We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
E pensar: nos próximos anos, devemos vir a ter muito investimento estrangeiro em Portugal. Ou então não. Muito do que se escreve até nem faz particular sentido, mas nada disso interessa: o que conta é a imagem que passa. E o que passa é que isto é uma bandalheira, de onde gente que se preocupe com o seu dinheiro e queira segurança deve fugir.
Afinal, não se passou nada. Finjamos acreditar, até porque o Governo tenta salvar a face e tal estratégia de comunicação não é especialmente, nem sobretudo, para consumo interno. É que isto de ter andado a anunciar como grande cartão de visita junto de investidores internacionais que tinha sido feita uma grande reforma laboral - amplamente consensual e, portanto, para vigorar durante longos anos - e depois descobrir-se, mais de um ano depois, que parte da reforma fica pelo caminho parece-me coisa chata. Diz que os investidores gostam de segurança e estabilidade. Dito isto, no Wall Street Journal confunde-se reforma laboral com austeridade: uma vez que o mercado de trabalho americano é super flexível, os americanos vivem em austeridade permanente há séculos, é isso?
Cavaco apela a um «país previsível». Compreende-se, o investimento estrangeiro anda pelas ruas da amargura. O que nos vale é que o último mês foi pródigo em previsibilidade.
Quero ir ali convencer um investidor externo a apostar em Portugal invés de apostar num qualquer país da Europa de leste ou, até, numa também intervencionada Irlanda. O que lhe digo? Digam-me, porque confesso não saber muito bem o que lhe hei de dizer. Certamente por ignorância minha e também pelo pouco tempo dedicado a pensar no assunto, escapa-me o factor diferenciador da economia portuguesa que nos permita marcar a diferença para melhor face a outras economias com as quais competimos. Entretanto, como andamos à deriva, neste país que desce aos infernos, como alguns - muito poucos - avisaram que iria descer, mas continuando em alta essa fábrica extraordinária de produção de opinadores que andam com a cabeça nas nuvens, expliquem-me como se fosse muito parvo: as exportações já não são a prioridade e temos de voltar novamente à aposta no consumo interno, é isso? Enfim, não há meio de nos endireitarmos: a consolidação orçamental que teria de ser feita maioritariamente pelo lado da despesa, é feita, pelo contrário, maioritariamente pelo lado da receita - ou seja, é uma consolidação absolutamente frágil -; por outro lado, o crescimento económico que teria de vir necessariamente pelo lado da procura externa, ou seja, das exportações, de produzirmos mais e melhor para vendermos os nossos bens a consumidores não residentes no território nacional, há quem queira promovê-lo, o tal crescimento, por via do aumento do consumo dos portugueses que, para isso, não só teriam de reduzir a sua poupança como muitos teriam mesmo de se endividar ainda mais do que já estão. Se chamo à consolidação orçamental portuguesa assente na receita uma coisa frágil, a um crescimento económico promovido por esta via chamo-lhe suicídio puro e duro. Claro, bem sei, que alguns dirão que se todos os países da Europa estão a deprimir a sua procura interna é muito difícil a um país como Portugal, já de si pouco competitivo, recorrer à procura externa para promover o seu crescimento económico. Mas, então, peço-vos, pensem um bocadinho que seja: se a maior parte dos países europeus muito mais ricos do que nós, com taxas de poupança dos seus cidadãos muito mais elevadas do que a nossa, muito, mas mesmo muito menos endividados, não estão a apostar na sua procura interna, dificultando-nos o caminho da saída da crise por via da procura externa, como evidentemente dificultam, a vossa solução é mesmo partirmos nós, feitos malucos, para uma aposta no crescimento económico por via da procura interna? Restauração, construção, supermercados e coisas assim? E, já agora, financiada por quem? Por aqueles que não financiam igual estratégia nos seus próprios países? Percebem a loucura do que é a discussão pública em Portugal sobre estes assuntos? O irrealismo? Querem um desenho? Já sei, repito-me e esta conversa cansa-vos. Antes a minha conversa que cansa do que as vossas ideias que deram e continuam a dar cabo do país. Mas permitam-me cansar-vos mais um bocadinho, embora prometa que termino já, com uma singela pergunta: ainda não perceberam a relação entre salários, produtividade, desemprego e crescimento, pois não? Ah, nem querem perceber? Claro, estão no vosso direito. Depois, não se queixem.
mas a dupla Gaspar & Álvaro, pelo menos ao nível do discurso, cada vez mais faz-me lembrar a dupla Pinho & Lino: que vacuidadediscursiva. Quem é que lhes anda a escrever os discursos, o Duarte Marques?