We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Perante uma recusa grega em aceitar outro tipo de solução mais profunda e confiável para o seu problema - até porque o eleitorado grego já deixou claro até onde está disposto a ir -, a decisão de não deixar aos gregos melhor opção do que a de abandonar a zona Euro é uma decisão ao nível da de Thatcher de não meter o Reino Unido na União Monetária. É impossível tomá-la sem levantar ondas de choque e é preciso enorme coragem para levá-la adiante. E tem racional semelhante a justificá-la: a Alemanha sabe que se for ela a ceder no essencial, abre a porta à perda de controlo sobre o que fazer ao dinheiro dos contribuintes alemães, estando portanto a abdicar em larga medida da sua soberania. Entenda-se: o que se decide por estes dias em Bruxelas tem implicações muito mais vastas do que o mero caso grego. Perante isto, a questão que importa colocar neste momento é: Merkel, a pessoa com maior poder de decisão e definição na zona Euro, tem os "tomates" para levar tal coisa adiante? Não sei, mas quanto ao lugar na História, ao contrário dos fantasmas com que outros acenam, tenho para mim que ficaria a ganhar se os tivesse. Tal como Thatcher ficou. Oxi oxi oxi.
Longe vai o tempo em que Guterres gritava que Portugal não era uma «República das Bananas» a propósito da operação Champalimaud/Santander no final do século passado. Quem se recorda do barulho que se fez então e olha para o que aconteceu depois disso, não pode deixar de notar como eram curtos de vista os políticos de então e não tinham uma visão estratégica coerente e de longo prazo para o país. Pela forma como agiram, ou sabiam, mas por interesses imediatistas não quiseram saber, ou eram completamente ignorantes em relação ao que a globalização e a nossa presença no Euro e na União Europeia nos ia trazer. Muita dessa visão limitada era fruto de serem permeáveis a interesses de proximidade: basta recordar que a maior parte dos banqueiros nacionais opunha-se ao negócio (sempre o velho vício de querer evitar a concorrência de fora). Com a PT aconteceu algo semelhante aquando da OPA da Sonae. Não se podia tocar nessa vaca sagrada nacional onde a promiscuidade entre política e negócios sempre esteve em alta, ainda que fosse um grupo português a pretender ficar com ela (com a Sonae a comandar a PT, os Rui Pedro Soares desta vida dificilmente teriam assento na sala de administração da empresa). Mais tarde, novamente na PT, o caso do negócio da Vivo foi outra vergonha: Sócrates deixou que a Telefónica levasse a Vivo, mas só depois de garantir junto do Governo de Lula que a PT continuaria a ter presença no Brasil através da Oi. Perante o que hoje acontece ao campeão nacional - o que em muito se deve também e obviamente à gestão desastrosa da ex-dupla maravilha, sempre alinhada com a visão estratégica dos governos socráticos (e do BES) para a empresa, Bava/Granadeiro -, não posso deixar de esboçar um sorriso. Mas, perante tudo isto, já era tempo de termos aprendido alguma lição, não? Talvez, mas tenha existido aprendizagem ou não, a verdade é que o poder político, felizmente, tem cada vez menos empresas com que se entreter a promover a sua grande visão centralista estratégica para o país. Ainda assim, para as que tem, contínua em certos sectores a predominar um certo pensamento da treta político-estratégico: o presidente da Câmara Municipal de Lisboa defendeu que a TAP não deve ser privatizada mas integrada numa grande companhia latino-americana. Quando também isso corresse de forma diferente da esperada, nenhum banana viria dar a cara pelas tretas que defendeu. Mas basta ter memória para saber isto: podemos nunca ter sido uma «República das Bananas», mas uma República que tem sido dominada por bananas temos sido certamente.
Absolutamente certeiro Gabril Silva sobre o golpe institucional que significou uma revisão não-oficial do Tratado. O mesmo Tratado que passou sem referendo na altura porque nos foi garantido que nada disto estava em causa. Mas perante o poder destes pequenos badamecos que, com dissimulação e trapaça, governam a UE à revelia do povo, o que pode um mero eleitor e cidadão português fazer? Pouco. Da minha parte, faço o que posso, responsabilizando quem posso responsabilizar: o nosso actual Governo e todos os que dão cobertura a esta forma obscura de caminhar para o inevitável "federalismo". Partidos que não me respeitam, não querem saber o que penso, que actuam atrás das minhas costas, não merecem e não terão o meu voto.
Portugal elegerá 2,8% dos deputados do Parlamento Europeu (PE). É este o resultado prático do voto dos portugueses no próximo fim de semana. Talvez por isso a tão grande ausência de debate sobre a Europa na campanha: bem sabem os potenciais eurodeputados que, como se já não bastasse o âmbito ainda assim reduzido de poderes do PE, vão para Bruxelas/Estrasburgo para terem pouca ou nenhuma capacidade de influência sobre o destino da União. É bem mais eficiente fazer das eleições europeias uma manifestação simbólica de avaliação à governação actual ou passada (e o eleitorado levará sempre isso muito mais a sério). Dito isto, não há ninguém que possa fazer da soberania nacional um ponto central do seu posicionamento político, bem como da nossa capacidade para decidirmos sobre o nosso futuro, que possa querer ver os poderes do PE reforçados no âmbito de uma maior integração europeia. Temos, aliás, muito maior peso representativo e capacidade de influência no âmbito do Conselho Europeu ou do Banco Central Europeu do que no PE. Também por isso, as eleições europeias dizem-me pouco. Teria-me dito muito mais um referendo ao Tratado de Lisboa, tal como o Governo eleito de então tinha prometido no seu programa eleitoral. Mas permitir um verdadeiro debate sobre a Europa com potencial de intervenção prática directa no rumo que esta leva nas nossas vidas, é coisa que nunca agradou à elite política. À nossa e à de outros países.
O eixo franco-alemão prepara-se para dar mais um passo em frente na construção europeia e na desconstrução da soberania de cada Estado-membro. Os franceses querem o Governo comum, os alemães preocupam-se em definir desde logo a política que o Governo comum, a existir, pode traçar. Os franceses são parolos e os alemães sabem-na toda. É a repetição da história da moeda única, agora num patamar superior. Os franceses quiseram a moeda única; os alemães primeiro mostraram-se difíceis, mas depois fizeram-na à imagem e semelhança do seu Deutsche Mark. A história irá repetir-se e neste xadrez, nós, portugueses, não passamos de peões.
É bom lembrar o custo da "ajuda" à Grécia: «Uma das consequências do que se está a passar com a Grécia é que a Grécia se tornou um protetorado europeu». A Europa não tem dado benefícios à Grécia, mas meros balões de oxigénio a um país sem qualquer outra saída que perdeu autonomia. E é isso que o ministro das finanças alemão, mas também o ministro das finanças do governo do senhor Hollande, vieram recordar hoje: quando Portugal estiver em situação «chocante» igual à da Grécia, entalado e sem saída, pois que procuremos os "benefícios" da Europa, entretanto, não pensemos muito nisso que nem nos faz bem.
No PCP ouviram o discurso de António Costa e fizeram a sua proposta patriótica. A minha pátria é a Europa, responde o outro. Coligação do PS com o PCP? É mais aquilo que os separa do que o que os une.
Há quem confuda soberania com a possibilidade de gastar o que se quer, onde se quer, como se os recursos fossem ilimitados. Não são. O tão badalado regresso aos mercados, que nos livraria da necessidade de recorrer ao financiamento da troika, ao contrário do que alguns sugerem, não tem como finalidade possibilitar que nos continuemos a endividar alegremente. Os mercados nunca aceitarão financiar-nos nesses termos. Esse regresso serviria sobretudo para rolarmos a dívida, ou seja, substituir títulos de dívida vencida por títulos de dívida a vencer no futuro, sem que se alterem substancialmente os juros a pagar. De forma muito simples: assumo nova dívida de x a pagar no futuro para pagar dívida de x que venceu hoje. Nesse sentido, tinha razão o outro quando dizia que a dívida é para gerir. Mas percebendo isto, percebe-se que o tão badalado regresso aos mercados não nos trará renovada capacidade para gastar o que não temos e manterá-nos, dado o actual nível da dívida, sobre um garrote tão apertado quanto o da troika. É por isso, com naturalidade, que esse fim nunca foi propriamente muito acarinhado pelos socialistas.