antes de partidos como o Pasok e a Nova Democracia. E os gregos, apesar de descontentes - notório na subida brutal da abstenção: o Syriza manteve a percentagem de Janeiro, mas teve muito menos votos -, reconhecem isso. É a minha opinião. E é também isso, aparentemente, que pode estar a valer à coligação no embate com o PS. É que nós por cá já nem temos troika, mas temos certamente um partido da bancarrota.

Costa e os ministros de Sócrates

Os ministro de Sócrates são sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha (que nos levou à bancarrota): Antonio Costa teve esta segunda feira em Vila Real o apoio de dois antigos ministros de José Sócrates, Pedro Silva Pereira e Augusto Santos Silva, mas só este último participou como “convidado especial” no comício da noite e fez jus à sua fama de quem gosta de “malhar na direita”.

E o rating começou a subir

A gestão da bancarrota podia ter corrido melhor? Podia. Muito melhor. Mas também podia ter corrido muito pior, como o caso grego ajuda a comprovar. Entretanto, este governo consegue mais uma notícia relativamente boa à beira das eleições: “Portugal’s economic recovery and budgetary consolidation continue in line with our expectations, putting net government debt to gross domestic product on a declining path after 15 consecutive years of increases,” S&P said in a statement Friday. “We expect broad policy continuity, regardless of the outcome of Portugal’s upcoming general elections in October.” Aparentemente, longe vão os tentáculos do spin governamental, explica a malta da esquerda. Ou então, longe vai a tonteria dos que insistiram na desgraça total e agora querem negar a realidade (que não é a de um pais ainda bem, note-se, mas é certamente a de um país já em recuperação). Mas a S&P não diz nada que já não soubéssemos de ouvir Costa a falar aos chineses. Ainda que, felizmente, a agência diga o que pensa de forma transparente e com visibilidade na imprensa internacional, o que ajuda a melhorar a imagem do país lá fora, enquanto o nosso líder da oposição reserve a verdade para conversas à porta fechada.

A grande mentira

Passos Coelho é acusado frequentemente de ser mentiroso e a sua palavra não ter credibilidade. Há vários factos que suportam este tipo de discurso contra o actual primeiro-ministro e, portanto, nem vou tentar negar essa realidade. Meteu-se a jeito, agora leva por tabela. Posso recordar, contudo, que quem mais usa este discurso contra Passos (não é toda a gente, atenção) dava cobertura a José Sócrates, esse sim tragicamente e compulsivamente mentiroso, mas adiante, porque o ponto que pretendo marcar neste post é outro: a grande mentira da política portuguesa é aquela que passa pela explicação socialista para os eventos que resultaram na chamada da troika em 2011 e aquilo que se lhe seguiu. Essa grande mentira é suportada pela adulteração de três pilares base que explicam praticamente tudo o que de mau nos aconteceu: 1) a troika (entenda-se: a austeridade que se associa à troika) tornou-se inevitável por políticas irresponsáveis seguidas no passado e não por qualquer outro factor; 2) o PS assinou um memorando de entendimento onde comprometia-se com praticamente todas as medidas difíceis que se seguiram (sim, no memorando vinha lá escrito que se as medidas explicitadas no memorando não fossem suficientes para alcançar as metas desejadas, mais medidas seriam adoptadas) e essas medidas resultariam nos efeitos práticos negativos que se conhecem (não se corrigiam anos e anos de políticas erradas sem dor); 3) o Governo de Passos Coelho, não tendo em nenhum momento atingido as metas previstas no MoU (metas essas que, recorde-se, eram muito menos duras do que a aquelas com que os socialistas pretendiam comprometer o país no PEC 4), nunca foi além do acordado, tendo ficado sempre aquém. Na versão socialista, a grande e maior mentira política contada em Portugal por estes dias, a história é a de que 1) o país estava relativamente bem governado até 2011; 2) a oposição lixou-nos a vida com o chumbo do PEC IV; e 3) depois da assinatura do memorando e das eleições, quase tudo o que se lhe seguiu é responsabilidade do novo governo em funções, o tal que teve de gerir a bancarrota, porque foi muito além do plano maravilho que Sócrates ainda assim nos deixou e, nesse sentido, pouco ou nada é responsabilidade do governo anterior que deixou o país em falência não oficial. É como se a falência não oficial fosse um mero pormenor, coisinha insignificante. Enfim, quem nisto acredita, bem pode chamar aldrabão a Passos ou coisa algo pior, mas acaba por ser pior do que o aldrabão que critica, pois acredita e propaga uma aldrabice ainda maior. Diria mesmo a maior aldrabice política de todas as que foram contadas nos últimos cinco anos. Noto, portanto, com alguma graça, o caricato que é porem permanentemente em causa a seriedade de outro quando são tão pouco sérios na forma como abordam toda a situação por que passamos. Mas compreendo-os: como sem esta aldrabice é muito difícil justificar racionalmente o voto no PS, há quem forçosamente se veja obrigado a acreditar nela. O pior cego...

«um homem que tantos serviços prestou a Portugal»

E seria ainda muito pior se tivesse saído do papel. E não faltou muito para ter saído: «A crise é mais uma razão para o fazermos». Só faltou o dinheiro porque entretanto entramos em alta velocidade rumo à pré-bancarrota. Ou ao «século XXI», como explicava aqui, com simplismo, Leonel Moura no blogue Simplex. A campanha das eleições 2009 e tudo o que se lhe seguiu, o grau de delírio que afectava alguns governantes e a malta que defendia Sócrates com unhas e dentes, deverá constar como um dos pontos mais baixos da nossa vida política nacional pós-1974. Na melhor das hipóteses, foram tempos de loucura a que gostaria de nunca mais regressar. Na pior, foram tempos em que as vigarices falaram mais alto e alguns deixaram-se iludir pelo conto do vigário. Se bem que quando apanho gente a discutir que uma entrevista não é uma entrevista, temo sempre que o regresso a esses tempos possa estar logo ali ao virar da esquina.

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