We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Acabei de ver a primeira temporada de The Wire, cujo argumento achei particularmente bom. Desta primeira temporada, a conclusão final a tirar é que por muito que um par de indivíduos tente mudar um sistema corrompido, o sistema tenderá a ganhar. A mensagem não é bonita, mas estará mais próxima da realidade do que qualquer outra. Às tantas, um personagem que no inicio é-nos apresentado como tendo os seus podres e estando a caminho do topo, opta por fazer o que está correcto. Ao tentar inverter as regras do jogo, falha miseravelmente e acaba posto de lado. Foram os podres que o colocaram numa posição na hierarquia capaz de fazer alguma diferença; foi a tentativa de distanciamento destes que o afastou dessa mesma posição. O sistema tritura quem se lhes opõe. E ter e continuar a somar podres ao longo da caminhada dentro do sistema, pela cumplicidade e garantia de controlo que acarreta por parte de quem os conhece, é uma necessidade para quem quer ascender na hierarquia. Finda esta primeira temporada, fiquei a pensar quanto daquilo também espelha a forma como se ascende ao poder em Portugal.
A série foi usada por Marco António Costa para exemplificar o que se passa no PS, mas perante o que se passa no BES e na Liga Portuguesa de Futebol, a disputa no PS parece não passar de uma brincadeira de crianças. As lutas pelo poder fedem, mas há umas que fedem mais do que as outras.
Nesta coisa do observador ou do mediador, a única coisa que me preocupa é que a figura em causa tenha os olhos postos no anel do poder. Tirando isso, podem vir Justinos, Penedas e quem mais o presidente quiser chamar, desde que no poder só esteja aquele que se sujeitou a eleições, por mim tudo bem. O Presidente deve limitar-se à função de árbitro do sistema, não caindo na tentação de pretender governar, ainda que por interposta pessoa. As coisas já estão más como estão.
Ai não que não criam. Em boa parte, servem para criar empregos para os próprios e amigos, numa procura constante de fragilizar quem lhes bloqueia o caminho. Se antes da crise já assim era, então agora com a crise não é difícil imaginar o que uma pessoa no poder poderá fazer pela carreira dos que têm os cartões e as relações certas.
Não é Mordor, é Paris. Não é Barad-dûr, é Eiffel. Não é Sauron, é Sócrates. Não é Saruman, é Silva Pereira. Não é Gollum, é Galamba. Não é orc, é Lello. E o olho nunca deixa de procurar pelo anel do poder.
Dois líderes parlamentares maçons, no PS e PSD, dirigem 182 deputados. De maçonaria percebo pouco, mas também por isso a minha inquietação: qual o sentido de ter tanta gente com responsabilidades políticas envolvida em organizações relativamente obscuras e não escrutináveis pelo cidadão comum? Há qualquer coisa aqui que me escapa.