We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
«António Costa está mais virado para fazer acordos com o PSD». Pudera, com o BE a pedir reestruturação da dívida e outras tontices tais. Não é por acaso que a nossa tradição é a de um PS minoritário na governação a precisar sempre da direita para governar. De resto, se há coisa de que António Costa não necessitaria, em caso de vitória eleitoral sem maioria absoluta, era a de acrescentar uma outra ala radical a um possível governo que já terá de contar com alguns jovens turcos. Aliás, se me permitem a brincadeira, ainda que a analogia não seja perfeita: se Tsipras na Grécia livrou-se dos mais radicais do seu partido nestas últimas eleições, a Costa também fazia falta um golpe de asa semelhante. Entre as duas caras do Partido Socialista, uma que tem sido muito representada por Centeno (ou Francisco Assis) e outra pelos jovens turcos (João Galamba, Pedro Nuno Santos, Tiago Barbosa Ribeiro, etc...), o PS já arranjava forma de abandonar o jogo duplo e deixar claro qual o caminho que prefere seguir: o da moderação ou o da radicalização. Eu aposto na moderação, mas com este PS, as coisas nunca são de fiar. E esta indefinição do PS se há coisa que não tem feito é ajudar o partido: porque remete para um problema de confiança (em que PS acreditar?). Confiança que, não por acaso, é a palavra chave em que os socialistas apostam.
Portanto: a Segurança Social emitiu um comunicado com negação categória de uma notícia só para ludibriar (acusação que me parece particularmente grave), enquanto o Expresso, apesar de estar convicto da veracidade dos dados de que dispunha desde 2012, optou por nada noticiar na altura.
Quem acha que se pode mudar a política europeia deliberadamente contra a vontade da Alemanha, não pesca nada do modo de funcionamento da zona Euro e não aprendeu nada com a crise. A Alemanha é o motor da economia europeia, sem que a política económica desta esteja relativamente alinhada com a política económica da zona Euro enquanto um todo, as coisas só podem correr mal (seria o caminho de regresso aos fortes desequilíbrios internos na zona Euro que desembocaram nesta crise). Dai que a quem se opõe à política económica seguida globalmente na zona Euro e queira algo radicalmente diferente, não lhe basta advogar outra política no seu país, tem antes e primeiro de tudo de convencer os alemães de que outra política é precisa (e que essa nova política deve ser primeiramente e sobretudo aplicada na própria Alemanha ou, pelo menos, financiada por esta). Nesse sentido, é verdade que os alemães têm um peso superior a muitos outros nas negociações em curso, mas enquanto a zona Euro não for uma federação, não podia ser de outra maneira. No seguimento disto, fica também claro que uma política de confrontação com a Alemanha está condenada ao fracasso. Dai que dê um certo gozo ver João Rodrigues, por exemplo, desanimado neste post só porque o ministro das finanças grego falou da necessária «confiança entre parceiros». É o que dá a falta de realismo. Quando o ministro superstar Varoufakis apareceu também meteu-se a dizer que tudo correria pelo melhor porque ele iria recorrer à simples lógica na negociação com os restantes parceiros. Até parecia fácil. Varoufakis, o homem que teme tornar-se um político, relembrou outro que nunca se apresentou como político, Cavaco Silva, e a tese de que «pessoas inteligentes, com a mesma informação, chegam às mesmas conclusões». Não é bem assim. E num permanente processo negocial, como é o da construção europeia, que envolve várias partes e onde o incumprimento das regras por uns pode ser-lhes temporariamente benéfico, mas só porque é feito à custa do cumprimento das regras pelos outros, a confiança entre as partes é do mais importante que há (bem como é importante a existência de mecanismos que imponham o cumprimento das regras, que serão tão mais apertados e exigentes quanta maior desconfiança existir nas relações entre os diferentes membros). Neste contexto, é normal que os que seguiram as regras, perante incumpridores declarados, não só devam como queiram penalizá-los de forma exemplar. Claro que os gregos podem alegar que parte dos incumprimentos que lhes atiram à cara são estúpidos porque foi-lhes pedido, em certos momentos, que fizessem o impossível, mas isso não explica tudo. Muito por culpa própria, os sucessivos governos gregos foram dando razões para os restantes parceiros deles desconfiarem (aqui há também um jogo de percepção, de relações públicas, onde os gregos falharam redondamente: também porque os seus políticos sempre pareceram mais preocupados em fazer discurso para dentro do que para fora). Começaram esse caminho ainda muito antes do Syriza existir, quando, por exemplo, aldrabaram as suas contas pública para respeitar a democracia interna e dar ao seu eleitorado o que este queria. E o Syriza, naquilo que foi dizendo enquanto oposição e assim que se apanhou no poder, nada fez para ajudar à reconquista dessa confiança. Antes pelo contrário. Já o nosso Governo, o irlandês, o espanhol ou o italiano, fizeram-no. E é dai que, imagino, vem o desânimo de João Rodrigues com a expressão «confiança entre parceiros» utilizada por Varoufakis. Se isso é fundamental, e pelos vistos Varoufakis só descobriu agora que o é - não sei se a malta do Syriza também já o terá percebido -, então alguma coisa o nosso Governo terá feito bem. Porque a falta de confiança dos outros para connosco há muito que se deixou de verificar. Mas, enfim, que nós somos um caso aparte do grego, aparentemente, é consensual: pela forma como alguma malta à esquerda avalia os "ganhos" do Syriza, também em Portugal há muito que acabou a troika e a austeridade. Festejemos, pois então.
Outros que vão ver os seus problemas agravados pela intervenção do Banco de Portugal. Ou acham que esta publicidade negativa não terá impacto no Montepio, em contexto de enorme desconfiança de todos os agentes do mercado? E, ainda assim, deve ou não o Banco de Portugal adoptar este tipo de acção? Quão difícil é a gestão entre a confiança nas instituições reguladas que o regulador deve inspirar a todos os que actuam no mercado e a investigação de suspeitas que deva/possa ter sobre essas mesmas instituições? Resumindo: é possível agitar as águas sem levantar ondas? Não me parece.
Alguém acha, com um mínimo de sentido de realidade, que os credores externos aceitarão fazer sacríficios para nos facilitar a saida da crise de maior ordem de grandeza do que aquela que os credores internos, nomeadamente os pensionistas, estão dispostos a fazer? Muito pelo contrário. Alguns, a propósito disto, dirão: ao menos que os direitos dos credores externos sejam equilibrados face aos direitos dos credores internos. Sim, a história é bonita, não fosse ter um pequeno problema: é que aos credores externos não só estamos prestes a chegar ao ponto em que teremos de lhes pedir de joelhos e de mão estendida que nos perdoem parte da dívida - o segundo resgate será, basicamente, isto -, como ainda teremos de lhes pedir que continuem a acreditar no nosso país e nos continuem a financiar. Felizmente, aqueles que a toda a hora berram contra o rompimento do pacto de confiança entre o Estado e os pensionistas não terão dificuldades em compreender as dificuldades acrescidas que tal situação com os credores externos, do qual o nosso futuro está absolutamente dependente, acarretará. Também não será difícil imaginar aquilo que resultará deste facto. Se alguns acham que com as medidas que nos impõem actualmente os credores externos dão a ideia de que nos querem punir, bem podem ir esperando pela pancada se tiverem de descobrir o que é punição a sério.
Qual o nível de credibilidade dos desmentidos com origem em fonte oficial do Governo nesta altura do campeonato? Ao nível do rating do país, talvez. Existirá aqui uma relação de causalidade?