We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Mas onde é que andava este durante os casos socráticos? A hipocrisia argumentativa e a lata chegam a ser impressionantes: basta ver como nestas coisas lembram-se sempre do caso de António Vitorino, mas ignoram um muito mais recente: o de Miguel Relvas e da sua licenciatura. Porque será? Também ignoram que Santana foi posto a correr, em boa parte, por causa de tentativa de interferência na TVI, enquanto o amigo Sócrates e sus muchachos até conseguiram impedir um Jornal Nacional com Manuela Moura Guedes de ir para o ar antes da campanha eleitoral de 2009 ter ínicio e nada lhes aconteceu. De que lado está a «impunidade política», afinal? É preciso um desenho? Querem mais exemplos? Enfim, este poeta Alegre andou a lamber as botas do Sócrates porque precisava dele para ser candidato à Presidência da República e já em 2011 afirmou com convicção «Se excluem Sócrates, excluem-me a mim». «Em qualquer outro país democrático» este Alegre era tratado com a consideração política que merece: nenhuma.
Na notícia destacam os indecisos, mas para mim o mais relevante é mesmo a liderança nas sondagens de Berlusconi. Por lá, também não deve faltar quem ache que o homem é «brilhante», que está «em plena forma», enfim, um «animal da comunicação». Estas observações, mais do que qualificarem aquele a quem se dirige, qualificam aqueles que as produzem e revelam, por serem em menor ou maior grau de aceitação geral, a cultura de um povo. Noutras latitudes, onde não foi, nem será, necessário recorrer à troika, tratariam estes «animais políticos» por aquilo que são: demagogos populistas. E seriam, sem apelo nem agravo, imediatamente chutados para um canto. Nos países latinos, por outro lado, são o exemplo perfeito do homem político de eleição. Perceba-se: só são bem sucedidos porque larga franja do eleitorado quer ver num político as qualidades que esta gente evidencia. Infelizmente, onde tanta gente vê qualidades, só vejo defeitos. Mas são animais, sim: cobras venenosas que devem ser mantidas à distância.
Alegre ataca Amado e pede "separação de águas" no PS. Bem sabemos para onde é que Alegre acha que as águas devem correr. Contudo, na oposição, o PS faz de conta que está mais alinhado com aqueles à sua esquerda do que com o Governo de "direita". No poder, como se viu num passado bem recente, se necessário, recorre aos partidos de "direita" para governar, que os à sua esquerda antes preferem ver o PS fora do poder para ser substituido pelos partidos de "direita". Luís Amado, nesse sentido, está muito mais alinhado com a corrente do rio tal como ele é e vai continuar a ser. Se bem que ter um BE no poder, em posição minoritária, coligado com o PS é algo que muito gostaria eu de ver. Nem imaginam a estabilidade que antevejo a tal coligação.
Faz-se ouvir e explica o longo silêncio a que se remeteu durante toda a campanha presidencial, segundo o próprio - deixem-me rir - era assim que melhor defendia o partido de que foi fundador. Contudo, é preciso recordar ao senador que escreve sob o título o tempo e a memória, que o mau candidato Alegre conseguiu 19,75% dos votos. Não é brilhante, mas ainda assim foi superior aos 14,31% do último candidato presidencial apoiado pelo PS.
1. José Sócrates desresponsabilizou o PS pela derrota de Manuel Alegre e o poeta, no seu discurso, deu-lhe razão. Em parte tenho de concordar com Sócrates: foi Manuel Alegre quem forçou, com o apoio da ala esquerda do partido, o apoio do PS à sua candidatura. Foi Alegre que não soube lidar com a imediata colagem do BE à sua candidatura. Foi Alegre que não entendeu a votação que obteve em 2006. Foi Alegre quem iludiu-se, até ao último momento, que poderia atrair o eleitorado centrista (muito dele socialista) para a sua candidatura.
2. Contudo, o PS (e o governo) envolveu-se na campanha de Alegre mais do que seria expectável e não pode desresponsabilizar-se totalmente dos resultados obtidos pelo candidato apoiado pelo partido. As intervenções do ministro Santos Silva são exemplo disso, a notícia do Expresso de que a campanha suja do BPN foi incentivada por membros do governo também não passou em claro. E muito haveria a dizer da candidatura, sem objectivo claro aparente, do deputado socialista de Viana do Castelo. Cavaco Silva saberá tirar ilações da forma como decorreu esta campanha - aliás, se há coisa que não se cansou de mencionar nos discursos de vitória, para desilusão dos muitos comentaristas, foi a campanha suja que montaram contra o próprio.
"Alegre não é alternativa. Cavaco garante estabilidade". O antigo ministro da saúde sabe do que fala, pois tem bem presente na memória o quanto Manuel Alegre batalhou para que as reformas no sector não fossem adiante. Entretanto, o poeta esquizofrénico, que ainda ontem garantia estarmos perante uma luta de vida ou de morte para a democracia, vem hoje insurgir-se contra Cavaco por este, supostamente, "dizer ou eu ou o caos". Acusa o adversário de fazer aquilo que ele próprio faz, numa tentativa desesperada de legitimar as parvoíces que têm sido prato do dia da sua campanha. Por outro lado, deu algum gozo ouvir o discurso de Fernando Rosas de apoio a Alegre, a dada altura fugiu-lhe a boca para a verdade e o dirigente bloquista lá afirmou que Cavaco está aliado às forças do PS e do PSD. Julgo que não será difícil aos socialistas moderados decidir, pelo menos, em quem não devem votar.