We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Como inúmeros exemplos provam, inclusive em Portugal (basta lembrar os recentes casos das eleições europeias e as regionais na Madeira), as sondagens nem sempre coincidem com o resultado do acto eleitoral em si. Mas isso apenas prova que a arte de fazer sondagens não é uma ciência exacta. Vem isto a propósito da malta que volta e meia diz que as sondagens são manipuladas. Curiosamente, até aparecer uma sondagem que dava 5 pontos percentuais de vantagem à coligação, da Aximage, essa conversa não andava no ar. Mas com essa sondagem, até Pacheco Pereira virou um especialista no assunto. Era preciso desvalorizar, dai que com toda a seriedade de especialista que lhe assiste, malhou forte e feio no trabalho da Aximage. Agora que as sondagens da Católica e da Intercampus confirmam que a sondagem da Aximage não estava tão longe dos resultados que se andam a obter no terreno - que, repito, podem depois em nada coincidir com o resultado efectivo de dia 4 de Outubro -, aguardo ansiosamente para voltar a ouvir o especialista Pacheco. Entretanto, tentem lá saber junto do PS se os resultados das suas próprias sondagens internas, como o PSD já tinha feito saber em relação às suas, não estão em linha com os números apresentados pelos OCS por estes dias? Aposto que estão. Até porque o desânimo nas hostes socialistas é por demais evidente (não só desânimo, mas como a notícia também relata, Costa alinha o discurso perante o que as sondagens lhe vão indicando: ou seja, bem podem tentar desvalorizá-las, que nota-se que estão a levá-las demasiado a sério).
Este texto de André Azevedo Alves explicado com um "desenho" simples: enquanto os jovens turcos socialistas ou simpatizantes socialistas deliram em aprovação, nas redes sociais, com os argumentos de Pacheco Pereira, Jorge Coelho, na Quadratura do Círculo, diz que o militante social-democrata (que deve ser um dos eleitores do Nóvoa) é o representante do Syriza no programa. Como estes jovens turcos quiseram correr com a liderança socialista anterior porque, entre outras coisas, Pacheco era mais oposição ao Governo do que o Partido Socialista de Seguro, perante a manutenção de um quadro com Costa semelhante ao do passado, proponho Pacheco Pereira para líder do PS. Só assim o prognóstico de Soares concretizar-se-à: «Se o PS fosse um bocadinho mais activo tinha 90% dos votos».
Não cheira a campanha eleitoral, estamos já em plena campanha eleitoral. É diferente. Evidência disso foram os discursos feitos nas jornadas parlamentares do PS, nomeadamente o de António Costa, onde a cada duas frases, uma era treta e a outra era semi-treta. Por exemplo, esta mensagem propagandística que os socialistas insistem em propagar é isso mesmo: propaganda. E da mais rasteira e insultuosa à inteligência de quem se depara com ela que pode haver. Nem precisamos de nos concentrar na análise dos números, pois basta ficarmos pelo essencial: com que então a acção deste governo fez o país recuar décadas numa série de indicadores? Já a acção governativa de Sócrates que deixou o país de rastos não tem nada a ver com isso, não é assim? E pessoas aparentemente inteligentes propagam isto? Sim. Acreditam nisto? Não creio. Ou como a política nunca foi terreno fértil para malta com honestidade intelectual. Enfim, do discurso de Costa que ouvi com particular atenção, fica evidente que o PS assenta a sua narrativa em inúmeras falácias e mentiras. Por exemplo, queixa-se António Costa que a política adoptada por este governo falhou, como se a política deste governo não tivesse sido a única política possível depois do legado de Sócrates, política que o próprio PS assumiu como sua quando em 2011 concorreu às eleições com o mesmo programa eleitoral do PSD e do CDS: o memorando de entendimento. E falhou porquê? Diz Costa, por exemplo, que a dívida não parou de subir: verdade, mas isso está muito longe de contar a história relevante: a dívida não parou de subir, mas o ritmo de subida da dívida é hoje bastante inferior ao que teve a partir 2008, quando a dívida começou a crescer ao ritmo insustentável de mais de 10 pontos percentuais por ano (não tendo ainda a dívida começado a descer, nesta fase estamos num ponto em que é provável e expectável que isso aconteça a muito curto-prazo: e esta evolução mais positiva da situação da dívida liga, evidentemente, à evolução também ela positiva do défice, sempre em queda). Ignoram também os socialistas, muito convenientemente, a forma como parte dessa subida da dívida deveu-se a dívida que já estava lá, assumida pelos socialistas, mas que não estava reflectida nas contas.
Mas há mais: a forma como os socialistas falam de emigração é tópico para me irritar pelas doses de demagogia que trazem ao debate. O gráfico acima deixa claro quem é que trouxe de volta o tópico emigração à sociedade portuguesa: foram eles, os socialistas, com as suas políticas irresponsáveis. Em variação absoluta foi no ano da bancarrota Sócrates que se deu o maior pulo no número de emigrantes permanentes (passou de 23760 para 43998: mais 20238 emigrantes num só ano) e em termos de variação relativa foi em 2008 que sucedeu o maior aumento (passou de 7890 para 20357: um aumento de 158%). Claro que na narrativa socialista o grande problema foi o actual governo - e nomeadamente o seu PM - terem de certa forma acarinhado a ideia de emigração (os socialistas podem ser os responsáveis, mas como é óbvio nunca acarinham os efeitos e as necessidades que as suas próprias políticas geram). Como não acarinhá-la se depois da bancarrota Sócrates a emigração tinha o efeito extraordinariamente benéfico de aliviar a pressão ao nível do desemprego e dos salários? Além disso, garantia maiores remessas num país depauperado e em profundo desequilíbrio nas contas com o exterior. Note-se, aliás, que uma das declarações de Passos que gerou polémica foi quando disse aos professores que ficaram desempregados que, se quisessem continuar professores, mais valia emigrarem, porque o país não tinha condições para empregar tanto professor, nem, mais importante, precisava deles (ainda que tivesse condições orçamentais para os empregar). Os socialistas, claro, quando no poder adoptaram outra resposta para esta problemática: inventaram trabalho para os professores, nomeadamente com os cursos de novas oportunidades, que foi mais um daqueles programas particularmente tontos e sem grande efeito prático na sociedade portuguesa que os socráticos levaram adiante. Sem retorno que se tivesse visto desse tipo de programa, no final o resultado só podia ter sido o que foi: o país "faliu" e esses programas foram, em boa parte, descontinuados. Mas Costa, a partir da falácia de que o que o país precisa é de aumentar as qualificações dos seus trabalhadores (note-se que a falácia não é a da necessidade de investir na qualificação das pessoas, mas antes em assumir que as novas oportunidades qualificavam determinantemente os portugueses e contribuíam para esse desiderato, quando no fundo este tipo de programa serviu essencialmente para garantir empregos a professores), pelo discurso que lhe ouvi, quer recuperá-los: devemos ficar preocupados? Temo que sim. Aliás, o mesmo Costa que diz que o problema do desequilíbrio externo está longe de estar resolvido, é aquele que nas medidas que vai sugerindo como suas prioridades - reabilitação urbana (empregos para a malta da construção); novas oportunidades (emprego para os professores); e baixa do iva da restauração (empregos para empregados de mesa) -, só pode estar focado no mercado interno e, portanto, em menos de nada destruirá completamente o resultado obtido ao nível das contas externas. Nesta medida, serão sustentáveis as poucas políticas que os socialistas vão sugerindo pretender seguir? Não, não são.
Para terminar, em artigo recente no Público, Pacheco Pereira, com um texto que podia perfeitamente assumir carácter propagandístico para o PS, distinguia entre uma crise em 2011 e outra crise em 2015. Esta ideia de duas crises distintas pode dar jeito a quem quer separar a governação Sócrates da realidade de hoje - isto porque não quer que o partido dos socráticos continue a ser julgado nas eleições deste ano, apesar dos socráticos continuarem todos por lá, antes e acima de tudo pretendendo concentrar o julgamento no governo de Passos e Portas -, mas é absolutamente e particularmente tonta. Que a realidade de hoje é, na sua maior parte, a consequência da crise que culminou em 2011 com a chamada da troika é inegável. E que estes efeitos; 1) porque a dívida subiu muito e vai ser difícil reduzi-la; 2) porque o desemprego subiu muito e parte dele tornou-se estrutural; 3) porque a anterior estrutura produtiva (construção, restauração, professores, etc.), alicerçada numa alocação de recursos ineficiente e insustentável, rebentou e uma nova estrutura produtiva não aparece de um dia para o outro; 4) porque não podemos, nem devemos, recorrer ao endividamento externo para dar a volta por cima; vão perdurar no tempo também o é. Só que em 2011 esta evolução já era de todo esperada e expectável, bastava ver a tendência que vinha de trás. E foi na imperiosa necessidade de contenção do que estava para vir que 2011 tornou-se um marco na nossa história democrática, pois ao contrário do que conta Pacheco, a actuação política de então era tão mais limitada do que a actual que PS, PSD e CDS viram-se obrigados a concorrer às eleições com o mesmo programa eleitoral, coisa que já não sucederá em 2015. E não acontece porque estamos numa fase em que é possível aliviar alguns desses efeitos: o que só pode ser entendido como um sucesso deste governo. Enfim, diz Pacheco que em «2011, Portugal conheceu uma grave crise financeira, ficando a um passo da bancarrota», enquanto em «2015, Portugal conhece uma grave crise económica, social, política e moral». Achar que a crise de 2011 - que não é verdadeiramente de 2011, porque vem de muito antes disso -, não foi também ela «económica, social, política e moral» é de quem não está a pescar nada disto. Mas eu acho que esta malta pesca, não quer é dizê-lo, por isso tem de inventar narrativas.
Isto é delirante, nada menos do que delirante: «O actual governo mereceu também da banca todos os elogios e retribuiu em espécie, impedindo que qualquer legislação que diminuísse os lucros da banca passasse no parlamento, ou ficando como penhor de bancos que em condições normais iriam à falência, mesmo numa altura em que já era difícil alegar crise sistémica». Vamos ignorar que o «penhor de bancos» resultou de imposição da troika e era inevitável dada a forma como foi planeada a intervenção pelas instituições europeias, mas fiquemos pela legislação que não tem permitido que a banca diminua os seus lucros. Quais lucros? Sim, quais lucros? Façam favor de avisar o panfletário Pacheco de que há três anos a esta parte a banca está mais para o prejuízo do que para o lucro. Mas não deixemos este pequeno pormenor estragar uma boa história: a banca lucra; o pobre sofre. Enfim, há outros pontos delirantes no texto do prezado intelectual e historiador - que parte sempre da premissa de que se algo estava mal, com este executivo piorou -, mas este basta para demonstrar a capacidade extraordinária que o ódio tem de cegar. Para Pacheco, tudo vale para incitar nos outros a mesma raiva que sente por quem um dia lhe barrou o caminho. O barbudo é um recanto permanente da luta interna no PSD que mimetiza o que se assiste agora num âmbito mais alargado no PS.
1. O Governo demite-se. Pacheco Pereira virá explicar que é mais um acto de vingança contra o país.
2. António Lobo Xavier anda mais lúcido, mas lembro-me quando o próprio sugeriu que os impostos anunciados para 2013 pareciam um acto de vingança do Governo face à cedência a que foi forçado de deixar cair a medida da TSU.
3. Reparem como António Costa está sempre com um sorriso na cara. Claramente, um tipo que sofre muito com esta crise.
Como 'estratega' de Ferreira Leite pode ter sido uma desgraça, mas diga-se que parece ter maior vocação para fazer oposição ao actual Governo do que António José Seguro.
Este discurso, este mesmo discurso, ouvi eu centenas de vezes ser dirigido a Manuela Ferreira Leite. Nem mais, nem menos. A clareza das coisas depende muito do olhar subjectivo do observador.