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Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Mr. Brown

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Perante a frente vermelha

Até Manuela Ferreira Leite teria votado PàF e, por consequência, em Pedro Passos Coelho. É este o efeito que a frente vermelha provoca em algumas pessoas. Justificadamente, diga-se. «Há entre mim e Manuela Ferreira Leite uma identidade de pontos de vista muito significativa», dizia António Costa há menos de dois meses. Devia ouvi-la agora.

«Depois de ti mais nada»

Um dos argumentos mais extraordinários para justificar a permanência de António Costa na liderança do PS depois do desaire ocorrido é a de que não há ninguém no partido em condições e com capacidade para substituir o actual líder. Quando é que o PS deixou-se cair nesta pasmaceira em que, como se já não bastasse não ter candidatos fortes e credíveis para apoiar nas presidenciais, alguns sugerem não existir ninguém com qualidade suficiente para subsituir um candidato que liderou o partido rumo a uma derrota estrondosa e que ocupou a liderança da forma como o fez? O partido vai ficar quieto? Permitir ao falhado Costa continuar a liderá-lo? Enfim, por um lado, talvez agora comece-se a compreender melhor uma das coisas que atormentou Costa durante toda a campanha: a solidão. Há um deserto de figuras credíveis moderadas dispostas a ir à luta pelo partido e uma mão cheia de jovens turcos a pretenderem tomar conta do partido, ainda que nenhum com força e credibilidade suficiente para assumir a liderança efectiva. Por outro lado, também se percebe que temos um Costa, produto das jotas (aderiu com 14 anos à JS e tem todo um percurso ligado à política e ao partido, ainda que extraordinariamente nunca se tenha associado ao ex-edil lisboeta o mesmo rótulo que se associa a um Seguro ou a um Passos), agarrado ao poder que nem uma lapa, controlando o aparelho e contando com este para evitar ataques à sua frágil liderança (a ironia, depois de tudo o que dizeram do Tozé). Mas este desespero de Costa que leva-o a não pretender abandonar o palco, ainda que, por um qualquer milagre, consiga mesmo evitar que o tirem de lá, acabará por resultar em prejuízo do PS. Costa, por maioria de razão, nunca conseguirá ser figura para unir e pacificar o PS. Não o foi antes, muito menos o será agora. Costa não está em condições de ser agora o que Passos Coelho foi em 2009 no PSD, porque é antes disso a Manuela Ferreira Leite da mesma altura. Se no PS andam tão alucinados que não percebem isso e vão apostar na lógica do manter actual líder com base no argumento «depois de ti mais nada; nem sol nem madrugada; sem ti não há amor; a vida não tem cor», a coisa só pode correr-lhes mal. A coligação sorri.

O político com graça

À falta de amigos no partido, procura-os fora dele? Enfim, não deixa de ser uma identificação curiosa quando nos lembramos da batalha da "velha" contra Sócrates. Quando nos lembramos do que, por exemplo, o camarada Galamba e Porfírio diziam da "velha". E, ainda mais engraçado, do que Sócrates e o PS acusaram Ferreira Leite: a "velha" queria privatizar a segurança social. Qual é que é mesmo o argumento do PS de Costa por estes dias contra a coligação? Isso mesmo, o de que quer privatizar a segurança social. Devemos estranhar, quando Galamba e Porfírio continuam a estar na linha da frente da batalha comunicacional socialista? Enfim, política em constante loop, declarações sem sentido para mero sound bite e pouco mais para mostrar. É a vacuidade total.

A manelinha e o estratega da marmeleira

Na verdade, estes dois cometeram um erro estratégico, sobretudo a Manelinha, cuja palavra crítica teria sempre outro peso: guardar a palavra para ser usada num momento cirúrgico teria muito maior impacto do que andar semana sim, semana sim, a criticar o governo de Passos Coelho. Assim, mais do que causarem mossa, ninguém lhes leva muito a sério.

A obsessão

A outra ideia que acho muito curiosa é esta dos pensionistas como grupo frágil e/ou sem voz. Calimero não faria melhor. No fundo, quem argumenta neste sentido limita-se a seguir uma táctica que os funcionários públicos usam de há muito a esta parte e que os pensionistas só nunca tinham tido necessidade de usar porque ainda ninguém tinha decidido ir-lhes ao bolso. Só nos atacam a nós. Somos o alvo mais fraco. Os mesmos de sempre sobre os quais recai todas as maldades que os governantes praticam com gosto. Bullshit. Veja-se o caso paradigmático de Manuela Ferreira Leite ontem na TVI24: a pensionista refilava, mais uma vez, em plena televisão, no programa semanal de que usufrui, que os pensionistas são alvo destes ataques porque não refilam. Dito assim, a coisa parece um número dos Gato Fedorento. Um número repetido por muitos outros pensionistas a quem não falta voz na televisão. E o número só não é mais vezes repetido porque nem todos aderem ao histerismo em nome da manutenção da fatia do bolo que se habituaram a receber (recordo-me, a título de exemplo, de um Silva Lopes ou um Medina Carreira). Mas continuemos em Ferreira Leite: fingindo desorientação e perplexidade, a ex-ministra das finanças indagava o que levaria um Governo numa sociedade envelhecida - façamos de conta que «sociedade envelhecida» não nos recorda logo parte do problema - a ter esta "obsessão" em atacar os reformados que são o grupo mais numeroso e, portanto, aquele que os políticos com eleições a aproximarem-se mais deviam acarinhar (a ideia era mesmo esta: a Manelinha estranha a ausência de eleitoralismo, que, presume-se, a própria praticaria com gosto). Teria razão e até, no seguimento disto, compreende-se o choque que alguns pensionistas sentem: dado o seu número e importância eleitoral, achavam-se intocáveis. Esquece-se de um pequeno pormenor (às vezes não é esquecimento, há um intuito claro em misturar tudo no mesmo grupo): os pensionistas mais frágeis e que recebem verdadeiramente pensões baixas, ou seja, a esmagadora maioria dos pensionistas, têm-se mantido à margem dos cortes. Claro que isto, na cabecinha da Manelinha, onde cortar pensões; subir o IVA; passear pela rua; ou atirar-se de um prédio de dez andares, é tudo a mesma coisa, não passará de mero pormenor.

Lengalenga com onze anos

«Se não corrigirmos estruturalmente os desequilíbrios financeiros do Estado, suscitar-se-ão riscos de novos aumentos de impostos, o que poderá comprometer seriamente a retoma de economia e mergulhá-la de novo em ambiente recessivo». Onze anos nisto. Onze!!! E ainda há quem não tenha aprendido. Pretendia fazer um histórico mais alargado, mas vou ficar por esta notícia: Défice orçamental de 2001 foi de 4,1 por cento: Numa declaração dramática, a ministra das Finanças anunciou os resultados dos trabalhos da comissão Vítor Constâncio e pediu uma «atitude positiva». E o quê que fez a Manelinha nesta altura? Apostou na economia? A receita mágica que advoga agora em consonância com os socialistas? Não, aumentou impostos e conteve a despesa. Repito: com um défice de 4,1%, em circunstâncias internacionais bem mais favoráveis para o nosso país e sem os entraves ao nível do financiamento com que o actual governo se confronta, a Manelinha aumentou impostos e conteve a despesa. Perceba-se: não só o défice e a dívida agora são muito maiores, o que é mais do que suficiente para reflectirmos sobre o muito que ainda teremos de caminhar e o que nos espera, como o nosso querido vice quer renegociar a meta do défice para o próximo ano para os 4,5%. Uma meta - repito: meta - acima do valor dramático que a Manelinha recebeu, que tanto a preocupou e que a levou a aumentar impostos. Dito isto, a afirmação de Poiares Maduro de óbvia até dói. Para terminar, dá um certo gozo ler o último parágrafo da notícia de 2002 a que fiz ligação: «O Partido Socialista (PS) chama a atenção do Governo para defender em Bruxelas um défice de 3,6 por cento do PIB, uma vez que esse seria o valor estimado com base na metodologia seguida habitualmente, refere uma nota ontem distribuída. Por um lado, porque Portugal obteve uma derrogação para a contabilização das receitas fiscais incobráveis e, por outro, porque "os valores agora apresentados relativamente às dotações de capital parecem seguir um critério mais exigente e diverso do que tem sido aplicado por outros países". Sem querer transformar esta questão numa "polémica interpartidária", o PS assume o valor de 3,6 por cento como "défice excessivo" e "as responsabilidade do seu Governo, nomeadamente a incapacidade de prever que a fronteira dos 3 por cento pudesse ser ultrapassada", apesar de medidas de contenção tidas como "insuficientes".» Sempre era um bocadinho mais responsável do que é agora, mas na lógica de varrer os problemas para debaixo do tapete, nada mudou. Onze anos desta lengalenga. Onze!!!

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