We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Se a TAP não for privatizada, quem se opôs à privatização da TAP vai finalmente ficar a saber qual a solução alternativa. Um governo PS, apoiado por BE e PCP, a ter de meter dinheiro público na companhia, com obrigatoriedade de a reestruturar, entenda-se, despedir pessoal, seria o fim da picada. Ou, como gosto de dizer, não fosse o mal que pode fazer o país, essa solução governativa tem tudo para ser um enorme divertimento. O choque com a realidade é sempre tramado.
A propósito da notícia do dia, o que interessa não é a avaliação que o PS faz do interesse público, que segundo o chico-espero Paulo Figueiredo é diferente da do Governo, mas antes se agora o PS também passou a fazer politiquice à pala de providências cautelares. Já basta o quanto o Tribunal Constitucional deu para se meter em questões eminentemente políticas em que não se devia ter metido. E basta ter alguma memória para recordar quantas vezes os governos socialistas recorreram ao mesmo expediente para contornar providências cautelares. Só para dar um exemplo, o ministro Correia de Campos a propósito do fecho de maternidades, se não fosse esta possibilidade da evocação do interesse público em resolução fundamentada ia estar bem tramado. O país já tem obstáculos à mudança suficientes, só faltava que quando um Governo quisesse fazer alguma reforma a sério o processo pudesse ser adiado sabe-se lá por quanto tempo à pala da malta que gosta de brincar às providências cautelares. Felizmente, pelo menos neste campo, o legislador deu a si próprio espaço para deixar os brincalhões a brincar sozinhos e sem possibilidade de causarem danos sérios com a brincadeira.
Não tenho pachorra para o debate emocional que afecta alguns portugueses por estes dias a propósito da privatização da TAP (um debate exacerbado por políticos medíocres e incentivada por estarmos em ano eleitoral). Parte do objectivo do chinfrim é afastar compradores deste processo, mas quero acreditar que alguém se chegará à frente e finalmente o contribuinte português vai deixar de ser o principal responsável por uma empresa que não faz sentido estar na esfera pública, resolvendo-se este problema de vez. Mas, até imaginando que isso não sucede, deixo aqui uma nota para registo futuro: já assisti a esta chinfrineira noutros casos no passado e no fim aquilo que tão irracionalmente alguns procuraram evitar, mais cedo ou mais tarde acabou mesmo por acontecer. É recordar os debates acalorados sobre os bancos que não podiam ficar em mãos estrangeiras ou a PT que não podia ir para o Belmiro. Todos nós sabemos o que a história ditou em relação a esses casos. Também o ditará no caso da TAP. Mais cedo ou mais tarde, o Estado acabará por abdicar do controlo da TAP. É inevitável. E quanto mais cedo, melhor. Podem apontar.
«Conseguimos infligir um dano de 30 milhões de euros na companhia e penso que isso não devia ser desvalorizado pelo Governo». Apesar de ser um palerma, agradeça-se a honestidade. De resto, ainda ontem havia quem desconfiasse do possível valor de prejuízo com uma greve deste género anunciado pela administração da empresa, considerando-o demasiado alto, não percebendo que se a administração da empresa e o Governo têm algum interesse é em camuflar o verdadeiro valor dos prejuízos e não exacerbá-lo. E porquê? Porque se é possível argumentar que um potencial prejuízo elevado deixa os pilotos mal vistos, por outro lado é ainda mais fácil argumentar que complica a privatização.
A Ryanair lucra certamente. Tão certo quanto, pela primeira vez de que me recorde, ter acabado de passar um spot publicitário à companhia irlandesa na RTP em horário de telejornal. Mas, ok, ainda no outro dia ouvi um gajo no Prós & Contras a chamar a TAP de monopólio natural. Esta ideia de que para além da TAP só existe o vazio é das noções mais ridículas que pode existir. Ou a TAP se adapta aos tempos modernos, ou morre. E se há algum tempo, neste país que é Portugal, isso poderia parecer surreal, depois do que aconteceu nos últimos anos, só alguém muito distraído pode manter essa noção desfocada das coisas.
Diz-se, com razão e em forma de crítica, que o actual executivo já deixou de fazer reformas e só pensa nas eleições. Ora bem, levando a sério a conversa de que a privatização da TAP no actual timing não é adequada por se aproximar o final da legislatura, é precisamente validar essa opção tão criticada de que um executivo a a partir de determinado momento deve abdicar de governar e passar a dedicar-se exclusivamente à propaganda eleitoral ou a medidinhas sem significado/impacto. Não é essa a minha visão. E muito menos pode ser essa a minha visão quando a privatização da TAP faz parte de um conjunto de medidas com que o actual executivo está comprometido com o eleitorado que o elegeu. Já basta aquilo que prometeu que ia fazer e não cumpriu.
TAP contra-ataca: voos para os Açores a 82 euros ida e volta. Ou como a concorrência é linda e estou-me a lixar para a TAP, ou qualquer outra companhia aérea, por si só. Eu gosto é de ter muitas empresas por onde escolher e detesto vacas sagradas protegidas pelo Estado.
«Nunca vi o Estado vender uma empresa proibindo despedimentos». Se o «encaixe» expectável da operação já é «pequeno», como diz e bem Pedro Santos Guerreiro no final do vídeo, imaginem quão mais pequeno será com esta proibição. Ou melhor, imaginem quem a paga. Porque o contribuinte é sempre a parte mais fraca. O que vale é que a importância da privatização da TAP nem se prende essencialmente com o possível encaixe a obter. Mas, ainda assim, aborrece-me a forma como o contribuinte até numa operação de privatização consegue ser desconsiderado desta maneira. O contribuinte, afinal, é o nosso grande burro de carga. Viva o contribuinte.