We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Quem avisou que a dívida ia tornar-se neste fardo - lembram-se? não faz assim tanto tempo em que a opinião dominante era a de que a dívida não era um problema e tínhamos de gastar à parva: a campanha eleitoral em 2009 foi mesmo feita com a construção da OTA e do TGV como um dos temas dominante: se havia crise, mais sentido esses projectos faziam, lembram-se? e quem fez a campanha nesses termos até a ganhou, lembram-se? -, agora passa por amante da dívida. Quem avisou que as agências de rating tinham muita razão na análise que faziam à trajectória insustentável da nossa dívida - e era acusado de não defender o país por o dizer; país esse onde até havia quem quisesse levar as agências de rating a tribunal -, agora passa por quem ignora o problema - a lata de alguns acusadores é notável. Os especialistas tugas em Keynes, que citavam abundantemente Krugman - ou porque faziam de conta que o que este defendia para os Estados Unidos podia ser defendido para Portugal; ou porque passavam por cima dos textos que este escrevia sobre a Europa onde era muito claro nas limitações que os países da periferia enfrentavam ao nível das políticas públicas que lhes eram permitidas -, agora descobriram que o cainesianismo - vamos chamar-lhe assim para não manchar o nome de Keynes - por eles defendido tinha um limite e - isto eles ainda fingem não ter percebido - que ao ignorarem isso lançaram o país para um jogo perigoso que aumentou os sacrifícios que tiveram de ser exigidos ao povo português - Vitor Bento, na altura muitas vezes vilipendiado, chamou-lhe o poker da Madeira: nome tão mais apropriado que pouco depois da troika ter-se instalado em Portugal descobrimos que o amigo Jardim tinha acumulado dívida escondida na Madeira. Mas, novamente iludidos, descobriram uma solução para o problema do seu cainesianismo: geramos dívida em políticas cainesianas até ao ponto em que não a conseguimos pagar; chegados a esse ponto, berramos que não a conseguimos pagar e obtemos um perdão fantástico dos credores e, voilá, voltamos a ter margem para prosseguir com as políticas cainesianas. Enfim, o discurso narrativo que alguns tentam impor neste preciso momento é tão ilusório quanto o outro: quer a desvalorizar a dívida, quer a fazer dela o tema central, os nossos amigos cainesianos, do Estado enquanto motor da actividade económica, estão hoje tão a leste da realidade e daquilo que são as nossas possibilidades de actuação como estavam ontem. Para terminar, só uma pequena observação sobre a forma como alguns tentam fazer passar quem avisou para o fardo da dívida por amante da dívida: explicam eles, sempre tão bons explicadores, que a direita - a neoliberal, como não podia deixar de ser - gosta da dívida porque quer usá-la para impor a sua visão de Estado mínimo. Essa direita deve ser muito estúpida, diga-se já: com a dívida que temos, até podemos ambicionar a um Estado mínimo, mas com carga fiscal máxima. É, também por isso, que a ideia do executivo de baixar os impostos em 2015 - excepto se houver mesmo uma outra reestruturação significativa da dívida - não passa de uma medida eleitoralista quase tão vergonhosa quanto a daqueles que em 2009, sabendo do irrealismo da coisa, ainda nos deixaram a discutir os megalómanos investimentos públicos.
E atendendo à política monetária, mais propriamente ao recurso ao Quantitative Easing por parte da Reserva Federal e a recuperação não-austeritária norte-americana que é de louvar - ou nisso há quem acredite -, talvez valha a pena olhar para isto (tirado da The Economist):
A realidade é sempre muito mais complexa do que parece.
Egoísmo: Sentimento ou maneira de ser dos indivíduos que só se preocupam com o interesse próprio, com o que lhes diz respeito. Um bom conceito para caracterizar aquilo que foi a nossa actuação na zona Euro, com as lideranças de sabe-se bem quem. Nós gastamos à tripa forra; os outros que paguem a conta. Nós não aceitamos mais cortes na despesa; nem mais austeridade; os outros que financiem o nosso défice. Há quem chame isto de solidariedade; mas eu cá estou com Seguro: é egoísmo mesmo, porque, efectivamente, desde que estamos no Euro a única coisa que temos feito, com a companhia de outros países, é actuar a pensar exclusivamente em nós próprios, sem respeitarmos os nossos parceiros, com os quais tínhamos acordado cumprir certas e determinadas regras. O respeito pelas regras representava a muito querida solidariedade; já o não cumprimento das regras era evidente sinal de sobreposição do egoísmo nacional aos interesses do clube do Euro. A esse respeito, esta notícia, a que recorro sempre que possível, é exemplar, até porque os argumentos de então são os argumentos de agora, o que mostra como pouco ou nada mudou na nossa consciência dos problemas que enfrentamos e como continuamos sujeitos à mesma forma de pensar. A referência de Seguro à «lógica imediatista» é mesmo uma delicia, uma vez que os governantes portugueses, entre os governantes da zona Euro, estão entre os campeões dos que mais não fazem do que concentrar todas as suas atenções no curto-prazo. Basta notar como o homem que está destinado a ser primeiro-ministro, ao mesmo tempo que fala em «lógica imediatista», volta à conversa do salário mínimo. Ah, meu belo imediatismo! O keynesianismo tuga é mesmo o supra-sumo da «lógica imediatista» ou não levasse muito a sério a expressão de que «no longo prazo estaremos todos mortos». Abri este post com uma definição da expressão «egoísmo», termino dizendo que para a expressão «comediante» podem encontrar uma definição no fundo deste blogue.
Adenda: e o segundo da geração formada pós-25 de Abril de 1974, depois de Luís Campos e Cunha, ambos com ligação às escolas de economia da Universidade Católica e da Nova.
Vidros partidos, ovos atirados e esplanadas viradas do avesso. Partir vidros é bom, agora alguém vai ter de fabricar vidros o que será benéfico para a actividade económica. Só lamento que esta actividade tão nobre e bem intencionada de partir vidros esteja limitada a tão poucos.
Estímulos keynesianos num país como o nosso dá muitas vezes nisto: Parque escolar disparou 400%. A gula é grande e são muitos os que só pensam em encher os bolsos. Só que o bolo está cada vez mais pequeno e a distribuição das fatias tem de passar a obedecer a um processo rigorosíssimo. E isto tanto serve para as verbas de um qualquer parque escolar, como para a distribuição das verbas do QREN. Os gulosos não gostam: é natural. Mas o «mudar de vida» devia passar em primeiro lugar pelos que se habituaram a engordar à conta do Estado.
Estavam à espera do quê? Que os alemães pagassem a conta e não exigissem garantias aos restantes estados-membros de que seguirão o caminho da responsabilidade financeira? Enfim, é que basta ouvir as declarações da oposição portuguesa para perceber que os socialistas só esperam que lhes dêem folga para voltarem a gastar, gastar, gastar...
«A dívida não é boa ou má consoante a cor dos governos. A dívida quando é excessiva é sempre má porque hipoteca o presente e limita a margem de manobra das novas gerações no futuro.» Era bom ver todos os que criticam a política económica de Jardim na Madeira a concordar com isto, quer para não passarem por hipócritas, quer para colocarmos de uma vez por todas a hipótese de estímulos keynesianos à economia portuguesa na gaveta. É que sendo certo que fruto das circunstâncias a possibilidade de um estímulo keynesiano à economia portuguesa está-nos vedada, não é menos certo que há muita gente que continua a sonhar com um como suposta alternativa à austeridade a que estamos submetidos. Estes últimos deviam ter visto na Madeira a concretização do sonho, não o viram, ou a culpa é dos óculos que usam ou deixaram de sonhar. Aceitam-se explicações.
Não percebo o porquê dos que advogam uma política keynesiana para Portugal não olharem para o homem como um herói e optarem por tratá-lo como um adversário.