We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Ainda que possa dar-se o caso da vida acabar por correr-lhe bem esta temporada, o que não desejo, estou inclinado a suspeitar que Jorge Jesus está próximo de descobrir o quanto a «estrutura» conta. Num caso que, muito provavelmente, devia ter tido tratamento semelhante a este. Bruno de Carvalho, por outro lado, tal a forma atabalhoada como tem gerido o dossier Carrillo, ainda arrisca, pela bitola instituída pela próprio, a perder o cartão de sócio. Entretanto, humilhado em casa num jogo da Liga Europa, depois de ter sido afastado do torneio dos milhões, Jesus nem se lembrou de recorrer à famosa tirada «um jogo com nível de champions», mas voltou à lengalenga do «campeonato é o nosso objectivo», a qual usa pelo segundo ano consecutivo, o que demonstra não só disco gasto, mas também mentalidade medíocre (tanto mais incompreensível quando estamos perante um treinador que nas últimas três épocas foi por duas vezes à final da Liga Europa: perdeu ambição ou reconhece que essas presença não foram apenas, nem sobretudo, mérito dele?). Enfim, queiram os adeptos do Sporting que isto não comece a correr mal também no campeonato nacional, pois quando e se o presidente da instituição decidir que é tempo de afastar Jesus, não tendo o clube capacidade para pagar-lhe a indemnização face ao salário elevado que usufrui, à luz do modus operandis evidenciado por Bruno de Carvalho em situações diversas, vai ser o bom e o bonito.
Perguntava o Expresso aqui há uns dias. Eu respondo: problemas de comunicação e de liderança. No dia em que no PS acontecia a primeira chicotada psicológica da época, com o abandono de funções do seu director de campanha, no Estádio do Algarve, Jorge Jesus, demonstrando que os "mind games" que antecederam o jogo funcionaram na perfeição, ganhava ao Benfica e resumia o essencial sobre o jogo com a declaração «o Benfica teve medo do Sporting», logo confirmada pelo próprio treinador do Benfica. Se não quer seguir o caminho do Ascenso, alguém avise Rui Vitória, agora simplesmente Rui, que se os jogadores do Benfica tremeram a responsabilidade só pode estar numa pessoa: no homem que os lidera, a quem faltou a arte e o engenho para virar o discurso de Jesus, por via de uma maior motivação dos jogadores encarnados (visivelmente afectados pelas palavras de Jesus, como se viu no final do jogo pela reacção de Jonas), contra o próprio Sporting. Depois do forte ataque verbal que Jesus lhe fez, Vitória esteve fraco na resposta, a que se soma a posterior exibição medíocre em campo e as declarações no final do jogo, que arriscam tornar o técnico do Benfica, com ou sem justiça, num «banana» aos olhos dos seus jogadores, por contraponto ao homem com a personalidade forte que é a do colega do outro lado da segunda circular. Dirão os defensores de Rui Vitória que este não é arrogante enquanto o actual técnico do Sporting o é, não sendo a arrogância uma virtude. Talvez, mas como demonstra igualmente Mourinho - na época passada, até o demonstrou ao próprio Jesus -, no futebol, não é arrogante quem quer, é quem pode. Jesus, pode. Vitória, não podia, mesmo que quisesse.
O Sporting ganhou Nani, o que lhe garante maior poder de fogo nas alas, mas perdeu Rojo, o pilar da sua defesa. E ficou ainda sem Dier que, até por já estar ambientado, parece-me que seria melhor alternativa para o eixo defensivo do que Sarr. Além disso, no ataque, continua sem Montero, tem um Slimani desmotivado (a cenoura é importante: no primeiro ano o jogador dá o seu melhor, se a coisa corre bem, no segundo é normal que o jogador só mantenha a felicidade ou com melhoria salarial substancial - que o Sporting aparentemente não lhe quis dar -, ou com saída para um clube que lhe dê o salário pretendido - o que o Sporting impediu que acontecesse) e um japonês, bem como um francês, que são duas incógnitas. Contratou um escocês que pode não passar de um puto com tão bom marketing quanto o Freddy Adu e um búlgaro que ainda nem vi jogar. No meio campo, o trio do ano passado manteve-se, mas se Adrien continua a ser um jogador bom, mas não de top, André Martins mantém-se um jogador mediano e William Carvalho está uma sombra do que foi no passado. Um espanhol qualquer que andava a jogar pelo campeonato super competitivo que se disputa em terras do Tio Sam veio para ser alternativa a Carvalho, mas este, até por nem calçar muitas vezes, nem do «efeito Montero» de curto-prazo beneficiará e suspeito que pode ir imediatamente para a categoria de flop onde o avançado colombiano já faz figura de corpo presente. A forma como o Sporting actua no mercado demonstra evidentemente - e relativamente a Porto e Benfica - um clube com parcos recursos, que nas compras procura pechinchas em mercados mais periféricos e até nas vendas, de forma a assegurar liquidez de curto-prazo, meteu-se num imbróglio jurídico para assegurar mais dinheiro do que aquele que estaria inicialmente previsto receber. Para piorar as coisas, se o melhor jogador do Sporting é Nani, qualquer fruto da sua valorização no mercado não irá para o clube visto que o jogador só está em Alvalade por empréstimo. E não sei até que ponto o «efeito Nani», que chegou e já é a estrela incontestável da equipa, se repercute de forma negativa nos restantes jogadores do plantel, que estando efectivamente muitos furos abaixo do internacional português, são em boa parte os mesmos que fizeram o brilhante campeonato do ano transacto e devem sentir que esse mérito não lhes está a ser reconhecido (era um efeito previsível - ampliado pela forma como os sportinguistas reagiram à contratação de Nani -, pois a partir do momento em que foi contratado só William podia disputar-lhe a influência, mas se o vai fazer, nestes primeiros jogos, ainda não o demonstrou: o que traz velhos fantasmas do passado de jogadores com potencial que ao não sairem do Sporting logo que tiveram oportunidade acabaram por ficar prejudicados, como Moutinho). Por fim, se este Sporting parece estar pior do que o do ano passado, pior ainda estará se pensarmos que o plantel desta vez vai ser sujeito aos jogos desgastantes, mas muito importantes, da Liga dos Campeões. Marco Silva, sobre quem já recai alguma contestação, não terá vida fácil. Até porque muito depende este Sporting, por ter um plantel mais fraco do que os dos seus opositores, de um treinador competente.
"Rasgar" contratos, tendo por base um discurso absolutamente populista - talvez inspirado na cruzada de Christina Kirchner contra os fundos abutres -, com a Doyen Sports a assumir o papel da Oliverdesportos e parte substancial da massa adepta excitada a aplaudir (veremos por quanto tempo).
Vou acompanhando o que se passa no Sporting com algum interesse, por exemplo aqui, e é notável como sendo para mim claro quais são os principais problemas do clube - que em síntese podiam explicar-se em duas palavras: insustentabilidade financeira - e as prováveis consequências que dai advirão, aqueles que considero os temas mais importantes e decisivos para a vida do Sporting passam praticamente ao lado da actual campanha eleitoral. A ideia com que fico é a de que perante o reconhecimento de que os problemas do clube são graves - muito graves - algumas almas sportinguistas terão chegado à conclusão de que o melhor era não perderem muito tempo a discuti-los aprofundadamente até porque nenhum dos candidatos saberá muito bem aquilo que terá pela frente, não imaginando portanto as decisões difíceis que terá de tomar assim que se apanhar na cadeira do poder. Entenda-se: os próprios sócios não querem pensar muito nos verdadeiros problemas ou ainda entram em depressão. Nesse sentido, o Sporting faz jus ao seu nome: Clube de Portugal. O nosso país é isso mesmo: como um assumido sportinguista tão eloquentemente colocou, passamos a vida a discutir pentelhos e quanto maiores os problemas, mais para os pentelhos nos viramos. Dito isto, há muita coisa em que discordo de Pedro Arroja, mas nesta é difícil não lhe dar razão. E acrescento: ainda assim, mais facilmente percebo o predomínio da emoção sobre a razão quando se trata da vida de um clube de futebol do que quando se fala da governação e está em jogo o futuro do país.
Se a situação do país é trágica, a do Sporting não é diferente. Mas com o mal do Sporting podemos nós muito bem. Por isso mesmo, permitam-me fugir à verdadeira tragédia que se abate sobre todos nós e concentrar-me por um breve momento na tragicomédia limitada ao universo sportinguista: no meio do caos financeiro e desportivo em que está metido o terceiro grande a caminhar para primeiro pequeno, há quem sonhe com a solução mágica na figura do investidor estrangeiro. O que não compreendo, talvez algum sportinguista queira explicar-me, é que investidor será esse que aceitará enterrar muito dinheiro no clube - e parece que este precisa mesmo de muito dinheiro, até há quem não duvide que o actual presidente tenha algum do seu lá enterrado - sem ficar com enormes poderes na gestão do dito? Há algum caso na Europa do futebol que sirva de exemplo? É que os exemplos que conheço daquilo que considero que o Sporting verdadeiramente precisa são estes: Nasser Al-Khelaïfi; Khaldoon Al Mubarak; e Roman Abramovich. Nos clubes destes senhores não há democracia para escolher presidentes, nem conselhos leoninos para aconselhar; há proprietários que mandam a seu belo gosto. E os sportinguistas, estão dispostos a ir por esse caminho? Aliás, pelo estado a que o clube chegou, o melhor é passar à pergunta seguinte: algum Abramovich disposto a comprar o Sporting? Com um bocado de sorte, ainda aparecerá um salvador vindo num charter da China.
Metros de Lisboa e Porto foram as empresas públicas que mais agravaram as perdas no terceiro trimestre de 2011. Mas como uma má notícia nunca vem só, acrescente-se esta: «A adesão à greve dos trabalhadores do metropolitano de Lisboa está a ser de 100% e deverá manter-se assim ao longo desta quinta-feira». Neste rumo, qual a solução para as empresas públicas de transportes, nomeadamente para o metropolitano de Lisboa que encontra-se numa situação de falência técnica? Parece-me que greves nesta altura é brincar com o fogo - e com os muitos portugueses que são utilizadores dos serviços prestados por estas empresas -, mas os sindicatos e o PCP lá sabem o que fazem e que interesses defendem. Enfim, melhor sorte tem o também falido Sporting, há quem lhe encontre uma solução: «única solução do Sporting é ser comprado por um mecenas».
Deixo para os teóricos da bola uma explicação exaustiva sobre o posicionamento defensivo dos jogadores do Sporting no segundo golo do Rangers em Alvalade. Mas quer-me parecer que se a táctica socrática de defesa de Portugal face aos tenebrosos especuladores internacionais pudesse ser transposta para um campo de futebol seria em tudo semelhante à imagem supra apresentada.