We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
A prova começou com uma Gisele Bündchen deslumbrante a levar o troféu até ao Maracanã, dando o primeiro indicio, dada a sua ascendência alemã, sobre quem sairia vencedor do desafio (e constituindo prova de que os alemães planeiam estas coisas com muita antecedência). No jogo propriamente dito, a Argentina veio apostada no contra-ataque, entregando a posse de bola aos alemães o que tornou mais difícil o jogo destes últimos (quem percebe isto, insisto, entende que esta treta de falarem da responsabilidade do Guardiola pelo jogo alemão é isso mesmo, treta).
Nas bancadas, notava-se a ausência da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, enquanto Vladimir Putin - não, ainda não anexou a Argentina - estava presente na qualidade de presidente do país que irá organizar o próximo Mundial. Merkel denotava confiança e Blatter tinha aspecto de quem ia fazer uma das suas. Como fez. Lá chegaremos.
Na foto acima, já com Dilma nas bancadas, a presidenta respirava de alívio - pior do que o Brasil perder, era ao mesmo tempo a Argentina ganhar -, tal como Merkel, após falhanço de Messi, muito apagado, numa das poucas oportunidades de golo para qualquer uma das equipas. Na verdade, o jogo foi fraquinho, tal como a maior parte dos jogos dos quartos-de-final para a frente, excessivamente tácticos e cautelosos, o que trouxe a qualidade deste mundial para um patamar inferior ao que tinha tido até os oitavos.
No final, lá apareceu o golo de Gotze - como substituto, bem melhor do que o adversário Palacio, que falhou a grande oportunidade da Argentina na primeira parte do prolongamento -, num tempo extra onde a Alemanha - não tendo sido necessariamente a melhor equipa hoje em campo, as equipas estiveram equilibradas neste confronto directo - beneficiou justamente de ter sido a melhor selecção em prova: o facto de não ter ido a prolongamento na sua meia-final pareceu garantir maior frescura física, sobretudo para os últimos quinze minutos. E quando pensamos que deu quatro a Portugal - e nós só perdemos mesmo para o campeão do mundo - e sete ao Brasil, haveria vencedor mais justo? Não me parece.
Para terminar, além de Neuer ter sido com justiça considerado o melhor guarda-redes e James Rodriguez, aqui é objectivo, o melhor marcador do Mundial, a política da FIFA entrou em acção: Messi melhor jogador do Mundial quando só na sua equipa, para não ir mais longe, Mascherano esteve muitos furos acima, é delirante. Mas aconteceu e compreende-se: esta FIFA de Blatter idolatra Messi da mesma forma que desprezava Maradona. Ele não tem culpa, mas isso é uma das coisas que por vezes leva-me a irritar com o anão argentino: nem precisa tocar na bola e já é o melhor do mundo. Tem o trabalho facilitado por preferência dos senhores de fato do futebol. Também por isso valorizo tanto o trabalho de Cristiano Ronaldo, que para ter sido eleito o melhor do mundo por duas vezes teve de lutar contra este jogo político sujo. E ainda mais Maradona, que sabe-se que foi o que foi contra tudo e contra todos. E continua sem rival à altura.
Enfim, chegado ao fim este Mundial, faça-se justiça e reconheça-se a superioridade alemã a tratar a bola... nem os argentinos conseguiram resistir-lhe.
Foi com alegria que assisti ao esmagamento deste Brasil por esta Alemanha imperial, a mesma que já havia espetado quatro a Portugal no seu e nosso primeiro jogo no Mundial. Ainda assim, antes quatro que sete. E talvez que com este resultado se melhor possa compreender que a nossa selecção não estava tão mal quanto aparentou e, afinal, arrisca-se, pela terceira vez consecutiva, a ser eliminada de uma grande competição internacional perdendo apenas para o vencedor da mesma. De registar, também, com o jogo de hoje, que Klose entra na história do futebol, tornando-se o melhor marcador de sempre em mundiais, quando a nível de proezas em clubes não passará de uma pequena nota de rodapé.
E não queria deixar passar a oportunidade para falar de treinadores. Em primeiro lugar, Scolari. Sempre foi mais um bom motivador de jogadores do que um verdadeiro técnico. Muitos dizem dele ter sido o melhor seleccionador que Portugal conheceu. Tenho muitas dúvidas nessa matéria: o homem que pôs bandeirinhas portuguesas por tudo quanto era Portugal em 2004 (na verdade, tenho a ideia de que foi Marcelo Rebelo de Sousa, mas deixem agarrar-me ao mito), teve ao seu tempo uma geração de jogadores que nenhum outro seleccionador, antes ou depois, teve a sorte de ter ao seu dispor. Recorde-se que, pelo menos em duas das três competições em que Scolari liderou Portugal, conseguiu juntar Figo e Cristiano Ronaldo. Numa, em 2004, tínhamos acabado de ver o F.C.Porto campeão europeu e era o seu meio campo, com um Deco naturalizado, quem construía o jogo de Portugal. Em 2008, já Scolari e a equipa portuguesa davam mostras de cansaço, e o homem, legitimamente aliciado pelas verdinhas do Abramovich, saiu para o Chelsea onde as suas fracas capacidades enquanto técnico, sempre mais necessárias num clube do que numa selecção, vieram ao de cima. O resto foi o que se sabe.
Em segundo lugar, Guardiola. Leio e oiço quem diga que a supremacia alemã deve muito a Guardiola. Ou estão cegos, ou recusam-se a ver o óbvio. Esta Alemanha, embora tenha alguns jogadores do Bayern, é a antítese do futebol que o técnico espanhol defende. E adopta muito mais o processo do Bayern de Heynckes, o tal que ganhou a Champions antes do Guardiola ir para lá, aplicando goleadas ao Barcelona do tiki-taka. Isso nota-se, por exemplo, na posse de bola: foi o Brasil quem teve mais bola. Não lhe serviu de muito. Enfim, parece-me indiscutível que o estilo de jogo dos futebolistas alemães adapta-se melhor a um jogo de transições rápidas e directas. Que o espanhol, dado os jogadores de que dispunha - entretanto já se vai ver livre do Tony Kroos -, tenha tentado adaptar uma cultura contranatura no Bayern, explica em parte as goleadas que levou do Real este ano. Nessa teimosia, no ano futebolistico que findou, esteve ao nível de um Scolari.
Se a fase de grupos já tinha sido muito boa, os oitavos-de-final não lhe ficaram atrás. Conta-se pelos dedos da mão os jogos aborrecidos neste Mundial e nenhum dos que apurou as oito melhores equipas em prova está entre eles. E se um prodígio que deve muito da sua formação a um clube português, refiro-me a James Rodriguez e ao F.C.Porto, já tinha brilhado intensamente há uns dias, hoje foi a vez de Di Maria brilhar, jogador que muito deve ao Benfica de Jesus. Além disso, ontem, já tínhamos tido, no jogo da Argélia contra a Alemanha, um Slimani espectacular e muito esforçado (essa é uma característica que vou recordar deste Mundial: os jogadores da maior parte das equipas a darem tudo o que têm em campo). E, para além dos nomes já referenciados, olha-se para os jogos destes oitavos-de-final e vimos em campo outros jogadores que estão ou passaram por Portugal como Hulk; David Luiz; Ramires; Jackson Martinez; Maxi Pereira; Álvaro Pereira; Herrera; Karagounis; Katsouranis; Halliche; Benaglio; Rojo; Garay; e Witsel; a que se podem ainda somar aqueles que não jogando, estiveram no banco das suas equipas: Mangala; Quintero; Quarin; Enzo Perez; e Ghilas; e fica mais ou menos claro que o lugar do campeonato português no ranking da UEFA não é fruto do acaso (se acrescentar o Gelson Fernandes, só com jogadores que jogam ou jogaram em Portugal consigo fazer uma equipa plena de 23 jogadores). Muito talento tem passado por Portugal.
E depois há a maravilha que a foto acima documenta, tirada enquanto decorria o encontro da Bélgica com os Estados Unidos em terras do Tio Sam (e foram muitas, noutros estádios, em tudo semelhantes que se puderam tirar). Mas num Mundial onde até os jogos que terminam os noventa minutos com zero a zero no marcador têm sido interessantes de acompanhar, não é de admirar que até os norte-americanos do basebol; do basquetebol; do hóquei no gelo; e do futebol americano; terra onde o futebol é soccer; tenham apanhado o bichinho. E a selecção deles, diga-se, até fez por justificar o apoio. Isto dito, conclua-se que nunca, como hoje, fez tanto sentido chamar àquela coisa que são onze jogadores de cada lado a correr atrás de uma bola para a enfiar na baliza do adversário o nome de desporto rei.
(Obama, na Casa Branca, a acompanhar o encontro entre o seu país e a Bélgica)
Será a colocação de jogos neste Mundial à hora de maior calor justificada? Nota-se que a FIFA tem preocupação com os jogadores e por isso introduziu, no Holanda vs México que acabo de assistir, duas pausas extra para os jogadores se refrescarem. Mudar a hora do jogo para uma altura do dia com temperaturas mais baixas seria certamente solução muito mais complicada do ponto de vista da rentabilização financeira, pelo horário das transmissões televisivas em mercados relevantes. E, pelo sim, pelo não, sempre se vai testando as condições do Mundial do Qatar, onde estará ainda maior calor, mesmo que joguem à noite. É os homens do dinheiro a sobreporem-se aos homens que jogam futebol. É a FIFA, no fundo.
Sobre o jogo propriamente dito, fiquei feliz com a vitória da Holanda, onde Robben continua a brilhar, demonstrando ser um dos melhores jogadores em prova. Há quem não se canse de referir que o jogador holandês gosta de se atirar para a piscina e que hoje o terá feito novamente. No penálti assinalado tenho dúvidas sobre se foi bem assinalado, mas dúvidas é que não as tenho sobre o penálti que Pedro Proença terá deixado passar no final da primeira parte, tendo na globalidade do jogo o árbitro português feito uma arbitragem ao nível das exibições da selecção portuguesa. E acrescente-se que, ignorando ser a Holanda a selecção pela qual torço desde a eliminação portuguesa, por muita simpatia que tivesse pelo México, o facto da vitória da Holanda significar mais campeonato do mundo e menos copa América era, só por si, motivo para celebrar.
Ontem, por outro lado, a noite foi totalmente de copa América. E tendo ficado apuradas para os quartos-de-final as duas equipas que jogaram de amarelo, ficou evidente que é a Colômbia a equipa de amarelo a praticar melhor futebol. James Rodríguez, jogador que cresceu muito com a sua passagem pelo F.C.Porto, teve outro lance genial e, continuando assim, arrisca tornar-se o melhor jogador deste mundial. O que me leva a outra observação: fala-se muito da renovação que é necessária fazer da selecção portuguesa de futebol, pelo que pergunto: com que jogadores? Com Porto e Benfica focados no desenvolvimento de jogadores de outras nacionalidades; só com o Sporting a apostar em jogadores portugueses; onde é que está o talento para renovar com qualidade a nossa selecção? Tenho dificuldade em descobri-lo e temo que «renovação da selecção» não passe de outro chavão tipo «reforma do Estado».
Comecemos por uma evidência: a qualidade do jogo de Portugal neste Mundial tem ido do mau ao péssimo. Perante isso, e com o provável não apuramento da selecção para a próxima fase, tem Paulo Bento condições para continuar como seleccionador nacional? Não me parece. Depois, coloquemos de parte um debate que acho particularmente aborrecido: se devia jogar o manel ou a maria; se o joão ou a joana deviam ter sido convocados. É um debate que me interessa pouco. Para, por fim, concentrarmos toda a nossa atenção naquela que terá sido, sem tirar responsabilidades a Paulo Bento, a principal explicação para o que está a suceder a Portugal: a forma de Ronaldo, Moutinho e Pepe (a que se pode acrescentar a lesão de Coentrão). A discutir nomes, discutam-se estes pela sua relevância: os nossos três (quatro) melhores jogadores, aqueles que em condições normais conseguem elevar o jogo de Portugal a outro nível, estiveram ausentes do Mundial. Sem eles, fazer muito melhor do que o que temos feito, era impossível.
No país tropical, o futebol tem sido de qualidade e com muitos golos. Uma festa. Fico-me por alguns países do continente americano, que, talvez favorecidos pela geografia, andam a dar mais nas vistas do que é habitual: a Costa Rica é, até agora, a grande surpresa do torneio e já merece a minha simpatia; a Colômbia e o México, igualmente, têm praticado muito bom futebol, sendo que Quintero por um lado e Herrera pelo outro têm ajudado a demonstrar que o plantel do Porto este ano não era tão mau quanto aparentou ser, apenas faltou treinador que o soubesse aproveitar.
Menos festivo anda o ambiente em torno da selecção nacional, com os abutres do costume a perorarem sobre a selecção de Paulo Bento e o trabalho do técnico. Reparem que não acho que Paulo Bento esteja imune à crítica, não conheço ninguém perfeito ao ponto de acertar sempre, mas a má língua permanentemente dirigida a quem tem responsabilidades de qualquer nível nunca deixa de me surpreender. Por exemplo, um tal de Rui Santos passa a vida a falar da selecção de Jorge Mendes, contudo, se prestarem atenção, praticamente todos os jogadores apresentados como alternativas aos escolhidos pelo seleccionador nacional são, também, jogadores de Jorge Mendes (Adrien; Bebé; Danny; Quaresma) e muitos dos que são apontados como sendo os que não deviam ter sido convocados, não o são (Nani; André Almeida; Vieirinha). Confusos? Não estejam, a malta que faz comentário precisa de criar polémica para gerar audiências. É uma guerra e a verdade às tantas torna-se um dano colateral. Jorge Mendes tem muitos dos seus jogadores na selecção? Claro que tem, representa quase todos os bons jogadores portugueses, pelo que tal coisa seria sempre inevitável. O resto é treta.
Depois, há o caso dos invejosos e ressabiados. Em 2012, a táctica já havia sido ensaiada, mas como Paulo Bento e Ronaldo levaram a selecção à meia-final do Europeu - memória, gosto de ter memória, há muitos que falam de Paulo Bento e destes jogadores como se não tivessem histórico -, tiveram de meter a viola no saco. Agora, lá aparecem novamente a sair do buraco. Carlos Queiroz, até por treinar outra selecção no Mundial à qual devia dedicar atenção exclusiva, invés de se meter em assuntos de uma selecção que, neste contexto, é sua adversária, acaba por se tornar, nesse aspecto, o pior de todos. Tempos houve em que tinha opinião favorável dele, nos dias que correm prefiro nem dizer o que realmente penso sobre o que as suas atitudes vão revelando sobre o seu carácter. Ainda assim, sempre digo que se a sua passagem pelo comando da nossa selecção feriu-lhe o ego e não recuperou do trauma, há solução para isso que não aquela em que se tem especializado.
Para terminar, permitam-me acrescentar que não tenho pachorra para Luís Freitas Lobo. E não é por ele ter dito, ainda antes do jogo com a Alemanha, que não tinha pachorra para um certo discurso de Paulo Bento: acho que a interpretação que fizeram dessas declarações foi abusiva e naquilo que Luís Freitas Lobo criticava Paulo Bento até teria alguma razão. Mas não tenho pachorra para Freitas Lobo porque tem sempre aquela aura de mestre da táctica quando não passa de um mestre da retórica. Por outro lado, o melhor comentador da bola neste momento na televisão é Carlos Daniel. Alguém que combina espírito crítico com qualidade na análise, sem grandes floreados, e que tem a vantagem de fazer comentário desportivo, exibindo conhecimento na matéria, sem depender dele. Antes de ser um grande comentador desportivo, é um grande jornalista. Chapeau!
Gostei muito de ver o Pirlo a espalhar magia no Brasil. Tal como o vinho, parece melhorar à medida que envelhece. Com 35 anos, continua a ser o maestro da sua equipa. Fez 108 passes no jogo com a Inglaterra, acertou 103. Simulação perfeita no lance do primeiro golo italiano; remate de livre fantástico que merecia ter tido melhor sorte que a barra. Mas passemos a coisas mais tristes.
Passos e Cavaco fizeram bem em não ir ao Brasil, pois sendo certo que por um lado perde-se a oportunidade de ter um líder português a figurar na caderneta de cromos constituída pelas fotos dos líderes mundiais com Blatter, evitaram estar presentes na maior humilhação futebolística portuguesa a que assisti. Muito se falará da escolha da equipa titular por Paulo Bento, mas parece-me um equívoco esse debate. Com um Patrício que decidiu demonstrar outra vez que não sabe jogar com os pés e, portanto, nunca será guarda-redes de topo; com um João Pereira a fazer lembrar os seus piores tempos no Sporting; com Pepe a evidenciar-se pelo soltar do seu lado violento, além de ter sido ele o jogador que falhou no lance pelo ar que deu o segundo golo dos alemães; com a equipa no ataque, mesmo em situações onde tal não se justificava, a só ter olhos para o Ronaldo, no que só pode facilitar a vida a quem defende; com Moutinho a demonstrar que os ares do Mónaco não lhe fizeram bem, antes pelo contrário; etc.; se há alguma coisa de muito errada, dificilmente se restringirá à simples constituição da equipa (até porque Portugal não tem um leque de escolhas por ai além que possibilite grande debate sobre quem deve ou não jogar).
Enfim, na desorientação que infectou quase todos os jogadores, se não todos - em muitos, como Ronaldo, a preceder a desorientação esteve uma desilusão precoce com o rumo que o jogo seguia: o pénalti fez mossa -, fez lembrar o Mundial da Coreia em 2002. Mau augúrio, ainda que não devamos deitar a toalha ao chão. Mas, com aquele apelo de Ricardo Costa logo a seguir ao final do jogo de que temos de «levantar a cabeça», a coisa promete. Noutro ano de má memória, em 1986, já foi esse o cognome atribuído aos jogadores portugueses e temo que acabemos regressando a ele: os Patrícios. Sendo que com Patrícios, não vamos lá.
Para terminar, dizer que se Merkel festejou, além da nossa evidente falta de capacidade, a culpa é mesmo da Alemanha - mais organizada; mais eficiente; em suma, deu-nos banho de bola -, e não do árbitro; nem da FIFA, nem do Platini. Não se procure inventar desculpas onde elas não existem.
Dá-me prazer ver um certo estilo de jogo, com origem em Guardiola, continuar o seu declínio. Declinio esse que segue a par e passo com o passar dos anos para jogadores como Xavi e Iniesta. Em Van Persie e Arjen Robben - acompanhados por Sneijder -, concentra-se muito do melhor que há no futebol que mais aprecio. Futebol directo com virtuosismo e rapidez à mistura, só à altura dos melhores. Quando eficaz, é puro encanto. A destruição do futebol de posse de bola aos pés do futebol directo é o que de mais belo e sublime pode acontecer num campo relvado. Paula Rego, nos seus quadros, nem sonha alcançar algo que se aproxime sequer. Mas, isto dito, permitam que me concentre num só jogador: Robben muitas vezes só tem olhos para a baliza, outras tantas não sabe ajudar a defender, o que irrita sobremaneira alguns treinadores, mas para um adepto de futebol, é quase sempre garantia de espectáculo. Hoje, tornou a lembrar o quão injusto foi terem atirado Ribéry para uma disputa com Ronaldo e Messi pelo título de melhor do mundo do ano passado quando Robben não lhe ficou atrás. Recordem-me uma grande exibição do Ribéry que o mundo jamais esquecerá? Não há. E se depender deste campeonato do mundo, ainda que devido a ausência por lesão, continuará a não haver. Por outro lado, para uma grande exibição de Robben, não é preciso ir muito longe. Basta o jogo de hoje. Contribuição decisiva na derrota mais pesada de um campeão em título na história dos mundiais. Venham mais jogos destes que a malta agradece. Os adversários, talvez não.
O Brasil, país organizador da copa, tinha de ganhar o primeiro jogo, até para não acender ainda mais a tensão social. Os protestos na rua alargaram-se ao terreno de jogo onde Felipão esteve particularmente activo na pressão sobre o árbitro. O Brasil ganhou. Para Blatter e Dilma, tudo acabou bem.