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Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Mr. Brown

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Um clube diferente de todos os outros

Tem um presidente que, em discurso de inspiração chávista, usa frases como «defenderei sempre o Sporting. Mas se não me protegerem, eles dão cabo de mim» ou «há deputados que só se preocupam com o Sporting. E que tenham cuidado, porque estão a arranjar 3M de inimigos». Quem não está com o Bruninho não está a defender o clube; o clube deixou de ter adversários, passou a ter inimigos. Populismo 101. Um presidente que assume a cruzada contra a Doyen e os fundos abutres, mas depois recorre ao Caála do senhor Mosquito (desculpa-se dizendo que outros fazem o mesmo, mas o ponto nunca foi esse). Um clube apanhado numa teia de mentiras - o que faz com que qualquer informação prestada pelo clube passe a ter credibilidade zero -, entre as quais destaca-se a forma vergonhosa como tratou um ex-treinador, atirando para a comunicação social informações e acusações falsas contra o mesmo (e nem nos lembremos do papel triste que reservou a José Eduardo no ataque feito ao então treinador do clube ainda a época ia a meio). Um clube que falha contratações em cadeia quando tudo parecia estar fechado, chegando ao ponto de anunciar surpresas que viram lapso e perdendo um jogador para o rival quando até estava disposto e tinha capacidade para pagar mais do que o jogador acabou custando. Mais, cereja em cima do bolo, um presidente que acusou outros de gestão danosa e tirou-lhes o cartão de sócio, arrisca agora perder sem receber um tostão - estes comunicados são deliciosos - um jogador que em circunstâncias normais traria elevado retorno ao clube. E tem ainda o caso Doyen, que se já era uma bomba à espera de explodir, com a ausência do clube da champions ameaça atirar o barco ao fundo, dai que já comece a preparar o discurso populista para apresentar aos crentes (numa parte do discurso que merece ser reproduzida na íntegra porque, pelo elevado grau de irresponsabilidade com que se aborda o assunto, fosse eu adepto do clube e estaria preocupado): O Sporting tem toda a razão no caso Doyen. Não temos dúvidas daquilo que colocámos, mas não fazemos a mínima ideia do que vai ser a decisão. Sabemos que há muitos inocentes dentro de prisões e culpados fora delas. Se houver justiça ganhamos, se não houver podemos perder ou pouco ou tudo. A SAD recorrerá para os tribunais. Se perdermos de um lado, temos a certeza de que ganharemos do outro. Fomos a primeira direção das últimas décadas que não teve medo de tirar à SAD para dar ao clube. E se perdermos? Março de 2017, pavilhão João Rocha. Não gastámos ou deitámos fora. Vamos outra vez ganhar o nosso espaço. Se perdermos, na SAD arranjaremos solução, mas ao clube já ninguém tirará um património. Portanto esses facebooks escusam de esfregar as mãos se perdermos com a Doyen, porque aquele pavilhão, que não ia sair do buraco, está pago! Perguntam logo "pago como?". Com dinheiro. Pegámos em dinheiro e pagámos. Querem saber com que caneta foi... Foi por transferência bancária. Está pago, março de 2017. Ainda nem há decisão tomada e já ameaça com recurso a outro tribunal, fazendo aparecer dinheiro por milagre. Fuga em frente evidente. Onde é que já ouvi este discurso? Mas há mais: o presidente que, em 2013, deixou sair cá para fora a notícia de que tinha abdicado do seu salário de 5 mil euros, agora aumentou-o para 10 mil euros mensais. Tudo justificado pelo próprio: «o Sporting acha que pode ter no clube pessoas não remuneradas, que deve ser tudo amor e carinho. Se quiserem melhorar o Sporting, não peçam às pessoas para virem trabalhar de borla». Maravilhoso. Isto é tudo maravilhoso.

Democracia, dizem eles

À moda venezuelana: referendo convocado para ser realizado daqui a oito dias, sem qualquer tempo para que se estabeleça uma campanha organizada que permita uma discusão séria e aprofundada sobre a importância do que está em jogo, incentivando o voto a quente, e sem qualquer garantia de que lhes darão as condições para levar adiante o que pretendem referendar (sim, porque anunciam um referendo que depende novamente da vontade de outros, nomeadamente de que os restantes membros da zona Euro lhes permitam uma mini-extensão do resgate e que mantenham as propostas negociadas atá aqui em cima da mesa). Enfim, depois de chegarem ao poder e concluirem a primeira negociação com a zona Euro, estes gajos do Syriza tiveram quatro meses para fazer um referendo em condições minimamente aceitáveis. Não o fizeram. Não me parece difícil adivinhar o que lhes vai na cabeça. É democracia, sim, da pior espécie. E volto a insistir: não é possível partilhar uma moeda única com gajos que se comportam desta maneira.

Pode dar bronca

Acredito que no dia das eleições os números não serão estes, mas não deixa de ser preocupante que o partido que vai à frente nas sondagens em Espanha seja um que apresenta propostas deste género. Como se não bastasse o Syriza na Grécia, agora paira a nuvem negra do Podemos em Espanha. Independentemente do que venha a acontecer, garantido é que não existe conciliação possível entre diferentes tendências na UE se políticos da escola Chávez começarem a tomar o poder nos países do sul.

Marinho e Pinto

Foi pena não ter sido feita uma destas para o amigo Sócrates, material não faltaria. Mas aproveitando o texto no DN, de crítica a Marinho e Pinto muito comum nos tempos que correm pela corte lisboeta, recordo-me de outros tempos em que assim não era. Claro que o facto de se ter metido na política-partidária ajuda a explicar o motivo pelo qual o ex-bastonário é agora mais criticado, mas não é só isso: a atitude para com Marinho mudou imediatamente por parte de certos sectores no dia em que este decidiu opor-se publicamente à adopção por casais do mesmo sexo. Isso - e apenas isso - tornou-o imediamente persona non grata entre muitos dos que anteriormente eram mais tolerantes quando confrontados com as suas traquinices. É que sou do tempo em que a jornalista Manuela Moura Guedes, confrontando precisamente Marinho e Pinto com uma das inúmeras contradições que o seu discurso populista já então encerrava, recebeu resposta deste último em termos totalmente inaceitáveis, termos esses que visavam precisamente fugir a ter de dar uma resposta à contradição indicada. Se não me falha a memória, julgo não estar a ser injusto, muitos dos que agora o criticam, ou estiveram calados nessa altura, ou até elogiaram a sua performance. Mais honestidade. Menos hipocrisia.

Sigílo bancário

Ainda no post que antecede este, por uma questão de transparência, sinalizei que veria com bons olhos que os (candidatos a) primeiros-ministros revelassem as declarações de impostos dos anos que precedem a candidatura, à semelhança do que acontece nos Estados Unidos da América, mas este pedido de levantamento, por parte de António José Seguro, do sígilo bancário do PM é ridículo e perigoso. Há certos limites que não deviam ser ultrapassados em política. Seguro, que aparenta andar particularmente afectado pelo disputa com Costa nesta fase final das primárias, ultrapassou-os largamente. Com alegria nos livraremos deste tipo, pelo menos por uns tempos, em breve.

Salário do PR e dos gestores públicos

1. Mentes brilhantes lembraram-se de apresentar uma proposta que visa limitar o salário dos gestores públicos ao do Presidente da República. Medida popular, certamente. Mas insatisfeitos com a fasquia do salário do nosso Presidente da República e procurando demonstrar o quanto têm a razão do seu lado, foram ainda mais longe e traçaram comparações entre os salários dos nossos gestores públicos e o salário de Barack Obama, Angela Merkel ou Nicolas Sarkozy. Óptimo. Mas esqueceram-se, naturalmente, de comparar o salário do presidente Obama com o salário dos gestores públicos norte-americanos. Esqueceram-se, naturalmente, de comparar o salário do presidente Sarkozy com o salário dos gestores públicos franceses. Esqueceram-se, naturalmente, de comparar o salário da chanceler Merkel com o salário dos gestores públicos alemães. Esqueceram-se, mas não se deviam ter esquecido, pois a comparação não seria favorável à tese populista que defendem.

2. Os salários dos gestores públicos não constituem um problema em Portugal. A incompetência dos gestores públicos, a maior parte deles com lugar assegurado por via do cartão partidário, esse sim é o verdadeiro problema, associado ao elevado peso que o sector (público) tem na economia nacional. E baixar o salário dos gestores públicos não resolveria o problema, pelo contrário, iria agravá-lo.

3. E, como consideração marginal, convém ponderar se o salário do Presidente da República não é diminuto? A minha opinião é que talvez não seja, até porque não é pelo salário que faltarão candidatos competentes ao cargo, mas também ninguém pode ignorar que a função do Presidente da República, contrariamente à função de um gestor, não é particularmente atractiva pelo rendimento auferido. Há, entre outros factores, muito prestigio envolvido. E só o prestígio já tem um valor considerável. Não entremos, portanto, na demagogia e no populismo que isso não nos leva a lado nenhum, embora possa dar votos a uns quantos partidos.

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