We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Sobre o voto da emigração, no círculo da Europa: o PS perdeu mais de três mil votos em relação a 2011, a PàF perdeu menos de mil votos. Com tanto discurso do PS e de outros comentadores lusos nacionais sobre os emigrantes irados com a PàF, só com a PàF, não se compreende.
Pois, é que o «venham, venham» também nunca será uma política eficaz. E nisso, por muito que custe a algumas pessoas, os responsáveis políticos hungaros têm alguma razão. Aproveito e recomendo: Era melhor deixar os traficantes a controlar o processo?
Muitos dos ditos refugiados não são refugiados, são emigrantes puros (não só pelos países de onde vêm, como é vê-los com cidades de destino escolhidas). E eu não gosto, lamento mas não gosto, de ver algumas destas pessoas que procuram a Europa, assim que entram nas suas fronteiras, em evidente show-off mediático, a reclamarem direitos que não têm. Mas detesto ainda mais, muito mais, ver a foto chocante de uma criança morta numa praia da Turquia. E não deixo que os primeiros, chico-espertos, me façam perder o foco do essencial. Pelo que, apesar de tudo, até tenho para mim que a Europa devia acolher quer uns (refugiados, cujo estatuto especial dá-lhes sempre outros direitos), quer outros (emigrantes, sobre os quais deveria existir maior controlo, mas nem por isso uma rejeição imediata), com braços tão abertos quanto possível. Infelizmente, sei também, porque está um pouco por todo o lado (nas redes sociais, nas conversas com amigos, etc...), que a xenofobia anda pelo ar. O Expresso (que não comprei e não li), tinha na capa da sua revista Donald Trump sob o título «A América que adoramos odiar». Trump que marcou o inicio da sua campanha por declarações xenófobas que visavam, sobretudo, os mexicanos que vivem nos Estados Unidos. Diria que se há uma América que adoramos odiar, por vezes também nos fazia bem olharmos para nós próprios. Confrontado com problema semelhante, não faltam europeus (e portugueses) à procura do seu Trump.
Não cheira a campanha eleitoral, estamos já em plena campanha eleitoral. É diferente. Evidência disso foram os discursos feitos nas jornadas parlamentares do PS, nomeadamente o de António Costa, onde a cada duas frases, uma era treta e a outra era semi-treta. Por exemplo, esta mensagem propagandística que os socialistas insistem em propagar é isso mesmo: propaganda. E da mais rasteira e insultuosa à inteligência de quem se depara com ela que pode haver. Nem precisamos de nos concentrar na análise dos números, pois basta ficarmos pelo essencial: com que então a acção deste governo fez o país recuar décadas numa série de indicadores? Já a acção governativa de Sócrates que deixou o país de rastos não tem nada a ver com isso, não é assim? E pessoas aparentemente inteligentes propagam isto? Sim. Acreditam nisto? Não creio. Ou como a política nunca foi terreno fértil para malta com honestidade intelectual. Enfim, do discurso de Costa que ouvi com particular atenção, fica evidente que o PS assenta a sua narrativa em inúmeras falácias e mentiras. Por exemplo, queixa-se António Costa que a política adoptada por este governo falhou, como se a política deste governo não tivesse sido a única política possível depois do legado de Sócrates, política que o próprio PS assumiu como sua quando em 2011 concorreu às eleições com o mesmo programa eleitoral do PSD e do CDS: o memorando de entendimento. E falhou porquê? Diz Costa, por exemplo, que a dívida não parou de subir: verdade, mas isso está muito longe de contar a história relevante: a dívida não parou de subir, mas o ritmo de subida da dívida é hoje bastante inferior ao que teve a partir 2008, quando a dívida começou a crescer ao ritmo insustentável de mais de 10 pontos percentuais por ano (não tendo ainda a dívida começado a descer, nesta fase estamos num ponto em que é provável e expectável que isso aconteça a muito curto-prazo: e esta evolução mais positiva da situação da dívida liga, evidentemente, à evolução também ela positiva do défice, sempre em queda). Ignoram também os socialistas, muito convenientemente, a forma como parte dessa subida da dívida deveu-se a dívida que já estava lá, assumida pelos socialistas, mas que não estava reflectida nas contas.
Mas há mais: a forma como os socialistas falam de emigração é tópico para me irritar pelas doses de demagogia que trazem ao debate. O gráfico acima deixa claro quem é que trouxe de volta o tópico emigração à sociedade portuguesa: foram eles, os socialistas, com as suas políticas irresponsáveis. Em variação absoluta foi no ano da bancarrota Sócrates que se deu o maior pulo no número de emigrantes permanentes (passou de 23760 para 43998: mais 20238 emigrantes num só ano) e em termos de variação relativa foi em 2008 que sucedeu o maior aumento (passou de 7890 para 20357: um aumento de 158%). Claro que na narrativa socialista o grande problema foi o actual governo - e nomeadamente o seu PM - terem de certa forma acarinhado a ideia de emigração (os socialistas podem ser os responsáveis, mas como é óbvio nunca acarinham os efeitos e as necessidades que as suas próprias políticas geram). Como não acarinhá-la se depois da bancarrota Sócrates a emigração tinha o efeito extraordinariamente benéfico de aliviar a pressão ao nível do desemprego e dos salários? Além disso, garantia maiores remessas num país depauperado e em profundo desequilíbrio nas contas com o exterior. Note-se, aliás, que uma das declarações de Passos que gerou polémica foi quando disse aos professores que ficaram desempregados que, se quisessem continuar professores, mais valia emigrarem, porque o país não tinha condições para empregar tanto professor, nem, mais importante, precisava deles (ainda que tivesse condições orçamentais para os empregar). Os socialistas, claro, quando no poder adoptaram outra resposta para esta problemática: inventaram trabalho para os professores, nomeadamente com os cursos de novas oportunidades, que foi mais um daqueles programas particularmente tontos e sem grande efeito prático na sociedade portuguesa que os socráticos levaram adiante. Sem retorno que se tivesse visto desse tipo de programa, no final o resultado só podia ter sido o que foi: o país "faliu" e esses programas foram, em boa parte, descontinuados. Mas Costa, a partir da falácia de que o que o país precisa é de aumentar as qualificações dos seus trabalhadores (note-se que a falácia não é a da necessidade de investir na qualificação das pessoas, mas antes em assumir que as novas oportunidades qualificavam determinantemente os portugueses e contribuíam para esse desiderato, quando no fundo este tipo de programa serviu essencialmente para garantir empregos a professores), pelo discurso que lhe ouvi, quer recuperá-los: devemos ficar preocupados? Temo que sim. Aliás, o mesmo Costa que diz que o problema do desequilíbrio externo está longe de estar resolvido, é aquele que nas medidas que vai sugerindo como suas prioridades - reabilitação urbana (empregos para a malta da construção); novas oportunidades (emprego para os professores); e baixa do iva da restauração (empregos para empregados de mesa) -, só pode estar focado no mercado interno e, portanto, em menos de nada destruirá completamente o resultado obtido ao nível das contas externas. Nesta medida, serão sustentáveis as poucas políticas que os socialistas vão sugerindo pretender seguir? Não, não são.
Para terminar, em artigo recente no Público, Pacheco Pereira, com um texto que podia perfeitamente assumir carácter propagandístico para o PS, distinguia entre uma crise em 2011 e outra crise em 2015. Esta ideia de duas crises distintas pode dar jeito a quem quer separar a governação Sócrates da realidade de hoje - isto porque não quer que o partido dos socráticos continue a ser julgado nas eleições deste ano, apesar dos socráticos continuarem todos por lá, antes e acima de tudo pretendendo concentrar o julgamento no governo de Passos e Portas -, mas é absolutamente e particularmente tonta. Que a realidade de hoje é, na sua maior parte, a consequência da crise que culminou em 2011 com a chamada da troika é inegável. E que estes efeitos; 1) porque a dívida subiu muito e vai ser difícil reduzi-la; 2) porque o desemprego subiu muito e parte dele tornou-se estrutural; 3) porque a anterior estrutura produtiva (construção, restauração, professores, etc.), alicerçada numa alocação de recursos ineficiente e insustentável, rebentou e uma nova estrutura produtiva não aparece de um dia para o outro; 4) porque não podemos, nem devemos, recorrer ao endividamento externo para dar a volta por cima; vão perdurar no tempo também o é. Só que em 2011 esta evolução já era de todo esperada e expectável, bastava ver a tendência que vinha de trás. E foi na imperiosa necessidade de contenção do que estava para vir que 2011 tornou-se um marco na nossa história democrática, pois ao contrário do que conta Pacheco, a actuação política de então era tão mais limitada do que a actual que PS, PSD e CDS viram-se obrigados a concorrer às eleições com o mesmo programa eleitoral, coisa que já não sucederá em 2015. E não acontece porque estamos numa fase em que é possível aliviar alguns desses efeitos: o que só pode ser entendido como um sucesso deste governo. Enfim, diz Pacheco que em «2011, Portugal conheceu uma grave crise financeira, ficando a um passo da bancarrota», enquanto em «2015, Portugal conhece uma grave crise económica, social, política e moral». Achar que a crise de 2011 - que não é verdadeiramente de 2011, porque vem de muito antes disso -, não foi também ela «económica, social, política e moral» é de quem não está a pescar nada disto. Mas eu acho que esta malta pesca, não quer é dizê-lo, por isso tem de inventar narrativas.
A forma como António Costa hoje atacou Poiares Maduro, com a tirada de que o ministro devia conhecer «a realidade do país onde está e não do país onde estudou e viveu», vem legitimar e recordar o discurso de António José Seguro na campanha interna do PS sobre o António Costa da casta lisboeta que conhecia o país a partir da «janela do município».
Acabo de saber que outra pessoa que me é muito próxima, trabalhadora do sector privado e jovem, prepara-se para abandonar o país. Ofereceram-lhe emprego no estrangeiro e ela aceitou. Vai para a Alemanha com o marido, sendo que também ele abandona o seu trabalho no sector privado sem que ainda tenha algo assegurado no destino. Ainda assim, não sei se devo ser eu a desejar-lhes boa sorte ou eles a desejarem boa sorte para mim.
Em 2011, houve perto de 97 mil nascimentos. Por outro lado, emigraram mais de 41 mil portugueses. Em 2012, tudo indica, os dados ainda serão piores. Queda dos nascimentos; aumento da emigração; esperem pela pancada.
Há cada vez menos nascimentos em Portugal, mas tal não se deve propriamente à austeridade da troika. É que basta olhar para o histórico. No gráfico há dois booms, mas tal como era explicado hoje no noticiário da SIC, o primeiro deve-se aos retornados e o segundo à vaga de emigrantes de leste para a construção civil promovida pelo cavaquismo/guterrismo. Nenhum desses dois momentos ensina-nos o que quer que seja sobre o que é necessário para voltar a aumentar os nascimentos em Portugal: foram períodos circunstanciais, não prolongáveis no tempo. Certo é que não é preciso ser um génio para compreender os problemas que a tendência de queda de há muitos anos levanta ao nível da tão badalada solidariedade intergeracional. Francisco Proença de Carvalho faz aqui um texto bonito em defesa dos «que já não têm força para emigrar», o pior para estes é que muitos dos que têm força para emigrar estão a fazer isso mesmo, a emigrar. E se em nome de princípios que ficam bem no papel, são muitos os que vão continuar a ignorar a realidade, esperem pela pancada.
Perante a incapacidade demonstrada pelos sucessivos governos para reformar a economia nacional - que passa, entre outras coisas, pela reorganização do Estado de forma a torná-lo comportável para a economia que o sustenta -, julgo que não tardará a aparecer quem defenda soluções mais radicais:
O desejo e a insistência em manter um modelo falhado, comprovadamente falhado, nunca produziu bons resultados.