We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
No jornal da Ongoing, um dos principais accionista da PT, a capa pertence a um tal de Murteira Nabo que acha que o Estado devia intervir na eventual venda de uma empresa privada através da «mobilização de um conjunto de empresários que possam comprar a companhia em Portugal». Neste país, até para os empresários se mobilizarem é preciso o Estado? Querem melhor exemplo de uma cultura empresarial nacional que só sabe viver debaixo das saias do Estado do que este? Enfim, não é preciso muita inteligência para saber o que o Nabo quer e o porquê de ter de ser o Estado a "mobilizar" os empresários. Nabo ele não é, mas somos nós sempre que chamados a alimentar esta cultura parasita.
Vi a primeira parte do Prós & Contras - não verei a segunda - e permitam-me que faça dois apontamentos: 1) tanto acho uma certa ideia de empreendedorismo absolutamente vital para pôr este país a funcionar decentemente e a gerar maior riqueza, como acho que ter Miguel Gonçalves, o rapaz do «bate punho», a falar da coisa é o pior favor que se pode fazer à noção de empreendedorismo que defendo (ouvindo-a na boca do Miguel Gonçalves, com o seu discurso oco que depois acabo por ouvir repetido por algumas chefias medíocres deste país - a coisa propaga-se tipo vírus -, quase fico com vontade de atirar a expressão para o meu baú de expressões detestáveis); e 2) no seguimento de declarações de Belmiro de Azevedo que julgo terem sido mal interpretadas, digo-vos eu, que sempre trabalhei mais do que as 40 horas semanais em todos os empregos por onde passei, que não queiram passar a mensagem que trabalhar mais horas por semana é solução defensável de longo-prazo para o país (ou que é a falta disso que nos distingue, para pior, em relação a outros países mais ricos): na mesma lógica da defesa da baixa de salários que por vezes aqui fiz, pode até ser aceitável o aumento do tempo de trabalho numa situação de emergência de curto-prazo (o que, diga-se, aconteceu em Portugal nos últimos anos, até por via de medidas governamentais, como por exemplo o fim de alguns feriados; isto para não falar na medida de aumento do horário de trabalho da função pública, mas ai falamos também numa questão de justiça e de reequilibrio entre dois sectores distintos - público e privado - e portanto a explicação é mais complexa), mas a ideia chave que devia ocupar a cabeça de quem tem responsabilidades na matéria é a seguinte: como ter trabalhadores a trabalhar o mesmo tempo que trabalham hoje (ou até menos), produzindo mais e melhor. É especialmente disso que devemos falar quando falamos em aumentar a produtividade. Porque se o objectivo é sermos burros de carga e trabalharmos de manhã à noite sem parar - numa lógica de que só a trabalhar muitas horas é que geramos muita riqueza -, amanhã mesmo abdico do computador que tenho no meu posto de trabalho e garanto-vos que para fazer o mesmo que faço actualmente, nem com o dobro do tempo que geralmente passo no trabalho o conseguirei fazer.
Os patrões reconhecem a importância da aposta nas exportações, mas sublinham que o mercado interno não deve ser descurado. As confederações patronais com assento nas negociações de concertação social, que estão longe de representar todos os patrões do país e muito menos aqueles que mais importa preservar, estão-se é a lixar para a aposta nas exportações que esse caminho dá muito trabalho, implica assumir riscos e isso é uma coisa que eles detestam. Um novo rumo? Eles não querem um novo rumo, na melhor das hipóteses estarão a tentar dizer ao governo para procurar mudar de rumo de forma mais lenta que a esta velocidade eles não aguentam. Não anseiam por algo novo, têm saudades é do passado. E, no fundo, esse é um dos problemas do país: o novo rumo demora a impor-se, se é que alguma vez irá impor-se, também porque a maior parte dos nossos empresários são manifestamente incapazes de lutar por ele. E uma nova leva de empresários, oriunda da geração mais bem preparada de sempre, como se auto-intitulam, teima em não surgir. Mas compreendo a nova geração, os melhor preparados antes preferem ir fazer carreira no exterior do que tentar montar negócio neste país de lobistas, mamistas, burocratas e outros empecilhos vários.
Acabem com o Prós & Contras e metam no seu lugar um programa tipo Shark Tank. Infelizmente, julgo que este último programa não tinha grande margem de progressão em Portugal. Primeiro, não faço ideia quem poderiam ser os «sharks» nacionais, mas sobretudo adivinho que faltariam as pessoas com ideias para ir lá apresentar (o Martim, apesar de lhe elogiar o esforço, lamento, mas ainda não é nada). Quando se fala dos Estados Unidos e da sua possível recuperação económica e se lhe compara com o que se passa em alguns países europeus uma das variáveis frequentemente ausente da análise é a natureza profundamente capitalista da América que não existe em muitos países europeus. Portugal incluído.
«O Prós & Contras é especialista em trazer-nos figuras bizarras.» Concordo. Raquel Varela é o primeiro nome que me vem à cabeça. Ela e o Miguel Gonçalves davam uma dupla bonita. Ambos fazem parte daquele grupo do «falam, falam, falam, mas não os vejo a fazer nada». Um dia perceberei o protagonismo que é dado a esta gente.
Graças a uma reportagem que acabo de ver na SIC, fiquei a saber que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) visita empresas e faz cumprir a lei. Se és empresário e tens extintores fora do prazo de validade, toma lá multinha e não te queixes (se bem percebi, a multinha em causa por cada extintor equivaleu a 3 salários mensais de um trabalhador com remuneração baixa, mas podia ir aos 12). Contudo, o empresário multado decidiu fazer uma visita à ACT no Porto e qual não é o seu espanto quando descobre que os extintores presentes nos escritórios desta estão fora do prazo de validade. Devia ser permitido ao empresário passar uma multa à ACT que revertesse a favor do próprio. Estas autoridades moralmente desautorizadas são do pior que há no país. E com as suas multinhas ridículas por tudo e por nada, ainda que no estrito cumprimento da lei, só prejudicam o crescimento económico e a criação de emprego. E o que se perde com isto não é só medido pelas multas que passam: não faltam empresas em Portugal que podiam estar a contratar mais pessoal, ou a pagar melhor aos actuais funcionários, e abdicam de o fazer porque preferem gastar dinheiro a garantir que cumprem todas as merdinhas que estão obrigadas a cumprir por lei. Noutro contexto, até podia compreender o alcance da legislação em vigor. No actual contexto, não compreendo.
Podia ser mentira de dia 1 de Abril, mas não é. A baixa da TSU é uma medida que, se bem aplicada e em todos os modelos ponderados até agora, serviria sobretudo para favorecer as empresas do sector dos bens transaccionáveis. Os nossos patrõezinhos sempre se mostraram contra a ideia. Mas eis que agora os nossos patrõezinhos pensaram, pensaram, pensaram, e conseguiram apresentar uma proposta de forma a que os mais favorecidos fossem os empresários do sector dos bens não transaccionáveis. Enfim, conseguiram subverter completamente a ideia da baixa da TSU. Não é de admirar, no fim de contas querem o que sempre quiseram e têm tido: protecção e apoio do Estado para manterem em funcionamento os seus negociozinhos. Tirem-lhes as saias do Estado e é o seu fim. Deus os livre de terem de ir concorrer no mercado externo. Enfim, com empresários destes não há Governo que aguente.
Assisto à Grande Reportagem na SIC sobre a aquacultura em Portugal. Está lá tudo o que é preciso saber sobre um dos mais fortes motivos para o país não andar para a frente: um determinado cidadão tem uma ideia de negócio e vê-se embrulhado em papelada e mais papelada, em despesas e mais despesas, até conseguir pôr o negócio que idealizou a funcionar, se é que chega a esse ponto e não desiste a meio do caminho. Anos para pôr um negócio a funcionar! Anos?!?!? Como é que é possível num país que precisa de gente que arrisque, de negócios, de investimento, como de pão para a boca? O empreendedor é por natureza um amante do risco, mas há riscos e riscos, e o Estado português tudo faz para tornar os nossos empreendedores gente que só pode estar maluquinha da cabeça tal o risco que correm. De resto, a ministra Cristas já apareceu na reportagem a anunciar que pretende duplicar a produção de aquacultura em Portugal. Contudo, é a mesma ministra que levou a mal a boca do ministro Álvaro sobre o fanatismo ambiental e o quanto este pode ser prejudicial à economia, sobretudo num país como o nosso, amante da burocracia.