We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Primeiro eram as eleições francesas que iam mudar a política «ideologicamente extremista» da Europa. Venceu quem os socialistas queriam que vencesse. Mas pouco mudou na política europeia: o socialista Hollande, pelo contrário, adoptou mesmo a política «ideologicamente extremista» como sua (a expressão de Assis é adorável, mas não se preocupem que assim que os nossos queridos socialistas forem para o governo descobriremos que o discurso extremado do actual PS não era para levar a sério). Depois eram as eleições alemães. Nem sequer ganhou quem os socialistas queriam. Ainda assim, Merkel para governar precisou de coligar-se com o SPD e as últimas novas que tivemos numa área tutelada por uma ministra do partido que partilha o partido político europeu com os nossos queridos socialistas foi esta. Agora, são as eleições para o Parlamento Europeu que são decisivas e vão mudar a política europeia (note-se que, para já, o mais certo até é terminarmos com a direita a dominar o Parlamento Europeu e Juncker à frente da Comissão Europeia, embora isso nem interesse tanto quanto isso). Alguém acredita? Enfim, sempre que alguém argumentar a favor da importância das eleições europeias para uma alteração da política que tem vindo a ser seguida pela Europa, das duas, uma: ou é eleitoralismo básico, de quem quer iludir para ganhar votos - atribuindo uma importância a uma eleição que não a tem -, ou é ignorância pura. O eleitor que decida.
O governo francês precisa de fazer reformas impopulares e, até porque a taxa de aprovação do ex-crescimentista anda pelas ruas da amargura, obviamente tem-nas tentado adiar ou recusa-se mesmo a levá-las adiante. A França «não se mexe, está imóvel, paralítica. Não responde a nenhuma das aspirações populares, no terreno industrial, económico, orçamental». Perante isto, há que arranjar um bode expiatório, um inimigo externo. Como não têm a troika, deram para fazer tiro ao Barroso. Mas o mais curioso é a linha argumentativa utilizada: por um lado, acusam a União Europeia de estar tal e qual como a França, ou seja, «não se mexe, está imóvel, paralítica. Não responde a nenhuma das aspirações populares, no terreno industrial, económico, orçamental», por outro lado, agora na figura do ministro para a Recuperação Produtiva, o que quer que isso seja, dizem que «a União Europeia exerce atualmente uma pressão considerável sobre os governos democraticamente eleitos», reflectindo a máxima expressa anteriormente pelo próprio primeiro-ministro francês de que a Barroso e à sua Comissão cabe «pôr em andamento, de aplicar, o que ficou decidido por unanimidade no Conselho europeu, mais nada». Ora, quer-me parecer então que se a UE «não se mexe, está imóvel, paralítica» e blá, blá, blá, a culpa é das decisões tomadas por unanimidade no Conselho europeu, ou seja, das decisões tomadas por unanimidade pelos «governos democraticamente eleitos», incluindo o governo do senhor Jean-Marc Ayrault, governo que está na mais completa dependência da nulidade Hollande. Acrescenta-se ainda que este discurso agressivo promovido por Hollande, que procura em Barroso um bode expiatório para o seu próprio fracasso - não sei se o senhor estava convencido que bastavam umas proclamações parolas e domava a senhora Merkel e o poderio alemão -, é, como não podia deixar de ser, profundamente nacionalista e anti-europeu.
António Borges queixava-se, em entrevista recente, que o Governo português era olhado com melhores olhos no exterior do que cá dentro e lamentava que assim fosse, atribuindo tal particularidade a um qualquer defeito da nossa sociedade. Tem parcialmente razão, pois erra quando sugere tratar-se de um exclusivo nosso. Vejamos: por contraste para com as críticas que fazem a Passos Coelho, chovem elogios de quase todos os quadrantes políticos nacionais a Mario Monti, mas vejam a recta da confiança dos italianos no seu Governo no gráfico acima que retirei daqui. Uma linha sempre em queda, com perspectiva nada famosa. Aliás, Mario Monti está em risco de ser corrido do poder em breve, o que também não representará mais do que a perda de algo que nunca ganhou em eleições. Por outro lado, o animal político em Itália que já ganhou várias eleições e contínua muito activo chama-se Berlusconi, o que diz muito sobre aquele país e a origem dos seus problemas; tal como os nossos animais políticos dizem muito sobre nós. Mas o que importa reter é isto: não há homens providenciais, recorde-se Hollande, e é preciso explicar ao eleitorado que, como se escreve na The Economist, os problemas que afectam algumas sociedades europeias «irão demorar anos a tratar, não meses». Importa é compreender os problemas e tratar de resolvê-los mesmo. Há quem não esteja para ai voltado.
Isto é Hollande, que tem um grau de liberdade para governar muito superior ao do primeiro-ministro português. Imagine-se como estaria daqui a seis meses António José se fosse eleito agora. Nada seguro, garanto-vos. «A liderança socialista e o Governo são vistos como confusos, acusados pelos opositores de amadorismo e inacção». Podem ser acusados de muita coisa, mas o problema é outro: as pessoas exageram naquilo que acham que os seus governos podem fazer por elas. Não se pode pedir a quem está de mãos atadas que as use como se estivessem livres.
Nestes momentos gosto sempre de recordar que o dr. Seguro e o dr. Zorrinho fizeram uma festa quando Hollande foi eleito. Mas, para nosso bem, espero que a coisa não vá em frente. Até porque como nós não a levamos adiante, que outros a levem só iria dificultar-nos ainda mais a vida.