Da violência
Dirigentes e adeptos do Vitória de Guimarães sugerem que a cidade é deles e ai do benfiquista que se atreva a festejar por lá. «Eles que festejem no marquês», atiraram, como se o Benfica fosse um mero clube com implementação lisboeta ou, mais importante, a cidade de Guimarães fosse propriedade do clube da cidade. Pouca indignação isto provocou, mas estava visto no que este incentivo à violência ia dar, até pelo historial de agressividade dos adeptos do Vitória (vejam o vídeo, vejam: uma violência que foi até certo ponto desculpabilizada pelo presidente do clube vimaranense). Bastava isto, não mais do que isto, para nenhum filho meu ir a tal jogo (é assim que um pai responsável se comportaria). No seguimento disto, adeptos do Benfica, provavelmente associados às claques que estão recheadas de "macacos" (sem que os clubes decidam bani-las dos seus recintos - recorde-se esta outra história onde o presidente do Benfica reagiu tarde e a más horas e só depois de forçado a isso), aparecem durante o dia do jogo, sem bilhete, só para provocar arruaça, forçando a entrada em cena da polícia de intervenção (um dia, experimentem ir a um jogo "quente" incluídos numa claque: no meu caso, só o fiz uma vez e jurei que nunca mais, mas que dá uma nova perspectiva sobre o quão difícil é o trabalho da polícia em controlar esta gente selvagem, dá). O clima de guerrilha e violência estava instalado. Só estranhou quem quis. Neste contexto, um polícia decide agredir um pai acompanhado por dois filhos e o avô (também ele agredido), sem aparente motivo forte que o justificasse - sendo que a justificação de que foi cuspido pode não passar de uma invenção -, confirmando a tese de que entre a polícia também não faltam "macacos" que gostam de violência e só esperam uma oportunidade para reagir. Registe-se igualmente que os adeptos do Benfica deixaram as instalações do Vitória completamente destruídas. No marquês, mais arruaceiros bêbados - juntar dezenas de milhares de adeptos de um clube de futebol, sabendo o tipo de gente que é atraída para estas coisas, num espaço público, sem qualquer possibilidade de controlo e vistoria do que essas pessoas trazem consigo, ao contrário do que acontece num recinto desportivo, talvez não seja a melhor ideia, digo eu - decidem passar dos festejos para a violência e, no que também me pareceu uma intervenção exagerada do corpo de intervenção que ampliou aquilo com que supostamente pretendia terminar, acaba tudo com pedras e garrafas a voar contra a polícia e esta também a agredir alguns cidadãos sem a mínima justificação aparente (quando decidem intervir, manifestamente, há polícias que são brutos e decidem levar tudo e todos à sua frente). No novo mundo da tecnologia e da internet, centenas de vídeos por tudo quanto é lado a retratar esta situação. A CMTV delira: teve uma grande noite. No fim, indignação a sério, essa, só com o polícia que agrediu o pai (e o avô) com os filhos a assistir. Por mim, esse polícia provavelmente merece ser expulso. Mas essa cena é apenas a árvore, convém olhar para a floresta. E na floresta, não é a polícia, muito menos um único polícia, o principal problema.