Tudo ainda na sequência da bancarrota de 1892
E no fim terminou com uma ditadura: Governos de curta duração? Já tivemos 51 executivos entre 1910 e 1926...
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E no fim terminou com uma ditadura: Governos de curta duração? Já tivemos 51 executivos entre 1910 e 1926...
«É como deitar abaixo o resto do muro de Berlim».
Em 2013, tivesse o Presidente da República deitado o executivo abaixo e, naquele contexto, dificilmente a coligação conseguiria obter um resultado eleitoral semelhante ao que vai obter agora no final da legislatura, tendo cumprido e explorado todo o ciclo eleitoral. Na verdade, isto mete em perspectiva a decisão de Jorge Sampaio quando fez cair o governo de Santana Lopes da forma que se conhece. Acto original e vergonhoso, responsável máximo pela única maioria absoluta do Partido Socialista em Portugal. Uma maioria absoluta com as consequências trágicas que se conhecem. Em 2013, valeu à direita Cavaco, porque com um qualquer Sampaio a mesma história ter-se-ia repetido. Aliás, o candidato Nóvoa disse preto no branco qual seria a sua posição.
Reparem neste furo do jornal de campanha socialista Público: «A carta de Passos a Sócrates em 2011 prometia apoio à vinda da troika». Como se não estivéssemos perante uma coisa há muito conhecida e, particularmente, irrelevante. Uma das coisas mais deprimentes da vida política/jornalística portuguesa é a forma como alguns apostam permanentemente na tontice do eleitor/leitor. Não me parece difícil perceber, parece-me mesmo bastante óbvio, aliás, a diferença entre desejar/defender, a partir de determinada altura, a vinda da troika e ser o responsável pela vinda da troika. Confundir os dois planos pode dar jeito a alguns chico-espertos, mas só não percebe a diferença entre ambos quem ou é tonto ou está de má-fé. A responsabilidade pela vinda da troika encontra-se evidentemente nas políticas irresponsáveis que meteram o país numa situação de pré-bancarrota e tiraram-nos o acesso aos mercados da dívida. Foi isto, nada mais do que isto, o que chamou a troika. A partir do momento em que estávamos nessa pré-bancarrota, qualquer pessoa responsável e com dois dedos de testa só podia suspirar pela vinda da troika, precisamente porque só esta evitaria a bancarrota efectiva. Perante isto, querer levar a discussão para um jogo de vontades é, como dizê-lo, pateta. E como quem não aprende com os erros do passado está destinado a repeti-los, bastaram uns dias de discussão sobre quem «chamou a troika» para pôr em evidência algo que tenho há muito como garantido: noutros países pode não o ser, mas em Portugal discutir o passado contínua a ser fundamental.
Pedro Silva Pereira, clone do Sócrates, responde a Catroga e lá voltamos, novamente, a debater quem chamou a troika. O PS desde o primeiro momento que anda a tentar reescrever a história: quer o motivo pelo qual tivemos de chamar a troika (o pec IV é a maior história de ficção da política portuguesa), quer o que lá estava assinado (bastou um ou dois meses de governação de Passos Coelho para o partido socialista já mostrar um enorme esquecimento sobre aquilo com que se tinha comprometido). Mas note-se outro pormenor interessante: no meu post anterior faço referência a declarações de Lello, neste a declarações de Silva Pereira; se no outro dia, quando a TVI meteu Relvas a comentar o debate de Passos com Costa, tal foi de uma enorme maldade para com Passos, a constante presença dos amigos socráticos por estes dias nas notícias, também são uma enorme maldade para Costa. As coisas são o que são.
Tsipras descobriu que quando as coisas tornam-se sérias é preciso colocar o «socialismo na gaveta». Coisa que os portugueses bem sabem desde os tempos de Mário Soares como primeiro-ministro. Mas, felizmente para nós, Soares não precisou do tempo de Tsipras para chegar a igual conclusão. É uma coisa pela qual sempre lhe terei gratidão.
Para os tontos, tipo Piketty, que falam do perdão da dívida alemã no seguimento da segunda guerra mundial (só o contexto histórico já devia fazer corar de vergonha quem usa tal argumento), exigindo igual tratamento para os gregos: «What's more, a huge event is completely ignored here. In 1948, Germany reformed its currency in a spectacular fashion, giving birth to the Deutsche mark. The change wiped out "approximately 90% of Germany's cash holdings and deposits," according to economist H. J. Dernburg, who was writing in 1954. It was that event, not the 1953 agreement, that provided the most dramatic reduction to German debt levels — but not without the extreme pain for anyone with any savings.»
Se esta notícia alguma coisa faz é reforçar o que já tinha como praticamente certo. Como já escrevi por aqui, só as histórias em torno do livro da tortura deviam encher de vergonha os que defenderam Sócrates (e, mesmo com estas histórias, que ainda ninguém tenha aparecido a mostrar arrependimento de ter defendido um sujeito assim, ou indignação por, com elevada probabilidade, ter sido enganado por alguém que não passará de um vigarista, é notável). Por mim, muito me orgulho de ter estado em profunda oposição a Sócrates e aos socráticos desde a primeira hora. De resto, o ex-primeiro-ministro parece condenado em tempo futuro a substituir na imaginação das pessoas o burlão Alves dos Reis. É uma forma de conquistar o seu lugar na História. Fez por merecê-lo.
Até no campo que devia ser a especialidade da senhora envergonham-na. Mas ela lá continuará, a pavonear-se por alguma comunicação social como se nada fosse. Melhor, se necessário, a dar ares de quem é doutorada em economia. Uma mestre na asneira pluridisciplinar.
Nelson Mandela, comunista. José Eduardo dos Santos, capitalista. Durão Barroso, maoísta?