We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Na Irlanda, os partidos da coligação governamental, depois de uma fase mais complicada, também já estão bem encaminhados para voltarem a triunfar nas próximas eleições (nomeadamente o Fine Gael que lidera destacado as sondagens). Curiosamente, o caso irlandês quase nunca é mencionado na comunicação social. Deve ser pelo mesmo motivo que o Syriza de Setembro já não desperta o mesmo interesse do Syriza de Janeiro.
A Irlanda voltará a ser "tigre" do crescimento na Europa: 4,7% é a nova projecção para a evolução do PIB neste ano; 3,6% é a previsão para 2015. Mas estes são aqueles que têm uma taxa sobre os lucros das empresas de 12,5% (deve explicar em parte esse crescimento, não?). Entretanto, embora isto seja mais simbólico do que outra coisa, os irlandeses anunciam ao mundo que dos 2,9% de défice com que estavam comprometidos para o próximo ano, contam afinal ficar pelos 2,7%. O mesmo que o nosso querido PM acaba de anunciar para Portugal, só que no nosso caso tal valor trata-se de uma subida em relação à meta (2,5%) com que estávamos comprometidos.
A sério que sempre me foi difícil perceber como é que a maioria da opinião expressa ia em sentido contrário a isto: cautelar não exigirá compromisso" com PS. Mas há outra coisa importante que Marques Guedes referiu e que agora irá dificultar-nos a vida: «se tivesse a Irlanda optado por esse programa cautelar as negociações desse programa seriam uma referência interessante para o nosso país». Já tinha abordado estas questões ao de leve aqui e aqui. Agora, acrescento que a análise ao jogo mudou ligeiramente: terminarmos o programa da troika a necessitar de um programa cautelar passou a ser uma derrota para o Governo e, sobretudo, para o país. A verdade é que só pode ser motivo para lamento viver num país que não só pediu a intervenção externa mais tarde do que a Irlanda - o Governo de então devia achar que estávamos melhor do que o tigre celta -, como nem sequer soube tirar dessa intervenção igual proveito ao que a Irlanda tirou. A ministra não descarta seguir o caminho irlandês? Pois, é que por muito que diga o contrário, menos do que isso é derrota. Para piorar um pouco, muitos daqueles que estarão na linha da frente dos indignados por mais esta derrota, são os que nunca se cansaram de lutar por uma aproximação nossa à situação grega. Maior parte da comunicação social à cabeça.
Irlanda rejeita programa cautelar e regressa sozinha ao mercado. A Irlanda quis ganhar o «concurso de beleza», sem crises políticas; sem mais tempo; sem mais dinheiro; sem juízes do TC tolinhos; sem tanta coisa que em Portugal temos de aturar; e prepara-se para o ganhar.
Aqui há dois meses, Brian Cowen, o primeiro-ministro irlandês que teve de chamar a troika para tirar a Irlanda do pântano, deu a sua primeira entrevista desde que abandonou o cargo. Claro que Cowen, logo depois de chamar a troika quando tal tinha e devia de acontecer, afastou-se da liderança do seu partido e abdicou de concorrer às legislativas de 2011, atitude que o sujeito pequenino que os portugueses tinham como PM não teve a honra e dignidade de imitar, mas, além disso, repare-se como Cowen marcou o seu regresso à intervenção pública com as seguintes frases: «Perhaps our plans for the country were too ambitious. Maybe we were trying to do more than we should and we weren’t making plans for a worst-case scenario.»; «I would like to say – because it’s important to do so, and I’ve said this before – I have a serious duty to accept my responsibility for what happened and I’m doing that.»; e, para terminar, «It’s important that this new government be successful – and that goes for any Irish government in the future – so that this burden on the State can be eased as quickly as possible.» Nada que se pareça com a palhaçada a que o nosso querido ex-PM que diz não sentir «nenhuma inclinação para voltar a depender do favor popular» nos sujeita.
Taxa de desemprego na Grécia agrava-se para 26%. É só uma subida de 0,7 pontos percentuais de um mês para o outro. Mas ser «mau aluno» é o que está a dar na douta opinião de uns seres muito respeitáveis da nossa praça pública... por outro lado, o «bom aluno» irlandês, também ele alvo de um resgate da tenebrosa troika, solicitado quando ainda não estava no desespero completo, e cujo Governo, que não deve ter grande jeito para a negociação, foi rápido a colocar a extensão das condições da Grécia fora das suas perspectivas, entalando o Governo português que não consegue fugir às pressões da esquerda histérica e abriu inúmeras brechas na sua estratégia inicial, viu a sua taxa de desemprego baixar para os 14,7%, o que contrasta com os 15% de há um ano. Mas nós temos uma atracção pelo abismo que é uma coisa parva. Os irlandeses tiveram o azar de ter banqueiros irresponsáveis, o nosso azar é mais com os políticos e a gentalha que farta-se de produzir lixo opinativo por tudo quanto é lado.