Um enorme gozo
Ontem, a vitória dos Tories no Reino Unido deu-me um enorme gozo: porque deixou a redacção do Público com um grande melão; porque deixou os socialistas com outro melão ainda maior (e preocupados, ó se estão preocupados); porque contrariou escandalosamente o que as sondagens diziam; porque irritou os burocratas e federalistas europeus (o referendo, meu Deus!); porque são os "ventos da mudança" de Costa; porque foi a «grande vitória da democracia» de Manuela Ferreira Leite; porque, enfim, ganhou o lado com que mais me identifico. E as explicações para a derrota estrondosa do Labour? Algumas são maravilhosas: consegue-se ao mesmo tempo argumentar que o mal do Labour foi ter-se colocado demasiado à esquerda ou ter-se deixado ir pelo discurso da direita, não assumindo uma perspectiva radicalmente diferente da de Cameron (há até quem sugira que o Labour tinha um Seguro na liderança, nunca, mas mesmo nunca, um Costa); por fim, a minha argumentação favorita: foi o medo que levou o eleitorado a votar Conservador. O medo que, como se sabe, é essa coisa humana, mas irracional, em que os partidos de direita apostam quando ameaçam que a vitória do partido adversário irá acabar de uma vez por todas com o Sistema Nacional de Saúde.