We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
A propósito da medida de resolução do BES, muita gente tem alertado para o prejuízo em que deverá incorrer a CGD por ter de participar no fundo e como isso custa dinheiro aos contribuintes indirectamente. É muito grave, fazem saber com ar indignado. Já para com este tipo de negócio ruinoso - esqueçamos as possíveis implicações judiciais agora reveladas -, nunca lhes ouvi um pio. É comparar o racional de uma e de outra situação e perceber que se há coisa que não preocupa esta malta é o contribuinte ou a forma de manifestar a indignação teria outras prioridades. Aliás, recorde-se outra história já desta legislatura para perceber aquilo para que o banco público devia servir segundo algumas cabeças bem pensantes.
Há quem queira comparar à força o caso do "assalto" político ao BCP com o que se passa agora no BES. Por onde começar para explicar o porquê da comparação não fazer sentido? No caso do BCP, ficando pelo básico, usaram o banco público - a CGD - como braço financiador do "assalto" e conseguiram colocar como vice do banco o extraordinário Armando Vara, pessoa que antes de ter iniciado funções, na CGD por nomeação do poder governamental socialista, não tinha currículo que o recomendasse para a função. Enfim, nem Bento é Vara - basta comparar o currículo e o perfil de cada um -, nem a CGD está metida na história do BES. É verdade que a entrada de Mota Pinto nesta história deixa algo a desejar, mas esse foi escolha da família Espírito Santo, não imposição de fora, e vai para um cargo não executivo. Perante isto, alguns argumentam que o PSD não precisou da CGD porque terá sido Carlos Costa, actual governador do Banco de Portugal e escolha do socialista Teixeira dos Santos, a trabalhar pelo PSD. Costa será, portanto, assim como Vítor Bento - economista cujos cargos de relevo por onde passou em nada estão ligados a jogos partidários e que não é, nem nunca foi, militante do PSD -, outro agente do PSD, ou assim querem fazer crer. Nem quero imaginar o que diriam se Costa tivesse sido secretário de Estado, ministro e até candidato a primeiro-ministro pelo PSD numas eleições legislativas... ah, espera, isso tudo foi Constâncio pelo PS (uma pessoa que foi isso tudo tem condições de ser nomeada para um cargo que se quer independente do poder político? Se teve no passado, espero que daqui para a frente nunca mais venha a ter). Mas, tirando esta teoria da conspiração sobre Carlos Costa, o que sobra de parecido com o caso BCP? Uma intervenção do Estado num banco privado? Sim, mas pela via através da qual isso deve acontecer: o regulador independente. Regulador que noutros tempos foi acusado de inacção, perante resultados desastrosos em alguns bancos que são por demais conhecidos. Contudo, há efectivamente uma coisa que liga pessoas como Costa, Bento e Gaspar: não é a clubite pelo PSD, é o pensamento económico sobre o país que é em muito semelhante (e que pelo teor do mesmo tem irritado, naturalmente, a malta socialista). Para terminar, veja-se aqui o socialista e socrático Augusto Santos Silva a defender a CGD como braço regulador do Estado no mercado. Para quê a CGD se existe o BdP (que em breve verá os seus poderes de supervisão serem transferidos para instituição europeia no âmbito da união bancária)? Será porque a CGD é mais permissiva ao poder governamental? Será porque a CGD não goza do mesmo estatuto de independência do BdP? É olhar para o caso BCP e está dada a resposta.
Tenho pena. E pensar que alguns chamaram boy a Nogueira Leite. «Dizem que vou para a CGD, mas aquilo só dá 350 mil euros e o carro também não é grande coisa», dizia o Pinho da CGD. Achavam mesmo que Nogueira Leite, um tipo muitos furos acima do Pinho, tinha ido para a CGD para estar agarrado ao lugar? Foi bom enquanto durou, agora, olha, pirou-se. Como o banco é público e duvido que encontrem outro melhor do que ele, fica o país a perder.
Carlos Zorrinho, ex-secretário de Estado da energia do Governo de José Sócrates: «A política energética deste governo e um falhanço». Esta frase, vinda de alguém que devia tentar não dar nas vistas quando o assunto é política energética, está ao nível do anedótico. Mas Zorrinho, não contente, decidiu subir mais o nível: «vamos chamar ao Parlamento o ministro da economia, os promotores e ainda a CGD», isto a propósito do não financiamento da CGD ao projecto do Alqueva de José Roquete. Este poder de lóbi não é para todos. Enfim, para contentar Zorrinho, o melhor mesmo é entregarem a gestão da CGD a um tipo com cartão socialista. Mas fica o aviso: não financiam quem o PS quer que seja financiado e arriscam-se a ter de ir ao Parlamento prestar explicações. O poder político sempre foi usado para desbloquear certos financiamentos na CGD, com o episódio de hoje ganha-se na transparência. Não restam dúvidas que com o PS no poder o empresário Roquete, independentemente do risco do seu projecto, dificilmente perderia acesso a financiamento concedido pelo banco público. Não irrita ao PS que possa existir influência política nas decisões da CGD, irrita-lhes é que esta não seja no sentido que seria do seu agrado.