We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Se há conversa tonta é aquela de que o Governo foi além da troika. É bom recordá-la a propósito disto. E aquilo nem é o mais relevante, porque se há coisa que me anima no cenário do PS é, precisamente, a da baixa da TSU para os empregadores. Um Governo que tivesse ido além da troika nunca teria deixado cair o «game changer» como o actual deixou. Mais, ao contrário do que alguma malta quer dar a entender, se há mais alternativas hoje do que no passado é porque há maior margem orçamental e o financiamento está muito mais facilitado - fruto, parcialmente, do trabalho deste governo, tenha-se noção disso - e não porque se comprove que, afinal, havia alternativa ao discurso do «não há alternativa». Mais: o cenário macro do PS revela que parte daquilo que se entende como alternativas mais não são do que variantes de um mesmo caminho que este governo percorreu, tentou percorrer ou está a percorrer. Há questões estruturais da economia portuguesa que têm mesmo de ser resolvidas e o que tem de ser tem muita força. Nesse sentido, onde outros vêem grandes diferenças, eu vejo muitas semelhanças. Aliás, se nos basearmos na retórica que dominou Portugal nos últimos anos, faria mais sentido algumas propostas do cenário macro do PS saírem de alguém com um mindset de direita do que um de esquerda. A diferença é que se essas mesmas medidas tivessem sido apresentadas por um partido de direita, caia o carmo e a trindade. Não o sendo, passam a ser boas e aceitáveis. As medidas são boas ou más não pelo seu valor intrínseco, mas por quem as apresenta. Como por aqui escrevi, tocar na TSU deixou de ser estúpido e a reposição parcial dos salários deixou de ser inconstitucional. Ah!, sobre aumento do salário mínimo o cenário macro do PS nada pressupõe, optando antes pelo crédito fiscal que tal como citado na notícia acima era ideia que a própria troika admitia. É, portanto, por quem se posiciona à direita, possível tecer elogios ao cenário do PS, não se percebe é a continuação da conversa que tenta fazer da troika o monstro mau.
Aqui há uns dias, a propósito desta notícia, tive uma troca de observações sobre a ideia de forçar os pais a partilharem a licença com as mães fiftiy-fifty, por contraponto à opção que já é possibilitada actualmente pela lei da licença - gozada obrigatoriamente pelas mães, pelo menos até ás seis semanas depois do parto -, ser partilhada em termos semelhantes caso o casal assim o entenda. Como argumentei na altura, esse tipo de proposta passa sempre por tentar trazer o homem para o mundo da condição feminina e, no seguimento dos argumentos que foram sendo produzidos, imaginei que no admirável mundo novo, iremos acabar com o pai a amamentar o bebé. Se há quem não perceba o porquê da mulher ter de gozar de legislação diferenciada em relação ao homem nesta matéria, que mais se pode argumentar? A ânsia pela igualdade é tanta que, se possível, deve ignorar-se a biologia. Lembrei-me desta conversa novamente a propósito desta notícia: Mulheres forçadas a espremer mamas para provar que amamentam. O método escolhido, que segundo vem escrito na notícia «consiste na expressão mamilar, o uso de bomba extractora de leite ou a amamentação da criança sob observação de uma enfermeira, em ambiente recatado e respeitando a privacidade da lactante», não me parece adequado, mas o altíssimo nível de fraudes detectadas é igualmente inaceitável. E a propósito da notícia em causa, que recorda-nos que há mulheres que mais de dois anos após o nascimento do filho continuam a ver o seu horário de trabalho reduzido para amanentarem, lembrei-me da conversa sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres e de como é óbvio que parte destas diferenças têm origem na maternidade. As coisas são o que são.
O jornal Público dá setinha para baixo ao Renzi, espera só até descobrirem que o novo coordenador do grupo de economistas escolhidos pelo PS para a elaboração do cenário macro é Mário Centeno (via Sol). Escolha que não deixa de ser surpreendente: chega à altura de traçar o cenário macro e não deixem de pensar num técnico do Banco de Portugal? E eu que pensava que o trabalho técnico do BdP não era credível (para que conste: a previsão não credível de então, segundo o deputado Galamba, se não acertar em cheio no alvo, vai ficar muito próxima). Dito isto: não era o Público, nomeadamente através da jornalista Teresa de Sousa, que andava a vender a ideia de que Costa era o nosso Renzi? Com um bocado de sorte - e para tristeza aparente do próprio Público -, ainda vai ter razão.
A propósito do "caso" Jessica Athayde, não estranho que sejam as mulheres as que mais críticam a sua imagem a desfilar na Moda Lisboa. No local de trabalho, e mesmo fora dele, as gajas são as piores inimigas delas próprias. Invejosas, intriguistas, e outras coisas tais. A imagem acima é tirada de um estudo do Workplace Bullying Institute e ajuda a demonstrar isso mesmo: nesse estudo, chegava-se à conclusão que ainda que elas fossem menos "bullies" do que os homens, quando o eram faziam das próprias mulheres, muito mais do que os homens, o seu alvo preferencial. Algo relacionado com isto, recordo-me de um director regional de uma entidade bancária que tinha como regra (não oficial) não colocar nenhum balcão só com mulheres. Dizia ele que todas as experiências que tinha tido nesse sentido tinham corrido mal: faltava-lhes a elas a capacidade masculina de conseguir gerir um ambiente que tinha de ser ao mesmo tempo competitivo e agradável. Dito isto, é agora tendência - nota-se, por exemplo, nas referências da pop contemporânea às skinnybitches - a defesa, muito bem-vinda, de que cada um(a) deve sentir-se bem com o corpo que tem. Mas, vamos lá ver, se uma gaja tipo Jessica Athayde for a referência nessa matéria para as restantes mulheres, acham mesmo que será o modelo perfeito para acabar com «a escravidão da imagem»? Não me gozem, pá.
Ignorando o brilhantismo da observação que dá título à notícia e notando que até Costa já fala da necessidade de «empreendedorismo das novas gerações», diga-se que a mim parece-me evidente que Portugal tem um problema de falta de licenciados e não de licenciados a mais, mas isso não invalida que, tragicamente, tenhamos excesso de licenciados em áreas que não interessam para nada ou vindos de cursos onde o que se aprende não tem aplicabilidade no mundo do trabalho, e, também por ai, se explique o desemprego registado em certos e determinados cursos. Taxa de desemprego dos licenciados no curso de Sociologia da Faculdade de Economia de Coimba do drº Boaventura Sousa Santos: 14,7% (média nacional para sociólogos é de 10,6%). Taxa de desemprego dos licenciados no curso de Ciência Política do ISCTE do drº André Freire: 16,3% (média nacional para politólogos é de 10,2%). Taxa de desemprego dos licenciados no curso de Economia da Universidade Nova de Lisboa, a meca do neoliberalismo: 1,8% (média nacional para economistas é de 6,7%). Dados retirados daqui: Infocursos.
O mercado de trabalho foi vítima da chegada da troika. É que nem há discussão sobre essa matéria, basta olhar para o gráfico e a evolução desse mesmo mercado de trabalho antes da troika cá chegar. Dizem que é uma espécie de jornalismo que nem consegue interpretar o que tem diante dos olhos.
Afinal, não se passou nada. Finjamos acreditar, até porque o Governo tenta salvar a face e tal estratégia de comunicação não é especialmente, nem sobretudo, para consumo interno. É que isto de ter andado a anunciar como grande cartão de visita junto de investidores internacionais que tinha sido feita uma grande reforma laboral - amplamente consensual e, portanto, para vigorar durante longos anos - e depois descobrir-se, mais de um ano depois, que parte da reforma fica pelo caminho parece-me coisa chata. Diz que os investidores gostam de segurança e estabilidade. Dito isto, no Wall Street Journal confunde-se reforma laboral com austeridade: uma vez que o mercado de trabalho americano é super flexível, os americanos vivem em austeridade permanente há séculos, é isso?