A Catarina e o Jerónimo concordam
O que devia ser um problema para o PS: Varoufakis aconselha PS a não se comprometer com regras da zona euro
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
O que devia ser um problema para o PS: Varoufakis aconselha PS a não se comprometer com regras da zona euro
Mas calma que Lains tem outra solução: que Passos se demita. Esta gente nem inventada. E depois, se for preciso, ainda vêm dizer que a dupla PSD/CDS é que não percebeu os resultados eleitorais. Igualmente brilhante é o argumento de que o PSD radicalizou quando é o PS que anda a negociar com a extrema-esquerda. É preciso encontrar forma de justificar o injustificável (nota: o PS na campanha usava uma pergunta para atacar a PàF que era aquela do «pode alguém ser quem não é?», curiosamente, a mesma pergunta é perfeita para ser feita aos novos "companheiros" do PS: o BE e o PCP).
Até Manuela Ferreira Leite teria votado PàF e, por consequência, em Pedro Passos Coelho. É este o efeito que a frente vermelha provoca em algumas pessoas. Justificadamente, diga-se. «Há entre mim e Manuela Ferreira Leite uma identidade de pontos de vista muito significativa», dizia António Costa há menos de dois meses. Devia ouvi-la agora.
Sobre o voto da emigração, no círculo da Europa: o PS perdeu mais de três mil votos em relação a 2011, a PàF perdeu menos de mil votos. Com tanto discurso do PS e de outros comentadores lusos nacionais sobre os emigrantes irados com a PàF, só com a PàF, não se compreende.
Seguro foi corrido do PS depois de ter concorrido às Europeias com o moderado Assis como cabeça de lista e o PS ter vencido o acto eleitoral (a moderação era mal vinda). Apesar da vitória, os jovens turcos não gostaram. Os opinadores também não gostavam. A oposição ao governo era fraca. Era preciso radicalizar para chegar à maioria absoluta. Vitórias por poucochinho é que não (agora até já ensaiam cenários onde a derrota do PS permite deixar Costa como PM ou, como dizia o outro, «o mundo mudou»). É por isso que não acredito nas sondagens, instrumento, aliás, agora desvalorizados por quem antes aplaudia efusivamente esta opinião: António Costa diz que sondagem demonstra urgência de nova liderança no PS (até 4 de Outubro já não dá para trocar a actual liderança, mas depois disso estejam á vontade). Mas porquê que não acredito nas sondagens? Porque malta como o deputado João Galamba e o opinador Adão e Silva só podiam ter razão na altura e, por arrasto, nestas eleições o PS vai ganhar folgado. Ou lembram-se de alguma vez esta gente ter falhado estrondosamente em alguma coisa que defenderam? Enfim, acabaram-se as vitória por poucochinho, ou vitória folgada... ou derrota humilhante.
Como inúmeros exemplos provam, inclusive em Portugal (basta lembrar os recentes casos das eleições europeias e as regionais na Madeira), as sondagens nem sempre coincidem com o resultado do acto eleitoral em si. Mas isso apenas prova que a arte de fazer sondagens não é uma ciência exacta. Vem isto a propósito da malta que volta e meia diz que as sondagens são manipuladas. Curiosamente, até aparecer uma sondagem que dava 5 pontos percentuais de vantagem à coligação, da Aximage, essa conversa não andava no ar. Mas com essa sondagem, até Pacheco Pereira virou um especialista no assunto. Era preciso desvalorizar, dai que com toda a seriedade de especialista que lhe assiste, malhou forte e feio no trabalho da Aximage. Agora que as sondagens da Católica e da Intercampus confirmam que a sondagem da Aximage não estava tão longe dos resultados que se andam a obter no terreno - que, repito, podem depois em nada coincidir com o resultado efectivo de dia 4 de Outubro -, aguardo ansiosamente para voltar a ouvir o especialista Pacheco. Entretanto, tentem lá saber junto do PS se os resultados das suas próprias sondagens internas, como o PSD já tinha feito saber em relação às suas, não estão em linha com os números apresentados pelos OCS por estes dias? Aposto que estão. Até porque o desânimo nas hostes socialistas é por demais evidente (não só desânimo, mas como a notícia também relata, Costa alinha o discurso perante o que as sondagens lhe vão indicando: ou seja, bem podem tentar desvalorizá-las, que nota-se que estão a levá-las demasiado a sério).
«Tem um custo?». Tem. «Mas tem de ser». Fez foi as contas e sabe que a falta de apoio ao partido tem um potencial de perda muito superior. Marcelo é o tipo fantástico que de manhã consegue passar por um social-democrata ferrenho; à tarde visita a festa do Avante; e à noite ensaia um discurso quase equidistante em relação a todos os partidos. Não me digam que isto não implica uma certa arte, pois não conheço nenhum outro personagem capaz de igual jogo de cintura.
Quando o assunto toca em Ferreira Leite, Pedro Adão e Silva vira rapidamente «ex-dirigente do PS» (um exemplo mais antigo aqui e outro, fresquinho, aqui). Uma pena que noutros contextos, este «spin doctor» socialista muito activo, raramente seja apresentado assim.
«Parece não haver dúvida que ao Governo interessa que a venda ocorra depois das eleições». Pelo contrário, se o melhor lado deste governo de Passos Coelho voltar a manifestar-se - e há sinais nesse sentido -, o governo nada fará para travar a venda antes das eleições, antes pelo contrário. Existirão perdas? Sim, suportadas pelo fundo de resolução. Mas ou bem que se acredita na virtude do modelo de resolução escolhido - que atira as perdas para o sector bancário (entenda-se, igualmente: a coisa vai ser paga pelos clientes dos bancos) -, ou então o Governo estaria a dar razão aos que querem confundir perdas para o fundo de resolução com perdas para o contribuinte. Carlos Costa que venda o banco e deixe aparecer um novo player, plenamente capacitado, no mercado.
Ele chegou onde chegou por causa das suas ligações políticas. A comunicação social dá-lhe o destaque que lhe dá pela mesmíssima razão. O que importa é entrar no círculo. A banalidade, o lero-lero, a repetição recorrente da mesma treta vezes e vezes sem conta, até acaba por ser bem-vinda. Coordenou um dos grupos de "reflexão" da Plataforma «Construir Ideias» com que Passos Coelho começou a preparar o assalto ao poder. Mas como gajo que se sabe mover nestas coisas, não deixa de recolher apoios "across the aisle", como dizem os norte-americanos. E o país nem tão cedo se vai livrar deste tipo de gente.