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Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Mr. Brown

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Ideias "roubadas"

Claro que estuda. Ou como o cenário macro do PS assustou os partidos do Governo porque veio "roubar-lhes" parte das ideias que tinham. Uma ideia que há muito os peritos do FMI têm vindo a defender para Portugal: Crítico assumindo do aumento do salário mínimo em Portugal, o Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou esta quarta-feira à carga: a recente decisão foi "prematura" e deverá mesmo prejudicar os trabalhadores menos qualificados. Para o FMI, se o Governo quer elevar os rendimentos de quem menos ganha, deve adoptar um crédito fiscal – o chamado "imposto negativo". Agora, o que seria normal, dada a retória que acompanhou os principais blocos partidários neste período do ajustamento, seria os partidos da maioria virem com o crédito fiscal e o PS com o aumento do salário mínimo, até porque isso era uma marca que distinguia Costa de Seguro e ainda recentemente Costa voltou a insistir no tema. Contudo, contrariando essa pré-sinalização de enorme irresponsabilidade, o PS, até ver, com alguma lata, trocou a volta aos partidos da maioria, se bem que ainda estou convencido que os primeiros a atirarem o «cenário macro de Centeno» para o lixo serão os próprios socialistas. Restará o «cenário macro de Galamba», aquele que parte de projecções irrealistas para prometer o que não terá para dar.

É preciso pôr o homem a amamentar

Aqui há uns dias, a propósito desta notícia, tive uma troca de observações sobre a ideia de forçar os pais a partilharem a licença com as mães fiftiy-fifty, por contraponto à opção que já é possibilitada actualmente pela lei da licença - gozada obrigatoriamente pelas mães, pelo menos até ás seis semanas depois do parto -, ser partilhada em termos semelhantes caso o casal assim o entenda. Como argumentei na altura, esse tipo de proposta passa sempre por tentar trazer o homem para o mundo da condição feminina e, no seguimento dos argumentos que foram sendo produzidos, imaginei que no admirável mundo novo, iremos acabar com o pai a amamentar o bebé. Se há quem não perceba o porquê da mulher ter de gozar de legislação diferenciada em relação ao homem nesta matéria, que mais se pode argumentar? A ânsia pela igualdade é tanta que, se possível, deve ignorar-se a biologia. Lembrei-me desta conversa novamente a propósito desta notícia: Mulheres forçadas a espremer mamas para provar que amamentam. O método escolhido, que segundo vem escrito na notícia «consiste na expressão mamilar, o uso de bomba extractora de leite ou a amamentação da criança sob observação de uma enfermeira, em ambiente recatado e respeitando a privacidade da lactante», não me parece adequado, mas o altíssimo nível de fraudes detectadas é igualmente inaceitável. E a propósito da notícia em causa, que recorda-nos que há mulheres que mais de dois anos após o nascimento do filho continuam a ver o seu horário de trabalho reduzido para amanentarem, lembrei-me da conversa sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres e de como é óbvio que parte destas diferenças têm origem na maternidade. As coisas são o que são.

Diferenças salariais e acesso da mulher ao mercado de trabalho

No ténis, há algum tempo que as mulheres conseguiram que os prémios dos principais grand slams fossem equivalentes aos dos seus colegas masculinos. Esforço igual, prémio igual? Nem por isso, nestes torneios, os homens jogam à melhor de cinco sets enquanto as mulheres ficam-se pelo três. O potencial publicitário do ténis masculino também é superior ao do ténis feminino (ainda que a diferença seja muito menor do que é noutros desportos como no futebol), portanto, também não é por aqui que se explica a justiça de um prémio semelhante. A que se devem os prémios semelhantes? É a política, estúpido (as mulheres no ténis conseguiram tornar os prémios diferentes em publicidade negativa para os torneios e, com isso, passaram a beneficiar de discriminação positiva). Vem isto a propósito de um tema muito recorrente nos dias que correm: o das diferenças salariais entre homens e mulheres. Na verdade, mostram inúmeros estudos sobre o assunto, boa parte das diferenças salariais encontradas não se devem à discriminação negativa por parte dos empregadores das trabalhadoras do sexo feminino, mas antes a outras variáveis como o número de horas trabalhadas ou a experiência (controlando estes factores, a diferença salarial diminui consideravelmente). Porquê? A maternidade, por exemplo, mais do que levar algumas mulheres a ausentarem-se do trabalho por um longo perído de tempo - o que também as penalizará sempre -, muitas das vezes tem impacto no número de horas que a mulher consegue posteriormente dedicar ao trabalho nos anos seguintes (não é que elas sejam menos profissionais do que os homens, passam é a ter, de certa forma, duas profissões, coisa que os colegas masculinos, ainda que também tenham filhos, não sentem de igual modo na pele). É também por aqui que se explica que as mulheres sem filhos consigam obter salários superiores aos das suas colegas femininas que são mães. Alguns dirão que este peso da maternidade não é propriamente uma escolha da mulher e pode ser colmatado se as relações entre homens e mulheres e a forma como é encarada a paternidade mudarem? Faz sentido e é legítimo pensar assim, mas também faz sentido e é igualmente legítimo pensar que, até por factores biológicos, a "profissão" de mãe deve e pode ser diferente da "profissão" de pai e não faz particular sentido colocá-las num plano igualitário (pano para mangas, bem sei, mas permitam-me avançar em frente). Nesse sentido, as diferenças salariais terão sempre tendência a manifestar-se (e depois ainda podíamos ir à questão das diferentes opções de carreira profissional pelas quais as mulheres revelam preferência em comparação com os homens e como parte dessas carreiras profissionais implicam menores salários, etc... e teríamos de nos perguntar o porquê de ser assim e já estão a ver onde é que esta conversa ia parar, mais um tópico para passar à frente).

Outro aspecto relacionado com este debate é que é hoje globalmente aceite entre os economistas que uma maior participação da mulher no mercado de trabalho seria benéfica para a promoção do crescimento económico (há não muitos dias, lia na Economist que logo a seguir a uma maior abertura do comércio, este aumento da participação da mulher no mercado de trabalho seria o principal catalisador para um maior crescimento económico, segundo um conjunto significativo de economistas entrevistados). E o FMI, liderado por uma mulher, Christine Lagarde, tem-se esforçado por passar essa ideia, ao mesmo tempo que tenta ajudar os vários governos nacionais a implementá-la. Mas como concliar isso com esta ideia do "peso" que a maternidade pode representar para a mulher e a também muito na moda promoção da natalidade? Está visto que temos caso bicudo. E daqui, deste debate, têm resultado várias iniciativas governamentais que visam discriminar positivamente as mulheres (particularmente, a favorita nos dias que correm, é a das quotas para cargos de topo nas empresas). No Japão, então, um país por natureza muito patriarcal, o Governo está a ir ao ponto de forçar jornadas de trabalho menos longas para os trabalhadores japoneses (em certos casos, contra a vontade manifesta destes), uma vez que estas, pelos motivos acima citados, são particularmente desfavoráveis para a inserção da mulher, que também quer ser mãe, no mercado de trabalho. Certo é que há um processo em marcha, de natureza global, para elevar a mulher a um estatuto que até agora não tem tido - nuns casos com iniciativas que considero muito bem-vindas, noutras que passam por maior intervenção governamental com iniciativas em relação ás quais me oponho -, que acabarão por transformar a sociedade em que vivemos. E, enfim, apesar de discordar da forma como algumas destas mudanças estão a ser implementadas - que passam por usar o poder coercivo do Estado para acelerar processos que de qualquer forma já estão em marcha (mas que por serem forçados coercivamente podem resultar numa situação anti-natural e desequilibrada) -, acredito que no fim a tendência é para acabarmos com uma sociedade melhor do que a que temos hoje. Assim seja.

Dos desequilíbrios ainda presentes

Alemanha com maior excedente comercial de sempre em 2014. Ou como o Euro está super desvalorizado para aquilo que seria ideal para uma economia como a alemã. E, embora não concorde em boa parte com certos argumentos lá expostos, recomendo a leitura deste texto de Vítor Bento. O problema excedentários vs deficitários mantém-se bem presente na zona Euro (um problema que passa pelas profundas diferenças nos níveis de competitividade entre os países que compõem a zona Euro). De certa forma, o debate a que Vítor Bento faz referência passa pela velha questão: os salários praticados nos diferentes países da zona euro estão desajustados, quem deve corrigir? Os periféricos, baixando-os, ou os países do norte, subindo-os? Sem que os países do norte assumam parte significativa dos custos do ajustamento, parece-me claro que o esforço do ajustamento nos países do sul será políticamente inviável. Até porque o ajustamento está longe de estar concluído.

We need a hero

Economistas neoliberais, que nunca leram, nem compreendem, Keynes, insistem nesta narrativa: «southern Europe still needs substantial amounts of “internal devaluation” — that is, still needs to reduce costs and prices relative to Germany». Treta. O que o país precisa é de um «choque salarial» com subida ainda mais acentuada do SMN. Isso, mais o «relançamento do setor da construção» e temos a casa arrumada. Força Costa! És o nosso herói.

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