Ricciardi e Rebelo de Sousa
Quem ouve as gravações do Conselho Superior do GES, não pode deixar de achar que o que José Maria Ricciardi fez envolveu alguma, se não muita, coragem. Há quem queira colá-lo ao seu primo Salgado, quase dando a entender que não há diferenças entre os dois e são praticamente co-responsáveis pela queda do grupo, mas numa qualquer análise séria essa "teoria" não passa de pura tontice, que na maior parte das vezes só é avançada para criação de mera narrativa interesseira. Aquilo que fica por demais evidente das conversas do Conselho Superior é que Ricciardi - pessoa por quem não nutria simpatia, mas agora até tenho alguma -, a dada altura, enfrentou a família quando todos os outros optaram pela «solidariedade familiar» que apregoava Salgado a cada reunião. Isso garantiu-lhe então ter ficado isolado no seio familiar, mas permite-lhe hoje, para incómodo de muitos, ser o único que fala de cabeça levantada. E como fala: as cartas a malhar em Marcelo Rebelo de Sousa, sendo esta a última, que alguns gostam de atirar para o canto da lavagem de roupa suja - procurando com isso tirar-lhes importância -, são deliciosas, sendo que o que lá vem escrito, para quem não quiser tapar os olhos, destrói toda e qualquer réstia de credibilidade que o comentador ainda pudesse ter. No fundo, Ricciardi constata uma evidência sobre esta história do BES e as opiniões do professor em torno dele: Marcelo vai nu. E bem pode dizer adeus à Presidência da República que não é digno do cargo.