We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Do lado da política económica, ter o PS dependente do BE e do PCP é péssimo, mas note-se que essa dependência também terá coisas boas: não sendo poder absoluto, o renascer de um polvo tipo o socrático, tenho para mim, é muito mais complicado (pelo menos, enquanto a relação de forças for a que é). E, de certo modo, antes um governo minoritário do PS com apoio do BE e do PCP do que um governo de maioria absoluta do PS. Este último era coisa para me meter muito mais medo. Não me esqueço, aliás, como muitos comunistas e bloquistas partilharam comigo o desprezo absoluto e sincero pelo que José Sócrates representou para o país. Esse mérito não lhes tiro. Até por isso, agora gosto de brincar com eles perguntando-lhes como é que é andar de mãos dadas com os amigos de José Sócrates. Na verdade, muitos gostam e respeitam tanto este PS quanto eu. Mas lá vão ter de engolir o sapo. Faz parte. É jogo político.
Aproveitando a prisão dos presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez na operação Lava Jato no Brasil, vale a pena revisitar este texto de Eva Gaspar: Sócrates, Lula, Salgado e PTs. Oi? ou este do i: MP investiga relações de Sócrates com construtora brasileira ligada a Lula da Silva. Infelizmente, tenho dúvidas de que alguma vez toda a história chegue a ser descoberta e digo isto porque não tenho dúvidas de que há uma história. Uma história de muita vigarice, luvas e corrupção que ligou os dois lados do Atlântico. Ficando pelo amigo Lula, esse, sabe que o cerco está a apertar-se. Na reacção dos petistas com a possibilidade de Lula ser finalmente apanhado nas teias da justiça brasileira, um filme que soa a déjà vu: cabala da direita para atacar um bom homem que sairá por cima; o juíz do caso é um sacana com demasiado poder que coloca em causa o Estado de direito democrático; a comunicação social dedica-se a jornalismo de sarjeta. País irmão? Certamente.
Adoro a malta para quem as privatizações são sempre momentos de negociatas, originando insinuações várias, mas os grandes investimentos públicos são sempre projectos para desenvolver o país. Mas reconheço: se Passos Coelho, Pires de Lima ou Sérgio Monteiro virarem funcionários de uma farmacéutica depois de abandonarem o poder, será motivo para preocupação. Enfim: ou bem que as pessoas que estão no poder são sérias ou não. Se não o são, tanto seja por via de privatizações, obras públicas, vistos gold, whatever, arranjarão sempre forma de fazer vir ao de cima a sua falta de seriedade.
Tanta gente com inveja do sr. Blatter. O sr. Blatter fez muito pelo futebol mundial. O sr. Blatter tem direito à presunção de inocência. E o timing da justiça americana, em cima das eleições para a FIFA? Vergonha, vê-se logo qual é o objectivo. E o circo mediático? Inadmissível. Atribuir um Mundial ao Qatar é ridículo e, só por si, devia fazer soar todas as campanhias? Isso só dizem os que querem travar o progresso e a democratização do futebol. A FIFA enche os bolsos também à custa de países com povos na miséria onde organiza as suas competições? Nada disso, a FIFA até é uma organização sem fins lucrativos. E a luta que a FIFA está a fazer contra os fundos abutres? Porque aos fundos falta transparência e a FIFA é um foco de luminosidade. Deixem o sr. Blatter em paz. E o sr. Putin, presidente do país que vai organizar o próximo Mundial, é que tem razão.
No outro dia assisti a uma entrevista bem-humorada do ex-presidente do Benfica, Manuel Vilarinho. A dada altura, Vilarinho referiu, visivelmente emocionado, o período de Vale e Azevedo e o quão orgulhoso ficou do mandato que fez depois de ter corrido com a «fera» (expressão apropriada, quase podia ter-lhe chamado «animal feroz»). Vilarinho recordou que o Benfica praticamente não ganhou nada durante os três anos em que ocupou a presidência, mas nem por isso o próprio deixou de se colocar entre os melhores presidentes que o clube já teve. E, provavelmente, terá razão. O que importava era criar as bases para o Benfica voltar a ser o que tinha sido no passado (o próprio até referiu uma redução de 240 para 60 funcionário durante o seu mandato) e 14 anos depois do afastamento de Vale e Azevedo, na verdade, o clube prepara-se para festejar o seu terceiro título em seis anos. Dito isto, por vezes, na brincadeira, alguns portistas explicavam que o Benfica devia ser mesmo o clube que melhor representava o panorama geral português, num certo sentido de caso de insucesso permanente, que vivia na sombra do que havia sido, e sempre num quadro-mental de quem, apesar de tudo, achava-se o melhor e que só perdia por culpa de factores exógenos. Até nisso gostei de ouvir Vilarinho: o Benfica não perdeu campeonatos para o Porto por responsabilidade das arbitragems, mas porque os plantéis que tinha não prestavam. E também recuperou entretanto porque cortou totalmente com Vale e Azevedo. Agora, imaginem que depois dos três anos de Vilarinho, invés de subir ao poder o Luís Filipe Vieira, numa linha de continuidade, tinha subido a malta que andou com Vale e Azevedo ao colo? Pois, talvez o Benfica nisso não se venha a confundir com o país. É que, bolas, António Costa à sua volta está cheio da malta que andou com o «animal feroz» às costas e essa malta que todos os dias apanho nas tvs a falar em nome do partido - um caso recente paradigmático: Rui Paulo Figueiredo sobre a TAP -, pelos vistos não considera que devia sujeitar-se a um período de nojo. Bem, Costa também foi o número dois da «fera» e nunca se demarcou do bicho, pelo que o que estranho eu?
No fundo, esta ideia de que devia ser o Supremo a julgar Sócrates, além de basear-se no pressuposto engraçado de que um tipo «uma vez PM para sempre PM», é saudades do Noronha do Nascimento. De resto, depois da campanha de intoxicação por parte da defesa que passava por fazer de conta que não sabia o que era uma investigação em curso, afinal, já se confirmam os índicios de corrupção e pelo menos alguns dirão respeito ao tempo em que o homem nos governava (mas continuemos a fazer de conta que o caso também não é político). A partir de um certo ponto, nestas coisas basta seguir o rasto do dinheiro e já terá sido depois da prisão preventiva que o Procurador Rosário Teixeira teve acesso às contas em nome de Santos Silva na Suiça. Perante isto, à falta de melhor, resta a esta malta - que não se reduz a Sócrates - a tentativa de fazer a vida negra a Carlos Alexandre, com sucessivas denúncias anónimas de que o homem violou o segredo de justiça (a que se acrescenta igualmente a denúncia, esta relativamente nova, de que beneficiou financeiramente com isso). E, claro, a sempre recorrente tentativa de anular a prova produzida, alegando erros processuais. Para terminar: recorde-se o caso de António Preto e como este foi usado para atacar Ferreira Leite. Na altura, não houve presunção de inocência. E bem: porque a presunção de inocência, em matérias políticas, não vale muito. No caso Sócrates, basta a história em torno do livro dele sobre a tortura para qualquer cidadão que não queira enterrar a cabeça na areia se envergonhar de ter tido o homem como primeiro-ministro. Que no PS continuem sem fazer uma demarcação clara em relação a esse passado triste, só os pode prejudicar. A mim, por exemplo, basta-me ouvir falar em reabilitar a construção e penso logo nas histórias que se contam relacionadas com o Grupo Lena e afins.
«É quase impossível condenar alguém por corrupção». Uma responsabilidade de todos os partidos com assento parlamentar? Quase todos. Dos do arco da governação é certamente. Mas este assunto, aparentemente, preocupa pouco: tal a ausência dele do debate público.