We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
É impossível desligar as presidenciais do novo quadro parlamentar e da novidade gerada após as legislativas: quem receia que algo de mal possa vir do governo de esquerda e quer garantir que fica mais difícil a uma tal "coligação" guinar demasiado à esquerda na sua orientação política, só tem um candidato em quem votar. Não é o candidato perfeito, mas é o candidato que há: Marcelo Rebelo de Sousa. Embora Maria de Belém também se tente posicionar nesse campo, para aquele eleitorado volátil do centro não me parece difícil perceber qual dos dois candidatos o serve melhor. E para o eleitorado de direita, então, a coisa ainda é mais relevante quanto me parece óbvio que para controlar os excessos da esquerda não existirá Tribunal Constitucional que nos valha. Só a instituição Presidência da República pode funcionar como controlo e contrapeso efectivo e relevante ao novo poder governamental esquerdista.
Em breve, teremos um novo poder em Portugal. Acho que esse novo poder resulta do PS estar a escolher o caminho errado, mas é o caminho deles, problema deles. A direita era o poder, irá ficar sem ele. Aceite isso de vez, deixe de ser piegas. A circunstância em que se dá a troca de poder não é a melhor, mas era certo que a direita não ficaria lá eternamente. Mais do que chorar sobre o leite derramado, é aproveitar a circunstância em que perde o poder para tentar regressar a ele mais cedo e com mais força. O quadro político-partidário tradicional, sem que os partidos tradicionais em Portugal tenham sofrido muitas perdas, ficou esfrangalhado: de três blocos distintos na AR, passaremos a ter apenas dois. Um bloco de esquerda e outro de direita. A direita, daqui para a frente, deve deixar o PS, com Costa ou após Costa, entregue aos seus novos companheiros de caminho. Espero que aprendam essa lição e não mais sonhem em recuperar o que já lá vai. O novo poder, até por ser construção recente, parece-me ser evidentemente frágil e mau, logo, mais fácil de se lhe fazer oposição. É aproveitar e atacar em força. Até porque não existirá governo de esquerda em estado de graça. E, é possível, existirá desgraça. Essa será a parte muito grave em que o caminho escolhido deixará de ser apenas problema do PS para ser problema de todos nós. Depois das contas públicas descontroladas de Guterres e da bancarrota socrática, se o PS de Costa voltar a entregar o país esfrangalhado a um outro governo, como arrisca fazer, será ainda mais difícil encontrar palavras para descrever este pais e a irresponsabilidade que se apoderou de uma parte do espectro político. Mas, pensando bem, como estranhar, se os rostos são, afinal de contas, praticamente os mesmos? Aos quais se somam uns jovens turcos que em nada melhoraram a pintura. Triste geração esta a que tomou conta do PS. Triste geração esta que está na calha para substituir a antiga. Tristes de nós que teremos de levar com eles (outra vez).
António Barreto anda equivocado. O PSD não foi o partido mais votado e é impossível dizer se sozinho teria mais votos do que o PS. A PàF foi a força mais votada. É verdade que o PSD tem o maior grupo parlamentar, mas também só o tem porque concorreu coligado com o CDS às eleições. No dia em que Passos Coelho e Paulo Portas decidiram coligar os seus partidos e concorrer como PàF, mataram qualquer hipótese de coligação que só incluísse um dos partidos da PàF em caso de vitória eleitoral, como veio a acontecer (os dois partidos seguirem caminhos diferentes depois de terem ganho as eleições seria um desrespeito enorme por quem votou neles). Mas como tenho visto o argumento repetido, ainda não percebi: um governo de bloco central não pode ser constituído por PàF mais PS por que motivo? Porquê que com o PSD era viável e com o PSD/CDS não o é? Na única sondagem que conheço sobre o tema, dados os resultados eleitorais, até seria a solução preferida dos portugueses. Mais: não julgo que essa solução tenha sido vedada pela PàF: «a disponibilidade vai ao ponto de admitir a entrada de António Costa ou outros nomes do PS num futuro Governo». Passos, aliás, volta a mostrar que a porta está aberta quando escreve agora em resposta a Costa que «se o PS prefere discutir estas matérias enquanto futuro membro de uma coligação de Governo mais alargada, então que o diga também com clareza». Qualquer pessoa que preste atenção à forma como decorreram as negociações entre PàF e PS fica com uma ideia clara sobre quem é que não quer discutir o que quer que seja nesses termos (nem, aparentemente, em quaisquer outros): o partido liderado pelo homem que disse em campanha, de forma bastante irresponsável, que chumbaria o orçamento da PàF. Que o PS não queira participar num governo de coligação com o PSD/CDS, ainda compreendo - a própria PàF, ainda que não feche essa porta, talvez também não tenha muito interesse nisso -, mas que o PS não aceite discutir de forma séria a viabilização do governo formado pelo vencedor das eleições parece-me muito mais difícil de compreender. Ainda que compreenda que ter o centro-direita a comportar-se como um bloco único levante enormes problemas ao PS, porque a esquerda está e vai continuar dividida (é ver as presidenciais: ai vem outra candidatura da área da esquerda), divisão que se repercute no próprio PS. Não se pode pedir é ao centro-direita que se divida só para resolver o imbróglio à esquerda onde, verdadeiramente, não existe um bloco, mas dois: o de centro-esquerda e o da extrema-esquerda. Sendo a realidade a que é, agora convinha que o PS, perante a preferência manifestada pelos eleitores, anunciasse de vez e sem rodeios quem julga estar em melhores condições de participar e garantir uma solução governativa estável e responsável para o país (Costa não contava ter uma posição consolidada sobre a matéria até ao final desta semana?). Se optar por um caminho que implique a ideia de que a preferência revelada pelos eleitores coloca o país numa situação ingovernável e traduz-se em instabilidade, nas próximas legislativas é pedir ao eleitorado do PS que decida e resolva pelo partido aquilo que ele mostra-se incapaz de decidir e de resolver por si: quem prefere o país governado pelo bloco de centro-direita, vota no centro-direita; quem prefere o país governado pela extrema-esquerda, vota na extrema-esquerda. Até ver, não há motivo para ser o eleitorado dos outros blocos a deslocar-se para o PS. Sendo certo que o PS teme que a partir do momento em que tome uma posição parte do seu eleitorado faça mesmo um desses percursos (fuga de votos para o bloco preterido). Não está fácil a vida para os socialistas.
Mas calma que Lains tem outra solução: que Passos se demita. Esta gente nem inventada. E depois, se for preciso, ainda vêm dizer que a dupla PSD/CDS é que não percebeu os resultados eleitorais. Igualmente brilhante é o argumento de que o PSD radicalizou quando é o PS que anda a negociar com a extrema-esquerda. É preciso encontrar forma de justificar o injustificável (nota: o PS na campanha usava uma pergunta para atacar a PàF que era aquela do «pode alguém ser quem não é?», curiosamente, a mesma pergunta é perfeita para ser feita aos novos "companheiros" do PS: o BE e o PCP).
Estejamos contentes ou não com a situação política para onde o país se encaminha, agora parece possível afirmar com elevado grau de certeza de que vivemos um tempo histórico. Vem ai uma «experiência» nova, como lhe chamou Almeida Santos, e o país será o laboratório. Acho que à direita, Cavaco Silva incluído, não há muito que inventar. É atirar para cima de Costa, Catarina e Jerónimo toda a responsabilidade possível e deixá-los entretidos na construção e viabilização do seu «governo de esquerda». No final, veremos quanto do estrutural e bom que os últimos quatro anos nos trouxeram se manterá de pé. E, perante isso e os resultados obtidos, todos os que nos conduziram à «experiência» e a levarão a cabo serão julgados em novo momento eleitoral, como sempre acaba acontecendo em democracia. Resta-nos, a todos, ficarmos felizes com isso.
A melhor solução governativa para o pais no seguimento dos resultados eleitorais era o bloco central (e Cavaco faz bem em começar por pedir a Passos que procure isso ou coisa parecida). Mas não acredito que este venha a ocorrer. Até porque deixar a oposição em exlusividade para o BE e o PCP poderia resultar num problema grave no final da legislatura. O PS neste momento é o partido mais entalado com os resultados eleitorais, mas espero que tenha a arte e o engenho para gerir a coisa com mestria. A mestria que não revelou durante a campanha. E se for para meter a pata na poça que o faça garantindo a curto-prazo novo governo de direita com maioria absoluta na Assembleia da República.
O desprezo por todos menos pelos milionários, conta a narrativa ficcionada e desesperada do PS. Porque diz a lenda, a esquerda defende os pobres, a direita os ricos. Por isso é que nunca como hoje os bancos tiveram taxas efectivas de imposto tão elevadas. Por isso é que o império da família de Salgado, um grande amigo do PS socrático, ruiu. O «dono disto tudo» sentiu o desprezo do governo e tem o PS a lata de vir com este discurso? Mas há mais: por isso é que os grupos de interesses que se alimentavam da e na PT ruíram. Por isso é que as construtoras, onde se construíam milionários como Carlos Santos Silva, o amigo do outro, ou rebentaram ou tiveram de ir procurar negócio fora do país (mas, não se preocupem, Costa quer pôr novamente a construção a mexer com o dinheiro que descontamos para a segurança social). Só nisto ruiu boa parte do conjunto nefasto de interesses que ajudava a bloquear o país e alimentava o PS, alegado partido amigo dos pobrezinhos que defende os mais fracos (mas que depois atira um país para a bancarrota e não pede desculpas aos que diz defender pelas consequências das asneiras que fez). Porque sou do tempo em que se gastava muito dinheiro para conseguir pôr o milionário Figo a apoiar Sócrates, para depois Perestrello, um dos actuais homens fortes de Costa, sendo informado da história limitar-se a perguntar: «e isso vale muitos votos! Essa merda dá muitos subsídios de desemprego». Belos tempos em que se desprezavam os milionários e se defendiam os restantes. Enfim, só na falta de actuação do governo quer no GES, quer na PT, foram vários milionários que ficaram muito mais pobres. Só nisto desapareceram boa parte dos que antes eram fortes neste nosso pequeno Portugal e que estavam habituados a que o poder político lhes fosse beijar a mão. E deve também ser por isso que na campanha eleitoral quem mais se manifesta na rua contra o Governo são os pobrezinhos e fracos dos lesados do GES, que de tão pobrezinhos que não eram, mas agora são, conseguem correr o país em autocarros em acções de campanha organizada, porque querem recuperar, nas palavras dos próprios, os muito milhões que perderam (milionários virá de milhões?). Mas o Governo, tonto, antes preferiu o incómodo nas acções de campanha do que forçar nos bastidores uma solução que calasse esta gente. Porque, sim, este governo não enfrentou todos os interesses em Portugal: a EDP de Mexia e Catroga, por exemplo, foi relativamente poupada, mas até ai quem é que mais defendeu estas empresas milionárias e de milionários se não o governo PS com as rendas que gerou no sector eléctrico (o Manuel Pinho, esse pequeno milionário, que o diga)? Porque os anos da troika não foram perfeitos e muito ficou por fazer, mas nunca como nesta legislatura se tocaram em tantos interesses, tanta gente forte deixou de o ser e tantos milionários sentiram-se à rasca e sem protecção do poder político. É olhar para aquilo que se pode considerar a estrutura do poder económico do país. Os ramos de poder alargaram-se, estando mais dispersos, mais frágeis e sendo de nacionalidades mais variada. O país mudou, também neste aspecto. Julgo que para desgosto do PS, porque alguns dos seus amigos sofreram muito com a mudança.