We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
A propósito do post anterior, recorde-se que essa opção estratégica, tal como a da TSU, é mais uma que sempre teve muito maior adesão à direita e no PSD do que à esquerda e no PS. Depois de interiorizar tudo o que o "cenário macroeconómico" do PS propõe - continuando a achar que há ali uma grande dose de ficção nos resultados esperados e duvidando fortemente da exequibilidade de todas as medidas de uma vez só -, não posso deixar de considerar, como avaliação final, que a coisa é muito melhor do que eu próprio interpretei à primeira. Alguns números podem estar martelados, mas parte do caminho a seguir é mesmo aquele. Agora, é só avançar para um bloco central, de forma a levar o PSD nas negociações a impedir a baixa do IVA da restauração, tentar uma reposição dos salários dos funcionários públicos menos acentuada e impedir um socialista de tomar conta do ministério da justiça, e pode ser que o futuro seja bem melhor do que aqui há uns tempos pensei que ia ser. Sempre há esperança.
O "cenário macroeconómico" do PS promete elevado crescimento; desemprego em forte queda; aumento significativo do rendimento disponível; aumento brutal do investimento; redução da carga fiscal; manutenção do saldo positivo nas contas externas; redução significativa do peso do Estado na economia; uma dinâmica da dívida absolutamente sustentável; e tudo e tudo e tudo. Tirando uma diminuição forte, significativa e indesejável da taxa de poupança (baixa de 9,6% neste ano para 6,9% em 2019: o PS não nos quer a poupar, quer-nos a gastar), tudo o resto é perfeito. Qualquer pessoa que com seriedade acredite nisto, devia votar no PS. Eu votava. Se acreditasse. Ou, melhor pensando, talvez votasse sem pestanejar no PSD ou no CDS. Um tal cenário só é possível prever em 2015 por alguém que assuma no modelo que utiliza a premissa de que a economia sofreu uma profunda transformação estrutural nos últimos quatro anos. Com isso, os peritos do PS fizeram o maior elogio possível à governação actual. No paleio político, dizem que vão seguir um caminho diferente, mas, tecnicamente, se o cenário é para levar a sério, estão a dizer antes e primeiro que tudo que vão aproveitar o bom caminho percorrido. E isto é tão evidente para quem tenha noções básicas de economia que, se fosse socialista, estaria na linha da frente da contestação ao cenário traçado. Aliás, sou de um tempo em que à esquerda dizia-se que sem reestruturação da dívida ou com o espartilho do Tratado Orçamental não iamos a lado algum. Não acreditavam no que diziam? O quê que aconteceu entretanto?
Aos italianos, que não tiveram de passar nem sequer por metade das dificuldades dos restantes países periféricos, tinha-lhes feito bem levarem com uma troika em cima.
A nova palavra de ordem agora é que são necessárias mais e verdadeiras reformas estruturais. Óptimo: concordo. Mas não se esqueçam que tais reformas passam essencialmente pelo tal «choque liberal» a que Luís Amado fez referência há não muito tempo. Por exemplo, alterações que permitam maior flexibilização do mercado de trabalho. Todos queriam cortes na despesa, os cortes na despesa chegaram e as críticas choveram. Todos querem reformas estruturais, as reformas estruturais chegarão e as críticas choverão. Certo é que aquilo a que muitos foram habituados, de que quando existiam problemas atirava-se dinheiro para cima deles, acabou. Não há dinheiro e não há milagres.