We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
O BE joga ao ataque e decreta o fim do governo de Passos e Portas. Aumentando as expectativas e preparando-se para enterrar Costa e o PS caso estas não sejam cumpridas. Catarina fala com a autoridade de quem já manda no PS e tem o partido de Costa na sua mão. PSD/CDS esperaram pelo fim da reunião para dar as primeiras migalhas a Costa. No PS, ensaia-se o discurso de que o PSD/CDS até já aceitam governar com o programa do PS, narrativa de recuo táctico que dará muito jeito para justificar a não formação do governo de esquerda. Afinal, é preciso referendar o governo de esquerda? Outro sinal de fuga em frente e desresponsabilização da lideranda de Costa. Isto tem tudo para acabar em beleza. Do meu ponto de vista, a posição de PSD/CDS para com este PS costista e a sua ideia de um governo dependente do BE e do PCP devia ser aquilo a que chamaria a posição Dirty Harry. Imaginem só: pelo que vem nas notícias, BE e PCP mais não aceitam do que pôr Costa a governar sozinho em minoria. Ou seja, teríamos a força menos votada nas eleições a governar, enquanto a força mais votada, inclusive o partido que ficará com o maior grupo parlamentar, ficaria na oposição. Para isto, Costa teria de ter e dar garantias explícitas a Cavaco Silva e ao povo português de que um governo destes aguentaria até ao final da legislatura e, verificando-se à posterior outra coisa que não esta, ele e o PS teriam de assumir total responsabilidade pela opção irresponsável que tomaram. Não me parece que estrategicamente, para a direita e tendo em conta os resultados eleitorais, fosse má opção levar Costa a ir a jogo desta forma. Entretanto, um pormenor delicioso sobre o que faz alguns à direita tremerem de medo: «Ou seja, confrontados com a possibilidade de chegar ao governo, muitos socialistas não quererão pôr de lado essa hipótese. “A clientela é muito grande”, aponta-se do lado da coligação onde ganha adeptos a teoria de que Costa pode não estar a fazer bluff». Ou como a clientela do PSD/CDS treme por saber que a clientela do PS pensa como eles.
Este teve papel importante no apoio a Costa e derrube do Seguro (não gosto dele, mas reconheça-se que foi dos primeiros de entre os apoiantes de Costa a perceber a deriva perigosa em que o partido entrou logo quando começou a fabricar a candidatura presidencial de Nóvoa). Aliás, aquilo no PS vai uma animação. Ou como a esquerda que ainda não recuperou do resultado eleitoral gosta agora de dizer, muito animada que anda com o sonho de uma coligação unitária de esquerda: mais um dia de desespero para a malta do PSD/CDS.
Hoje, imaginei Mário Centeno a debater os números do orçamento e a política económica do país, em contexto de tratado orçamental, com Jerónimo de Sousa. Ainda não parei de rir. A ideia de termos um governo em Portugal com um suporte mais radical do que o que suporta o actual Syriza parece-me que não pode passar disso mesmo, de uma brincadeira. Como, estou certo, se comprovará em breve.
... apesar de tudo, o cenário instável referido no post anterior seria mais fácil de resolver em caso de vitória minoritária do PS. Uma certa elite e a classe jornalística tinha tudo preparado e estudado: correr com o irresponsável Passos Coelho, elevar o responsável Rui Rio à liderança do PSD, que seria promovido pelos mesmos que promoveram António Costa para a liderança do PS, e estava encontrado o vice-primeiro ministro do governo de bloco central. Como as coisas não estão a correr como pensavam, ai de quem imaginar encontrar um qualquer Rio do PS para fazer a mesma coisa em sentido contrário. Isso é que já não se admite. Inconcebível, gritam os chico-espertos.
Portanto, sem maioria absoluta quer da PàF, quer do PS mais as forças à esquerda que aceitariam coligar-se a este ou, pelo menos, que o deixassem governar aprovando-lhe o orçamento, o que sobra? Do meu ponto de vista, com maior realismo, não conseguindo Cavaco Silva forçar um governo de maioria absoluta, nem existindo responsabilidade política suficiente das previsíveis duas grandes forças que sairão das eleições legislativas para formar-se uma grande coligação ao centro, sobra um governo instável que deverá ser liderado pela força que ganhar as eleições (previsívelmente, a avaliar pelas sondagens, a PàF). A seguir, teremos quem fica no poder a tentar forçar novas eleições tipo as de Cavaco «deixem-nos governar» Silva em 1987 e a oposição a tentar forçar novas eleições tipo as de José «o mundo mudou» Sócrates em 2011. Isto será brincar à política com o futuro de Portugal nas mãos, mas os nossos políticos lá sabem.
A coligação faz campanha com um programa eleitoral único e, segundo Paulo Portas - eu sei que a palavra do homem nem sempre vale muito -, radicalmente diferente do dos socialistas malandros que até querem coligar-se com o PCP. Mas no dia seguinte às eleições seria o CDS a coligar-se com o PS. Este cenário, que a avaliar pelas sondagens não é liquido que viesse a garantir maioria absoluta, mas partindo do pressuposto que a garantia, seria realista? Talvez, se o CDS quisesse desaparecer do mapa. Depois de tanta jantarada e almoçarada juntos, de tantos quilómetros de estrada juntos, de tanta colagem uns aos outros, de uma quase fusão da direita nacional portuguesa, o corolário disto tudo seria uma união do CDS com o PS? Teria a sua graça, mas julgo que dificilmente tal cenário passará do papel. E não passará certamente do papel se a PàF for a força mais votadas nas eleições. Seria contranatura.
Tenho algum receio daquilo que pode ser do país no dia 5 de Outubro: um governo frágil, sem maioria absoluta, seja ele de direita ou de esquerda, será o primeiro passo para começarmos novamente a derrapar e a colocar todo o esforço feito até aqui em risco. E suspeito, por manifesta falta de responsabilidade política, que é para uma situação dessas que o país caminha. Quando, se necessário, a estabilidade poderia estar sempre garantida de forma tão simples e óbvia: CDU, CSU e SPD selam acordo de «grande coligação».
«Palavra dada tem de ser palavra honrada», diz Costa. Por isso diz igualmente que não há coligações com «esta direita». «Esta», todo um programa. Há outra?
Não só aguentaram até ao fim como vão concorrer coligados às eleições deste ano. E isto num contexto de governação particularmente difícil. Se o anúncio, ontem, parece-nos agora natural, recorde-se que nem sempre foi assim e durante os primeiros meses deste Governo não faltou quem vaticinasse que o mesmo ia quebrar e cair muito antes do final da legislatura. Eu próprio desejei essa queda, ainda que por motivos completamente diferentes da maioria. E a história estava do lado de quem fazia tal vaticínio, como era recordado no Público em Junho de 2011: Governos de coligação nunca chegaram ao fim de uma legislatura em 35 anos de regime democrático. Mas a História não dita o futuro, como se comprova. Nem sempre estamos condenados a repeti-la.