We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
No dia em que os taxistas comportaram-se como gorilas - alguém poderá dizer que estou a confundir a árvore com a floresta, mas tal só pensará quem tem pouca experiência a andar de táxi em Lisboa (ou há alguém que o faça e que tenha ideia dos taxistas enquanto exemplos de pessoas com boa educação, calma e cordialidade?) -, a Uber aproveita a publicidade positiva e alcança a liderança na loja da Apple. Será de estranhar tal fenómeno? Até nisto a ANTRAL demonstra o quanto as suas práticas são retrógadas e não tem noção, nem nunca se enquadrará, no mundo das novas tecnologias e do pensamento a ela associado. O progresso e a modernidade até podem ser reprimidos por uns tempos, tentativa de repressão em que sempre podemos contar em apanhar o PCP na linha da frente, mas mais cedo ou mais tarde o futuro acabará por se impor. Na guerra entre as preferências/interesses dos consumidores e as preferências/interesses dos prestadores de serviços, o Estado deve sempre defender os primeiros. Não interessa nada que os taxistas estejam insatisfeitos com a Uber; interessa, isso sim, é perceber se o consumidor fica a perder com a nova situação. Alguém será capaz de argumentar que fica? É perguntar a opinião a quem usa ambos os serviços.
Mais ou menos surpreendente. Carlos Costa cometeu alguns erros na gestão do caso BES, mas não só não foram da magnitude que alguns querem dar a entender, como numa coisa tiro-lhe o chapéu: em muitas das decisões que tomou, tem-se posicionado contra grupos de interesses poderosos, também por isso boa parte das críticas virulentas que lhe fazem. Agora, já de saída, espeta mais outra farpa à banca. Os banqueiros nacionais já não o podem ver.
Se ontem elogiei uma deputada do BE, hoje digo que este tipo de intervenção da «porta-voz» do partido é, no mínimo, tonta. A venda do BPN, enquanto «caso político», é um nada absoluto. O caso político está a montante, mas claro que isso tem o defeito de não permitir atacar este Governo o que é uma chatice para a oposição. Mas há mais que importa dizer sobre o caso BPN: neste, o PS defendeu fortemente o governador do Banco de Portugal da altura. Compare-se essa defesa com a acusação insistente que faz agora do trabalho do actual governador no caso BES. Sim, bem sei, o PSD também terá invertido o seu lugar: mas, note-se, será que as falhas de regulação foram tão graves num caso como no outro? Serão mesmo comparáveis? Qual a dimensão do BPN em comparação com o BES? E o buraco de ambos, como é que comparam entre si? Tivesse o BES caído num buraco tão grande quanto o BPN e tivesse o governador do BdP, sem prejuízo de também ter cometido erros, tido uma actuação tão passiva quanto a do seu antecessor e coitados de nós.
Noutros tempos, teria ficado indignado com isto, agora prefiro centrar a minha atenção no choro da malta da TVI e nas considerações que tecem sobre o mercado; a sua regulação; e aquilo para que devia servir a RTP. Como os compreendo, o mercado é para estar reguladinho, que é como quem diz, sem mais concorrência: Patrões da SIC e da TVI unidos contra privatização da RTP.
A solução de Carlos Costa era a melhor possível dadas as circunstâncias? Com coisas destas, deixa rapidamente de o ser. Perceba-se: se o Novo Banco já tem andado a perder activos, com notícias insólitas deste calibre essas perdas só podem intensificar-se. Contudo, não me passa pela cabeça, ainda que com a (pouca) informação disponível, responsabilizar os gestores pela situação, estes apenas terão pretendido ser mais do que meros «verbos de encher» - recorde-se que foram chamados quando a realidade era o BES e não o Novo Banco e, mesmo quando a realidade mudou, teriam legítima pretensão de querer ter no banco papel semelhante ao de Horta Osório no Lloyds e não o papel de meros temporários que se limitarão a dar a cara pela venda apressada do mesmo (venda rápida que defendi e, agora com razões reforçadas, continuo a defender; o que não me impede de perceber a leitura diferente que o gestor do banco quererá fazer) -, mas responsabilizo sim o governador do Banco de Portugal. Se na questão da supervisão já tinha revelado problemas, dos quais, ainda recentemente, quis sacudir a água do capote, atirando as culpas para o vice-governador, agora demonstra problemas graves na forma como lidou com a solução final encontrada (não garantindo à partida que os gestores encarregues de pegar no banco aceitariam um timing rápido para a venda deste). Perante isto, e como em quase tudo, no fim, a competência das pessoas mede-se pelos resultados. E os resultados de Carlos Costa começam a ser maus demais.
Claro que levanta problemas de concorrência. E esses problemas repercutem-se inclusive na disputa entre os diferentes proponentes à aquisição da ES Saúde: um operador que queira ficar com a ES Saúde sabendo que terá concorrência dos Mello no sector não pode valorizar a empresa no mesmo valor que os Mello o podem, sabendo que ficam líderes dominantes incontestados no sector da saúde privada. E é uma história muito nossa esta: a dos açambarcadores nacionais que querem ficar «donos disto tudo». Os reguladores que actuem, pelo menos desta vez, em conformidade com aquilo que lhes é exigido: a defesa intransigente das condições de concorrência efectiva em Portugal.
Outros que vão ver os seus problemas agravados pela intervenção do Banco de Portugal. Ou acham que esta publicidade negativa não terá impacto no Montepio, em contexto de enorme desconfiança de todos os agentes do mercado? E, ainda assim, deve ou não o Banco de Portugal adoptar este tipo de acção? Quão difícil é a gestão entre a confiança nas instituições reguladas que o regulador deve inspirar a todos os que actuam no mercado e a investigação de suspeitas que deva/possa ter sobre essas mesmas instituições? Resumindo: é possível agitar as águas sem levantar ondas? Não me parece.