We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Há poucos dias, explicavam-me que Passos não dar uma entrevista à RTP era não só um facto inédito, como uma pouca vergonha. Agora, que a entrevista está marcada, há quem me explique que é a RTP a contribuir para a propaganda da coligação. Há poucos dias, explicavam-me que Rangel fez umas declarações sobre a justiça e Sócrates que foram autêntico tiro no pé da coligação. Agora, que a RTP vai fazer um programa (P&C) onde esse tema será abordado, explicam-me que é mais propaganda a favor da coligação. Por favor, decidam-se. Ou então vão lá tratar da esquizofrenia.
«RTP deve ser complementar a operadores privados», apressou-se a dizer ao Expresso o futuro presidente da RTP, ex-deputado do PSD. Leia-se: não estamos cá para concorrer. A publicação do Grupo Impresa, portanto, faz o anúncio da nova posição governamental que outrora passou por defender a privatização da estação pública. Agora, numa volta de 180º, o posicionamento adoptado é o seguinte: «tratem-nos bem em ano de eleições que nós também tratamos de cuidar dos vossos interesses». SIC e TVI esfregam as mãos de contentes. Alberto da Ponte é que era mau e a compra da champions foi uma vergonha.
A RTP devia ter sido privatizada. Não o foi porque o lóbi dos restantes operadores privados ganhou a batalha. Assim sendo e mantendo-se a estação propriedade pública, parece-me óbvio que o contribuinte fica melhor defendido com uma empresa que lute pelas audiências com os restantes canais privados. Mais, tenho Alberto Ponte como um gestor competente e imagino várias razões para a RTP pretender ficar com a Champions, produto apetecível num país onde o futebol é o que mais rende nas tvs. E digo mais: com tanta tralha onde a RTP gasta dinheiro, porquê este levantamento nacional e governamental contra a compra da Champions? Será que é porque volta a tocar no lóbi dos outros operadores privados? Só me resta afirmar que o Relvas era melhor do que este Maduro. E se o Governo queria vestir a pele de cordeiro e dar a entender que não interfere na gestão da RTP, então que tivesse ficado calado.
Ainda que o partido do comité central diga que as primárias do Partido Socialista são «uma farsa», tenho para mim que são o caminho a seguir. E o imenso número de cidadãos que, na qualidade de simpatizantes, decidiram participar neste processo eleitoral do PS ajuda a demonstrar isso mesmo. Simpatizantes e militantes que falaram claríssimo: não queriam Seguro e Costa é muito bem-vindo como novo líder do maior partido da oposição. Por fim, brindou-nos a RTP Informação com o momento da noite: enquanto Seguro fazia um discurso de derrota digno e com elevação, Cristina Esteves corta-lhe a palavra para a passar ao comentador José Sócrates. Opção que fica muito mal à RTP. Para Seguro, foi a derradeira humilhação.
Read my lips: «a RTP vai ter o financiamento necessário para cumprir este contrato de concessão». Estes gajos a inventarem forma de nos irem ao bolso são geniais e assim é fácil garantir dinheiro para empresas que são autênticos sorvedouros de dinheiro público. Com o dinheiro dos outros também eu dava garantias destas e servia para ministro. Igualmente garantido é que para o ano o orçamento vai continuar a agravar a carga fiscal imposta a toda a economia. Em parte isso irá dever-se ao imposto da energia para alegrar a malta, mas, por muito que ir na conversa dos lóbis não seja recomendável, garanto-vos que Nuno Ribeiro da Silva da Endessa e outros como ele que actuam no sector irão conseguir repassar, se não a totalidade, parte do custo desse imposto para o consumidor. Mas o que importa ao Governo é aumentar os impostos de forma ligeiramente encapotada. Nesse imposto energético, por exemplo, dizem que vão desenhar a medida de forma a que os consumidores não sejam afectados. Treta. E se há coisa que me deixa mais irritado do que irem-me ao bolso, é irem-me ao bolso e ainda mentirem sobre o assunto. Já na taxa audiovisual, a linha argumentativa será a de que «os portugueses vão pagar menos pelo serviço público de rádio e televisão». Ou seja, como deixa de existir verba do orçamento a ir para a RTP, o contribuinte estará a contribuir mais na taxa do audiovisual, mas menos por essa via, sendo que no somatório das duas contribuições estará a ser dado menos dinheiro à RTP. Será verdade, mas ilude quanto ao essencial, porque como, infelizmente, o Governo não me vai baixar os impostos com que contribuo directamente para o OE, até posso estar a contribuir menos para a RTP, mas estarei no total a contribuir mais para cobrir as despesas totais do Estado e isso é o que mais me importa. Imaginem: pagava 10 para a RTP por via da taxa audiovisual e outros 10 para a RTP por via do orçamento do Estado; agora, passarei a pagar 12 para a RTP por via do audiovisual, mas os 10 que deixo de pagar para a RTP por via do orçamento não me são restituídos, vão servir para pagar outra coisa qualquer. Resumindo, paguei mais 2 do que pagava anteriormente. E é só isto que interessa a esta malta do Governo que me quer atirar areia para os olhos: o contribuinte tem de pagar mais e mais e mais. Cortar na despesa do Estado é que está quieto. Nisto também o novo negociador com a troika, Paulo Portas, assemelha-se muito a Sócrates: óptimo a encapotar. As medidas são apresentadas e desenhadas não de acordo com a sua eficácia, mas sobretudo de acordo com o efeito que produz no eleitorado. E, em Portugal tem sido muito assim, eleitorado feliz é aquele que é enganado. Caso para concluir com um viva ao partido do contribuinte mais Portas e a sua reforma do Estado.