We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Toma lá o dinheiro equivalente a quatro pontos percentuais da TSU e mete-os na banca a render se quiseres. Está iniciado o caminho, colocando as coisas nos termos do PS, para a privatização da Segurança Social (os gritos histéricos que teria de ouvir a propósito desta medida se a mesma viesse da coligação). É temporário? Depois de implementada logo se verá, mas o Cavalo de Troia passou o portão: o PS concorda, seja por que motivo for, que se aumente o grau de liberdade do contribuinte no curto-prazo em relação ao que fazer ao fruto do seu trabalho em troca de uma menor pensão paga pelo Estado no futuro. [Nota: um dos motivos por que gostei de ler o cenário macro do PS foi precisamente este: permite gozar com boa parte das tontices que os próprios socialistas, em jeito de «vem ai o papão mau», vão atirando para o ar].
Afinal, os socialistas não se comprometem com prazos para acabar com a sobretaxa no IRS. E também já não é líquido que baixem a TSU para as empresas. Porque será? Lê-se o que foi apresentado hoje, com o lero-lero que acompanha o PS, pelo menos, desde o tempo do Guterres, e percebe-se que se algum do lero-lero é para acabar na apresentação de medidas concretas, isso vai implicar gastar mais dinheiro na saúde, na educação, etc. De onde virá esse dinheiro? Se o cenário macro do PS já apontava para um défice de 3% em 2016, um objectivo que representa o mínimo dos mínimos, a resposta fica dada. Além disso, se assumirmos, como assumo, que o cenário tal como estava desenhado já era, ainda assim, demasiado optimista, e que as medidas que agora estão a cair são as melhorzinhas do documento, a que lhe davam uma dimensão positiva, de preocupação com o crescimento e de alteração da estrutura económica no caminho desejado, e não apenas uma dimensão despesista, de atirar dinheiro para cima dos problemas, o que se pode concluir? Que o PS aprendeu pouco com o passado. E que, como por aqui escrevi, os socialistas serão os primeiros a destruir o trabalho do Centeno.
Se há conversa tonta é aquela de que o Governo foi além da troika. É bom recordá-la a propósito disto. E aquilo nem é o mais relevante, porque se há coisa que me anima no cenário do PS é, precisamente, a da baixa da TSU para os empregadores. Um Governo que tivesse ido além da troika nunca teria deixado cair o «game changer» como o actual deixou. Mais, ao contrário do que alguma malta quer dar a entender, se há mais alternativas hoje do que no passado é porque há maior margem orçamental e o financiamento está muito mais facilitado - fruto, parcialmente, do trabalho deste governo, tenha-se noção disso - e não porque se comprove que, afinal, havia alternativa ao discurso do «não há alternativa». Mais: o cenário macro do PS revela que parte daquilo que se entende como alternativas mais não são do que variantes de um mesmo caminho que este governo percorreu, tentou percorrer ou está a percorrer. Há questões estruturais da economia portuguesa que têm mesmo de ser resolvidas e o que tem de ser tem muita força. Nesse sentido, onde outros vêem grandes diferenças, eu vejo muitas semelhanças. Aliás, se nos basearmos na retórica que dominou Portugal nos últimos anos, faria mais sentido algumas propostas do cenário macro do PS saírem de alguém com um mindset de direita do que um de esquerda. A diferença é que se essas mesmas medidas tivessem sido apresentadas por um partido de direita, caia o carmo e a trindade. Não o sendo, passam a ser boas e aceitáveis. As medidas são boas ou más não pelo seu valor intrínseco, mas por quem as apresenta. Como por aqui escrevi, tocar na TSU deixou de ser estúpido e a reposição parcial dos salários deixou de ser inconstitucional. Ah!, sobre aumento do salário mínimo o cenário macro do PS nada pressupõe, optando antes pelo crédito fiscal que tal como citado na notícia acima era ideia que a própria troika admitia. É, portanto, por quem se posiciona à direita, possível tecer elogios ao cenário do PS, não se percebe é a continuação da conversa que tenta fazer da troika o monstro mau.
Estou praticamente convencido de que o PSD lembrou-de fazer emergir a TSU porque já sabia aquilo que constava no cenário do PS. Foi, nesse sentido, mero truque de estratégia política: pôs os socialistas e comentadores anti-governo a falar mal de uma coisa que, não fosse isso, dias depois estariam a elogiar efusivamente. Dito isto, o PSD sempre gostou da medida, mas faltou-lhe coragem para avançar em frente com ela. O PS, por outro lado, esforça-se para que a medida, ainda que condicionada para incentivar outro objectivo, não passe por aquilo que também é: promoção da competitividade por via da diminuição dos custos do trabalho. Se a um faltou coragem, ao outro não falta - ou falta, conforme a perspectiva - vergonha. No fim, resta a ironia, ainda vai ficar o PS como o pai do «game changer» que tanto debate tem gerado em Portugal.
Até ontem, a baixa da TSU era estúpida porque, entre outras coisas, provocava um rombo na Segurança Social. Hoje, deixou de o ser. Mais: ridicularizaram o Marco António por ter dito que uma baixa da TSU provocaria aumento do emprego e por essa via aumentaria as contribuições o que compensaria em parte a perda de receita com a medida. O PS faz argumento semelhante para explicar a forma como compensa a perda de receita associada à sua baixa da TSU, mas já não é ridículo.
Os partidos da coligação temem o impacto da sigla maldita. O problema não é ser boa ou má ideia, é o nome «TSU» ter conotação negativa? A mesma TSU que Hollande baixou em França? Faz a baixa do IRC mais sentido? Enfim, da outra vez até deu para compreender a contestação do povo à medida à pala da descida da TSU para as empresas ser compensada por um aumento da TSU paga pelos trabalhadores, mas uma diminuição da TSU paga pelas empresas, por si só, duvido que gere esse tipo de contestação. E duvido por um único motivo: apesar de tudo, tenho a inteligência do eleitorado em melhor conta do que alguns políticos parecem ter. Posso estar enganado e o emocional sobrepor-se ao racional, o que não seria a primeira vez, mas deixem-me acreditar, pelo menos para já, que o eleitorado aprendeu alguma coisa e está menos tonto e manipulável. E recordo, pela enésima vez, que a medida da baixa da TSU foi tema da campanha eleitoral de 2011. Era mesmo uma das propostas chave do programa do PSD. O mesmo PSD que ganhou essas eleições.
Implicações da reforma do IRC: Menos 300 milhões em 2014 e impacto indefinido no emprego e crescimento. Não que esteja contra a reforma, embora fosse dos que preferisse a baixa da TSU porque era mais vocacionada para as exportações do que esta será e suspeito que teria maior efeito positivo no curto-prazo (nota: o PS que diga que sobe o IRC assim que for Governo que qualquer efeito positivo desta reforma estará morto à partida). Mas, até por isso, o que querem? Acho graça à forma como se processam estas coisas. O silêncio perante umas coisas em contraste com a barulheira perante outras, quando essas coisas não são tão diferentes assim. O novo ministro do CDS chegou e no dia seguinte já estava sentado ao lado do Lobo Xavier a apresentar a reforma. Viva a reforma! Viva!