Votem Syriza, pior é possível se concretiza
No final de Junho, antes dos syrizos terem-se lembrado de um referendo feito à pressa e sem uma pergunta que pudesse fazer sentido, discutia-se a conclusão do segundo resgate, agora discute-se um terceiro resgate. São coisas distintas, por isso esta coisa dos gregos prometerem neste momento (por esta altura, quanto vale a promessa de um governante grego?) mais austeridade do que aquela que o seu eleitorado rejeitou em referendo não me aquece, nem arrefece. Mal seria se não o fizesse estando muito mais em jogo. Mais: a estratégia dos syrizos durante estes últimos meses, se há coisa que fez com extraordinário sucesso foi aumentar de forma brutal as necessidades de financiamento da Grécia e de reestruturação da sua dívida (aumentou, portanto, aquilo que terá de ser exigido aos credores caso decidam manter a Grécia na Zona Euro), isso porque diminuiu o potencial de crescimento da economia, piorou a situação no mercado de trabalho, regrediu a consolidação orçamental e rebentou com o sistema financeiro grego (aumentou também, portanto, aquilo que terá de ser exigido ao povo grego para ficar na zona Euro). Os estrategas syrizos, liderados por esse brilhante especialista em teoria dos jogos, o superstar Varoufakis, levaram o país e os credores para uma lose-lose situation (todos ficam a perder). Perante isto, até a particular actuação de Ricardo Salgado no seu último mês no BES passa por positiva. Para terminar, diga-se que ontem o deputado e economista do Syriza, Costas Lapavitsas (um dos nomes que era dado como potencial substituto do Varoufakis), disse que sendo verdade que a Grécia ainda não está preparada para sair do Euro (dai a necessidade do Syriza ceder no imediato), terá de estar no futuro e deve preparar-se para tal, o que serve de óptimo indicador para o que os credores podem/devem esperar em relação a qualquer acordo que venham a assinar, ao mesmo tempo que a presidente da Assembleia da República grega, também ela do Syriza, Zoi Konstantopoulou, fez um discurso inflamado onde dizia que os alemães tinham de responder por crimes contra a humanidade. Reformulando slogan do palhaço Tiririca para os syrizos: votem Syriza, pior é possível se concretiza.